Sempre me habituei a ver o Dragão passar os obstáculos com maior ou menor dificuldade, pelo que de certa forma choca-me a atitude e, sobretudo, a inferioridae manifestada ante Arsenal de Londres e Sporting de Braga.
Demolidor face à grande maioria das equipas da Super Liga, o campeão nacional tomba quando o grau de dificuldade do adversário aumenta.
As 5 vitórias convincentes frente a Setúbal (Super Taça), União de Leiria, Estrela da Amadora, Naval 1º de Maio e Beira-Mar permitem concluir que se trata de uma equipa para consumo interno.
Talvez o principal candidato à conquista do título nacional, o nosso Porto apresenta lacunas irreversíveis a nível europeu, afigurando-se o apuramento para os oitavos de final da Liga dos Campeões uma tarefa hercúlea.

Analisando a equipa sector a sector, começamos por constatar que na Invicta mora o melhor guarda-redes a actuar em Portugal e um dos melhores mundiais.
Na direita da defesa, José Bosingwa é um grande jogador, sendo injusto nunca ter feito parte das escolhas de Scolari.
No miolo e à esquerda da defesa começam as grandes dificuldades dos azuis e brancos.
Cech, apesar de chegar para as exigências internas, é facilmente ultrapassável pelos virtuosos médios direitos da Liga dos Campeões. Ezequias é um jogador ao nível do seu companheiro de sector: não acrescenta nada quando joga, mas também não compromete.
Ao nível dos centrais, Pepe parece sentir-se mais à vontade no esquema de Co Adriaanse (3 defesas), enquanto Bruno Alves e Ricardo Costa não têm pura e simplesmente categoria para jogar no Futebol Clube do Porto. O nº2 é um caso gritante de paragem no tempo. Um azelha do caraças a quem Mourinho um dia preveu um futuro risonho. Urge o regresso do experiente e competente Pedro Emanuel.
João Paulo, o Patrick Vieira de Leiria, poderá igualmente ser um dos 2 centrais a usar por Jesualdo, se bem que o jogador parece render mais quando joga à frente da defesa.
No zona central do meio-campo, Paulo Assunção está longe do fulgor da época passada, perdendo claramente a corrida para Raúl Meireles, que se está a tornar um senhor jogador.
Lucho é igualmente uma sombra do fantástico médio de outrora, mas o argentino tem faro pelo golo, podendo fazer a diferença.

Nas alas, Quaresma é um talento nato que numa jogada de génio é capaz de decidir um jogo. Em Portugal, o "ciganito" (sem ofensa para a raça) é possivelmente o jogador que mais desiquilíbrios pode criar. Estranho o "embirro" de Scolari!!!!
Tarik e Alan são jogadores banais, a quem os adeptos não devem gostar de ver vestidos de azul e branco.
Por sua vez, Anderson e Vieirinha são 2 jovens talentos com uma margem de evolução incrível. 2 diamantes que podem valer títulos e render aos cofres da SAD muitos milhões de Euros. É preciso ter cuidado com estes 2 jogadores e sobretudo saber protegê-los, como Sir Alex Fergusson fez com o nosso Cristiano Ronaldo. Jorginho, o homem do golo em Alvalade, perde influência no meio-campo ofensivo. É mais um caso de um jogador exclusivamente para consumo interno.
Lisandro, que pode jogar na ala esquerda ou como homem mais avançado, é alguém com qualidade, sendo de estranhar o facto de não ser títular indiscutível.

Os pontas-de-lança são, neste momento, a par do defesa-esquerdo e do 2º central, o calcanhar de Aquiles do campeão nacional.
Sokota foi uma provocação ao Benfica que saiu bastante cara.
Bruno Moraes é um excelente jogador, daqueles que fazem a bola parecer mais redonda, mas tal como o Croata tem sido cliente assíduo do departamento médico.
Sobram Adriano e Postiga, 2 jogadores esforçados, mas que não passam disso. Falta a classe para ludibriar a forte oposição da Liga dos Campeões.
Com o regresso de Pedro Emanuel e a aquisição de um ponta-de-lança e um defesa-esquerdo de nível mundial, esta equipa do Porto pode fazer coisas bonitas. E, já agora, o que acham de Jesualdo? Será o timoneiro correcto para guiar a nau azul e branca?