30 setembro, 2006

Bayer Leverkusen 4 - 4 Benfica

Taça das Taças, 15 de Março de 1994. Noite fria e chuvosa na Bay Arena de Leverkusen. 22.500 lugares repletos, grande parte de emigrantes portugueses ansiosos por mais uma gloriosa noite europeia. E pode-se afirmar que quem se deslocou ao estádio naquela noite, não mais a esquecerá! Nem eles, nem nós que sentados no sofá em frente à caixinha que mudou o mundo observámos extasiados um jogo mítico para os benfiquistas em particular, para os portugueses na generalidade e, mais que isso, para todo e qualquer adepto de futebol que se preze! Que grande noite nos proporcionaram João Pinto e seus pares!
Depois de um comprometedor empate a uma bola na Luz (com Isaías a empatar em cima do final do jogo depois de um golo de Happe aos 66 minutos), o Benfica deslocava-se à Alemanha com alguma apreensão, mas com a confiança natural de uma equipa de classe mundial. A última do Benfica até aos dias de hoje!
Se o 0-0 não servia as aspirações da equipa portuguesa, o golo de Ulf Kirsten (o mesmo que anos depois esteve para ingressar no grémio lisboeta) aos 24 minutos veio piorar a situação. Cantava-se então ao ritmo de "Go West" dos Pet Shop Boys. O quadro ficou ainda mais negro para as hostes benfiquistas quando, já na segunda parte (58 minutos), Bernd Schuster entrou pela defesa benfiquista como "faca quente em manteiga no verão" e ampliou o marcador para 2-0. "Acabou!" deve ter sido o pensamento dos milhares de portugueses presentes no estádio e dos milhões que seguiam a partida pela televisão. Diria mais, diria até que os próprios jogadores devem ter pensado o mesmo. Pensamento fugaz certamente, pois no minuto seguinte tinha início uma das mais emocionantes e dramáticas noites do futebol português.
Na sequência de um pontapé de canto sobre a direita, a bola sobra para Rui Costa à entrada da área alemã. Com três germânicos pela frente, decide dar de calcanhar para Abel Xavier que, com um poderoso e colocado remate de primeira, reduz a desvantagem para 2-1.
Rui Costa relembra: «logo a seguir ao 2-0, o Abel Xavier pediu a bola nas minhas costas, toquei de calcanhar e ele marcou um golão que nos relançou imediatamente depois de parecer que a eliminatória estava perdida». Mais um minuto volvido e novo canto a beneficiar o clube da águia, desta feita sobre a esquerda. Rui Costa marca o canto tenso para o primeiro poste onde aparece João Pinto, mais rápido e mais alto que os gigantes alemães, a desviar para o 2-2. Num curto espaço de dois breves minutos o Benfica passava de uma desvantagem dois golos (e consequente eliminação) para um empate a duas bolas que o colocava nas meias finais da competição.
A alegria invadia finalmente os milhares de benfiquistas presentes no estádio, e os milhões de benfiquistas espalhados mundo fora! A certeza da apuramento chegou quando num contra-ataque rápido Kulkov coloca pela primeira vez em 168 minutos o Benfica em vantagem no marcador. Na prática, a vantagem era de 2 golos e com 12 minutos para jogar não restava ao Bayer senão honrar a camisola.
Puro engano! Aos 80 minutos Ulf Kirsten voltava a marcar e no minuto seguinte Hapal colocava novamente os alemães na frente da eliminatória. A euforia portuguesa tinha virado pesadelo. Briosos e profissionais a 100%, os jogadores do Benfica não viraram a cara à luta e foram atrás do prejuízo, sendo recompensados 4 minutos depois com o segundo de Kulkov após um brilhante passe de João Pinto.
A este ritmo, os minutos finais pareciam uma eternidade. Com o resultado e a eliminatória em aberto, foi sofrer até ao fim por parte dos "camisolas berrantes" pois Isaías ainda teve oportunidade de falhar dois golos de palmatória. Imagino que o saudoso Jorge Perestrelo tivesse dito na altura qualquer coisa como "mas o que é que é isso ó meu? Até eu com a minha barriguinha fazia melhor!".
Anos volvidos após este épico jogo, digno de constar nos compêndios do futebol, alguns dos intervenientes deixam o seu testemunho!
Hélder - «Foi um jogo frenético e histórico. Pensámos várias vezes que estávamos eliminados e depois voltámos a estar apurados. Depois de termