29 novembro, 2006

3 Craques do Passado... e que Craques!

Às vezes, a vida prega-nos partidas. Como diria o meu amigo Mats Jagunço, ela (a vida claro) é como as pilhas Duracel: dura, dura, dura...
Não bastasse o nosso clube seguir com 9 pontos (que na prática podem ser 6) de atraso, somos ainda brindados com despesas, despesas e despesas.
Gaita, a minha conta bancária para atacar a quadra natalícia mais parece os cofres do Benfica no pós Vale e Azevedo.
É nestes momentos que vale a pena recorrer às colecções futebolísticas de outrora e recordar os velhos baladeiros que escreviam música na pauta verde.
Começo com o sueco Holmberg, que representou o Boavista na 2ª metade dos anos 80.
Não sei de onde veio, mas causava impacto, mais não seja do pela sua farta cabeleira loira encaracolada, ao bom estilo de Eskilsson.
O dinamismo e classe de Holmberg e Phil Walker impulsionavam um Boavista abnegado, que continha nas suas fileiras autênticas pérolas como Queiró, Parente, Valério, Rui Casaca, Agatão, Coelho e Jorge Andrade.
Uma alusão às camisolas com o patrocínio Teresinha... Belos tempos!

Em 2º lugar temos Emanuel, antigo defesa do Académico de Viseu. Não sei nada sobre ele, mas um homem com este bigode e esta figura de actor porno dos anos 70 só pode ser uma boa pessoa.
E a idade? 26 anos!!???
Faltam "Emanuéis" ao futebol actual.

Finalizo com o "Keeper" Hélder.
De realçar o corte de cabelo à "foda-se" (desculpem amigos leitores, mas devem-se chamar as coisas pelos nomes), curto à frente e comprido atrás, ao bom estilo dos cantores "pimba" ou até mesmo de Jorge Cadete.
Lembro-me de o ter visto jogar pelo Braga e pelo Beira-Mar, quase sempre como titular.
Salvo erro, foi o guardião auri-negro na famigerada final da Taça de Portugal em1991 onde o Beira perdeu 3-1 com o nosso Porto.

28 novembro, 2006

Horto Magiko



Reconheço que, em regra, sou um adepto de futebol anti-claques. Pelo que eu vejo, elas não fazem mais do que levar para o estádio as frustrações de que os seus elementos padecem e prejudicam os clubes mais do que os ajudam. Mas há momentos em que conseguem proporcionar espectáculos memoráveis. Confesso que não consigo resistir a ver regularmente este vídeo da claque do Panathinaikos, num jogo de basquetebol. Delicioso.

No caso de alguém perceber grego, aqui vai a letra:

"Horto magiko dose mou ligo gia na pio ton PAO mou na onirefto kai tha fonakso sto theo: panatha mou se agapo san iroini san skliro narkotiko san to chasis, to lsd gia sena PAO mastouroni oli i gi panatha mou se agapo opou kai an pezis panta tha se akoloutho PAO edo, PAO eki opou kai an pezis panta tha maste mazi"

27 novembro, 2006

É hora de mudar, engenheiro!

Não estará na altura de mudar o dono da baliza encarnada?
Longe vão os tempos em que uma equipa fraquinha tinha nas redes o melhor guarda-redes do Mundo, o belga Preud´Homme.
O Benfica actual é uma equipa decente, com jogadores de qualidade.Contudo o seu guardião é mediano,incapaz de fazer a diferença.
Não se pode culpar Joaquim Sampaio pelos golos sofridos (com excepção de Aves e Braga),mas este é incapaz de fazer uma defesa impossível.
Ricardo e Helton já salvaram os seus clubes de golos praticamente certos. Recordo-me da excelente parada do Labreca ontem contra a Naval e das excelentes tiradas do internacional brasileiro contra o Benfica quando o resultado era de 2-0. Nessa mesma partida, a 2ª escolha de Scolari ficou mal no 2º e 3º golos dos azuis e brancos. Mais um vez não são frangos mas eram bolas defensáveis. Os melhores do Mundo iam-nas buscar.
Com Moretto sem margem de manobra no clube e Moreira sem margem de evolução, que tal tentar Sorensen (Aston Villa) ou Isaksson (Rennes)?
Se Porto e Sporting têm dos melhores "guardiolas" da actualidade porque razão nós temos um marreta?
Lembram-se do "efeito Schmeichel" no Sporting?

25 novembro, 2006

Portuguese football

Primeiro Ronny marcou um golo com a mão em Alvalade. Depois Quaresma amorteceu uma bola com o braço antes de fazer uma assistência para golo no Dragão. Mais tarde Anderson tocou a bola com a mão antes de um jogador do Marítimo fazer autogolo no Estádio da Luz.

Sabendo que já existem inúmeras variações do futebol, como o americano, o australiano, o canadiano e o râguebi, que se jogam mais com a mão do que com o pé, estaremos nós, povo português, na iminência de inventar uma nova modalidade desportiva, o “futebol português”?

22 novembro, 2006

Longe do topo, parte dois

Depois do Sporting-Bayern escrevi uma posta com este mesmo título. Hoje, depois da derrota em Milão, repesco essas três palavras para definir o actual estatuto europeu do Sporting. Quando ainda falta uma jornada para jogar, os leões já não podem seguir em frente na Liga dos Campeões, mas têm ainda a faca e o presunto na mão para passarem para a Taça UEFA. O que não seria um fracasso, visto que essa foi a primeira ambição que tive quando vi a composição do grupo.

Os cinco jogos já realizados provaram duas coisas, na minha opinião: 1) O Sporting ainda está longe de ser uma grande equipa europeia, e quem ambiciona imitar o sucesso do FC Porto em 2004 ainda vai ter de esperar um bocado. 2) No entanto, apesar do ponto número um, acredito que estamos no bom caminho. Correndo o risco de ser desmentido daqui a duas semanas pelo Spartak, penso que o Sporting apresenta-se hoje como uma equipa muito mais fiável a nível europeu.

O Sporting já leva cinco jogos nesta Liga dos Campeões. Já jogou duas vezes com Bayern e Inter, dois dos maiores clubes europeus e dois eternos candidatos ao título da prova, e fora com o Spartak, que não sendo uma potência, representa um futebol com quem o Sporting historicamente se dá mal. E a verdade é que Ricardo encaixou apenas três golos nesses cinco jogos, o que considero uma marca excelente, para quem já defrontou Crespo, Ibrahimovic, Adriano, Podolski, Makaay, Pizarro e Titov, por exemplo. É certo que também só marcámos dois golos, e ficámos em branco nos últimos três jogos. Mas isto, como todos admitirão, não significa que o Sporting seja uma equipa defensiva, antes tem sido um conjunto que joga em todo o campo.

Penso que é no plano ofensivo que o Sporting tem deitado a perder o apuramento. O que é facilmente explicável. Por um lado, a juventude e falta de experiência internacional do meio-campo leva a que por vezes os leões tenham dificuldade em criar oportunidades. Isso viu-se plenamente hoje em San Siro. Por outro, tem muito a ver com os problemas que assolam o ataque leonino: Liedson atravessa a sua pior fase desde que chegou a Portugal, Alecsandro ainda está em clara adaptação ao ritmo europeu, Yannick é muito verde e Bueno simplesmente foi um barrete. Daí que os dois golos leoninos tivessem sido marcados por um defesa e por um médio.

Estive em Alvalade há seis anos e assisti à vitória do Spartak por 3-0, com um autogolo de Dimas e dois golos de Titov. Os russos parecem uma equipa acessível, mas podem tornar-se traiçoeiros. Perderam por 0-4 em Munique, mas ao intervalo estava 0-0 e os russos podiam ter ido para a cabina em vantagem. Em Milão perderam por 1-2, sofrendo dois golos nos primeiros nove minutos, mas no final o Inter sofreu bastante. O Sporting só precisa de empatar e é esse o meu receio. Muitas vezes acontece parte da equipa querer ganhar e outra jogar para o empate e no fim perde. Vamos ver o que acontece, mas vai ser um jogo de nervos, pelo menos para mim.

Se tudo correr bem, o Sporting pode sair de cabeça levantada desta Liga dos Campeões e entrar na Taça UEFA como um dos favoritos ao título. E Paulo Bento continuará o trabalho impecável que tem feito até aqui. A terminar recordo que, se o Sporting vencer o Spartak, fará oito pontos. Esse número chegou ao FC Porto há dois anos e ao Benfica há um para seguirem em frente. O Sporting não terá essa sorte.

Avinagrado

Ansiava eu pelo golo do Manchester United em Glasgow quando subitamente o japonês Nakamura (qual Oliver Tsubasa) violou as redes à guarda desse grande guarda-redes que é Edwin Van der Sar.

Foi como se uma farpa tivesse trespassado o meu coração de águia.Pior fiquei quando Louis Saha, o tal que marcou na Luz, falhou uma grande penalidade a poucos minutos do final. Fiz cara feia como se uma litrada de vinagre tivesse tomado.
O Benfica tem agora que ganhar em Manchester, algo tão plausível como o Desportivo das Aves derrotar o nosso Porto por 2-0.
Por falar em Vinagre, aproveito a deixa e apresento-vos o melhor jogador que o Liceu Jaime Magalhães de Lima, em Esgueira, alguma vez viu. Facto hercúleo, tendo em conta que estudaram em tal estabelecimento de ensino Mats Jagunço e eu próprio... José Cavra.
Formado nas camadas jovens do Beira-Mar, quando subiu a sénior o pequeno Jorge começou a ser presença assídua no banco dos Auri-Negros.
Num encontro contra o Marítimo, Vinagre avinagrou o mítico Everton e fez o 3-1 na vitória aveirense sobre os insulares.
2 épocas em Ovar e o salto para o histórico Desportivo de Chaves.
Foi de azul-grená vestido que Jorge Vinagre viveu aquele que foi, talvez, o momento mais marcante na sua carreira, quando marcou nas Antas.
O Porto venceu por 3-1 mas o jovem aveirennse teve o seu momento de glória. Visivelmente emocionado agradeceu à sua esposa e filha.
Foi o seu 2º e último golo na condição de primo-divisionário.
Com a despromoção dos transmontanos rumou à Vila das Aves onde foi orientado, salvo erro, por essa fraude que dá pelo nome de Carlos Carvalhal.
Nova despromoção e uma aventura na 2ª divisão B com a Oliveirense.
Com o joelho já em péssimo estado, haveria de concluir a carreira no Pampilhosa da Serra.
Como consolo fica a visita a Alvalade numa eliminatória da Taça de Portugal.
Um pós moderno, um vizinho a quem prestamos a devida homenagem.
Força Jorgito!

19 novembro, 2006

Venha mais um!


Em Alcochete, na Academia
lá se formou mais um leão
que com tanta garra e talento
estragou a festa ao Paixão!

Ninguém põe fim a isto?

O Braga-Benfica desta noite provocou-me sentimentos contraditórios. Por um lado é óbvio que uma derrota do Benfica é sempre bem-vinda, em quase todos os cenários. Há excepções, como no Benfica-Porto de 1999/2000 ou no Benfica-Boavista de 2001/02, em que a vitória encarnada interessava ao Sporting. Mas de resto, confesso o meu sadismo ao ficar contente quando 6 milhões de portugueses e 14 milhões de adeptos espalhados pelo mundo estão francamente tristes. É assim a vida de um adepto de futebol, e amanhã pode calhar-me a mim ficar de trombas.

Mas o que me deixou mal-disposto, embora não surpreendido, infelizmente, foi o que se passou ao minuto 85. O Braga tinha feito o 3-1 pouco antes e a realização da SportTV mostra Rogério Gonçalves no banco. Precisamente nesse momento o novo técnico bracarense ordena a alguém no relvado que se atire para o chão. Segundos depois Paulo Santos fica estendido como se estivesse entre a vida e a morte. Foi fácil de perceber que nada se passava com o tipo, pois ao mesmo tempo em que ele era assistido o Braga fazia a terceira substituição.

Ninguém tem um pingo de vergonha e de coragem para meter fim a isto? Como será que se sente um médico ao fazer figura de urso, ao participar em todo aquele teatro plenamente consciente do que está a acontecer? Como será que se sente uma pessoa gravemente doente ao ver aquilo? O futebol é um espelho da sociedade e isto mostra muito do que eu detesto no povo português: a tendência para o chico-espertismo, a imensa lata com que alinha em esquemas.

Há poucos meses conheci um puto de 12 anos, que é familiar de um familiar de um familiar. Ele joga nos iniciados de um clube das profundezas dos distritais na região centro do país. Na época passada o melhor resultado que conseguiram foi uma derrota por 1-3. Ao trocar umas bolas com ele percebi que o talento não é muito, mas as artimanhas estavam todas aprendidas. Até me contou, orgulhoso, como tinha feito expulsar um adversário, simulando uma agressão.

Portugal está no sexto lugar do ranking da UEFA, a nível de clubes, e é presença habitual no top 10 da FIFA, no que respeita a selecções. Até me arrepio ao pensar no que seria se fossemos um país a sério.

18 novembro, 2006

Sanguessugas


Quando, na última Quarta-Feira, vi a capa do jornal Record, ocupada em 80% da sua totalidade pela demissão de José Veiga do Benfica, reparei principalmente na barra superior que alimentava outra polémica: "Queiroz ataca Scolari". Cá está mais um arrogante a minar o ambiente da nossa selecção, pensei eu, talvez ressentido pelo título perdido, que Robson dificilmente deixaria escapar.
Ao ler a notícia referente a esta troca de galhardetes, folheei novamente o jornal, uma vez que não seria possível criar tanto alarido à volta de declarações tão banais do adjunto de Fergunson, que dizia estar preocupado com forma física de Cristiano Ronaldo, falando de lesões e sobrecarga de jogos, etc. Nada que Mourinho não faça sempre que existem paragens de campeonato, para dar lugar às rondas das selecções ( e fá-lo com toda a legitimidade).
Mas aquilo que parece banal para os ignorantes é um tesouro no fim do arco-íris para os iluminados das redacções dos jornais desportivos. Queiroz tentou pressionar Scolari, isso sim, mas nunca teve a intenção de o criticar. O que seria, então, um bate-boca como o que envolveu Mourinho e Domenech se passado neste nosso Portogalito? Se o campeão do mundo de esperanças atacou o seleccionador nacional com tão monótonas palavras, então talvez o Record apresentasse qualquer coisa como " Queiroz tentado a cometer homicídio contra Scolari" ou " Queiroz sodomiza verbalmente Scolari". Às inofensivas e ridículas manchetes como "Proibido tocar nos craques do Benfica" ou "Nani tem música" já estamos habituados. Impensável são as que atentam contra as relações entre dois profissionais que são referências no futebol nacional. E é uma pena eles não entenderem que tudo não passou de uma consequência da gula de um bando de sanguessugas...

BWINCaos

Quando Veiga se despedia com lágrimas por não poder continuar as almoçaradas com os amigos Paixão, Santos, etc... Surge uma coisa destas! O pior é que em Itália as coisas vão funcionando... Não ponham é o glorioso a jogar na Série B! Ninguém gosta de ver o Benfica a descer de divisão! Nem mesmo eu!

15 novembro, 2006

Prémio "Legenda Mais Desadequada de Sempre"

14 novembro, 2006

Foi por causa da tua saída!


"Qualidade da Liga portuguesa baixou"

11 novembro, 2006

Os 5-0 na Luz

Malgrado o sentido único, o jogo em questão é eterno tanto para águias como para dragões. Quem não se recorda dos famosos 5-0?
Às 21:30 do dia 18 de Setembro de 1996, sob a arbitragem do mítico António Rola, jogou-se no velhinho Estádio da Luz a 2ª mão da Supertaça Cândido de Oliveira.
Os azuis e brancos haviam vencido na 1ª mão por 1-0, fruto de um lance onde ficou bem patente a classe de Artur e a azelhice de Jamir.
Alinharam as equipas com:
SL Benfica: Preud'homme, Calado (Tahar, 73'), Hélder, Bermudez, Dimas (Iliev,50'), Bruno Caires, Jamir, Valdo, Gustavo, Donizete e João Vieira Pinto. Treinador: Paulo Autuori

FC Porto: Wozniak, João Manuel Pinto, Lula, Jorge Costa, Fernando Mendes, Paulinho Santos, Sérgio Conceição, Wetl (Rui Barros, 70'), Zahovic, Edmilson(Jardel, 60') e Artur (Drulovic, 52'). Treinador: António Oliveira

Logo aos 3 minutos, Artur, em lance de contra-ataque, fez gato sapato do colombiano Bermudez e não deu hipóteses ao melhor guarda-redes do Mundo.
O Benfica tentou reagir e Donizete, à meia volta, ainda fez tremer a barra da baliza à guarda dessa autêntica lenda viva que foi Wozniak. Foi o canto do cisne por parte dos encarnados.
2 minutos antes do intervalo, Edmilson fez o 2-0 e sentenciou praticamente a Supertaça.
No reatamento e perante a passividade da defesa contrária, o agora retirado Jorge Costa fez de cabeça o 3 a 0.
Aos 50 minutos Dimas saiu gravemente lesionado no braço ao chocar com o "Bicho" num lance sem maldade. As imagens foram arrepiantes!
6 minutos depois, o pós moderno Wetl marcou o melhor golo da noite. Era caso para dizer que tudo corria bem ao Porto. Wetl marcar na Luz (ou em qualquer outro estádio mundial) foi mais ou menos similar a Beto marcar ao Manchester.
Com 5 minutos para jogar Drulovic fixou o resultado final.
Curioso o facto de Mário Jardel ter ficado em branco!
O Benfica saiu humilhado, perdendo o jogo, a Supertaça e o adepto Nuno Ferrari, que viria a falecer...
O vídeo do resumo da partida pode ser visto aqui:

09 novembro, 2006

Vitória

Eu sei que acontece todos os anos e eu já devia ter calo suficiente para não me indignar com isso, mas não consigo evitar: o Vitória de Setúbal voltou a abrir as pernas aos seus amigos do Porto. Desta vez nem tentou disfarçar; aos 6 minutos já perdia por 0-2. Isto depois de uma semana em que os dois capitães de equipa foram suspensos. É conhecido que o ambiente já estava minado há muito tempo, mas a explosão teve logo de acontecer nas vésperas da recepção ao dragão. Há coincidências fantásticas, não há? Quanto aos dois golos em seis minutos, fazem-me lembrar os relativamente recentes Salgueiros-FC Porto. E sabe-se onde está - ou não está - o Salgueiros, hoje em dia. Talvez o futuro do Vitória não seja muito diferente.

Quando eu confronto os meus amigos vitorianos com mais uma derrota frente ao Porto, eles encolhem os ombros e dizem, resignados: “Este jogo não era do nosso campeonato...”. Eu admito que o Porto é mais forte que o Vitória e que em 10 jogos no Bonfim ganhe seis ou sete. Mas também espero que o Vitória ganhe um ou dois. Acho que é razoável, até porque nestes últimos 10 anos o Porto já teve épocas de crise. Caramba, eu já vi o Porto perder na Amadora, em Faro, em Campo Maior, em Santo Tirso...

Já aqui escrevi sobre um dos problemas do futebol português: o facto de haver muito poucos adeptos dos clubes pequenos. Praticamente não há vitoriano que também não tenha uma costela sportinguista, benfiquista ou portista. E esta última está a crescer cada vez mais, segundo me apercebo. Isto prova que as pessoas gostam de ganhar, mais do que gostam de um clube. Quando se apercebem que a sua primeira escolha dificilmente ganhará algo, apoiam um emblema mais forte.

Eu sou, como já escrevi montes de vezes, adepto ferrenho do Eintracht Frankfurt. Mesmo a 2500 quilómetros de distância acompanho o dia-a-dia do clube. Isso inclui navegar regularmente em fóruns de adeptos. E cheguei à conclusão que, mesmo sem ganhar o campeonato há 47 anos, uma prova europeia há 26 e a taça da Alemanha há 18, os adeptos do Eintracht não precisam de apoiar também o Bayern, o Bremen, o Dortmund ou o Schalke para poderem ganhar alguma coisa. Porquê? Porque esses são clubes rivais e os adeptos do Eintracht acreditam que mais cedo ou mais tarde vão voltar a lutar com eles pelos títulos. E eu acredito também, por isso, apoio um clube que muita gente, desconhecedora, considera pequeno.

Em Portugal, conhece-se a situação. Os adeptos do Belenenses não passam um dia sem proclamarem que são o quarto grande. Mas as assistências no Restelo são comparáveis, em relação a Inglaterra e à Alemanha, às da quarta divisão para baixo. O Boavista, que foi campeão há cinco anos e que teve excelentes presenças europeias recentemente, também tem uma assistência ridícula nos jogos em casa. O Braga, que tem sido o quarto grande no campeonato nos últimos três ou quatro anos, também não consegue ter assistências a condizer, e quando o Benfica vai lá jogar nota-se que o Braguismo é apenas a segunda crença da maior parte daquela gente.

E depois temos o Vitória (de Setúbal, pois o de Guimarães é o único clube que consegue desmentir o que estou a afirmar). O Vitória sadino representa uma das maiores cidades do país. É um clube sem rivais à altura do Tejo para baixo. Isso podia ser uma vantagem, tanto em termos de captação de talentos, como de adeptos. Nada disso tem acontecido. Os talentos, com os centros de estágio de Benfica e Sporting nos arredores, já não têm razão para dar preferência ao Vitória. E os adeptos também acabam por fugir, pois Setúbal nunca foi uma cidade muito bairrista e cada vez o é menos. Sem dinheiro, com um estádio muito antiquado, com um plantel que vive das sobras dos grandes, com cada vez menos adeptos, o Vitória caminha a passos largos para, senão a extinção, para uma existência quase anónima.

Eu recordo-me do tempo, há não mais de 15 anos, em que havia cinco equipas séniores em Setúbal: Vitória, Comércio e Indústria, Marítimo, Bairro da Liberdade e 1º de Maio. Os três últimos desapareceram do mapa, a nível sénior. O Comércio, que ainda há poucos anos era uma boa equipa de terceira divisão, anda agora num sobe-e-desce entre a primeira e a segunda distrital. Nem por isso o Vitória ganhou mais adeptos. Pelo contrário, a cidade de Setúbal parece cada vez mais divorciada do futebol. Pelo menos do local, pois aos sábados à tarde os cafés enchem-se para ver o Chelsea de Mourinho. Este sim, é o maior clube setubalense da actualidade.

Tudo isto leva-me a um tema sobre o qual também já escrevi. A médio prazo, a única forma de manter os nossos clubes grandes num bom nível competitivo seria participarem numa outra liga. Tanto pode ser a superliga europeia, a liga espanhola ou uma liga que já existiu em projecto e que reuniria os melhores clubes das ligas portuguesa, holandesa, belga e escocesa, que, no fundo, também se batem com problemas parecidos com o nosso.

PS - Eu sou um crítico feroz da péssima Imprensa desportiva que temos, em particular da Bola, também conhecida por Bolha, porque sendo o jornal mais antigo e que atingiu maior prestígio, é aquele onde se nota uma maior descida de qualidade e uma tendência mais acentuada para o mau gosto. Mas não pude deixar de aplaudir quando tomei conhecimento, hoje, que Jorge Valdano vai começar a escrever para o jornal aos sábados. Num panorama de péssimos colunistas que têm invadido a Comunicação Social portuguesa, neste caso a desportiva (Miguel Sousa Tavares é para mim o maior exemplo, pela fama que atingiu enquanto bojardeiro), é reconfortante saber que ainda há lugar para quem sabe de futebol, quem é do futebol, que ocupou vários cargos no futebol, não caído de páraquedas, como a maior parte deles, mas alguém que foi grande nos relvados e continua a ser fora deles. Seria tão bom que este fosse o primeiro passo no caminho da redenção da Imprensa desportiva... Mas já não tenho idade para ilusões.

06 novembro, 2006

Normal e Anormal


- Jogo imprevisível em Setúbal: ninguém podia dizer se o Porto ia ganhar por 2 golos de diferença ou mais. Com a vida cada vez mais facilitada no Sado, não se compreende a razão pela qual o VFC não faltou ao jogo. Perdia na mesma por 3-0 e poupava os "craques" para Aveiro. É por isto que o balneário se revolta, mister Toni, falta de visão estratégica. Aliás, acho que só por um acaso os sadinos conseguirão roubar pontos a equipas do topo da tabela.

- Num jogo que o "imparcial" jornalista do Sportugal Bruno Pires (aquele que viu uma exibição vergonhosa do Sporting frente ao Inter na partida de apresentação) classifica como "muito estranho", o Sporting teve a sorte que tinha faltado nos últimos jogos. O Braga não foi atrevido mas os leões estiveram organizados. Se tudo correr como esperado, Alecsandro fica e Bueno(será assim tão mau?!) volta para França. O brasileiro marcou um golo em que só as míticas imagens virtuais do Domingo Desportivo podem descortinar com clareza se a bola entrou ou não. Bruno Pires, a minha grande referência, é peremptório ao afirmar que a bola não entrou. No meio-campo, Farnerud é menos entusiasmante que Martins mas muito mais prático.

- Encontro normal na Luz, com uma excelente jogada no golo de Petit. Com visitas a Braga e Alvalade no próximo mês, será possível ver claramente o que vale este Benfica, acusado de vencer os pequenos e perder com os grandes.

- Na sua vigésima época à frente do Manchester, Ferguson tem a sua primeira grande oportunidade de roubar um campeonato a Mourinho. Acredito que assim que Ballack, Lampard, Makelelé, Sheva, Robben e Cª se entenderem na perfeição ninguém os poderá parar. Será de todo anormal que o melhor treinador do mundo tenha o seu primeiro desaire(ou seja, não ganhe a Premier League pela 1ª vez) com o melhor plantel do mundo. Para quem vence a Champions com o Derlei, o Maciel, o Costinha e o Ricardo Costa e não tem por cenário o Football Manager, tal seria mesmo caricato. No caso do Chelsea não atingir o seu potencial esta época, a saída de algumas estrelas vai ser inevitável.

01 novembro, 2006

O Melhor Sketch de Sempre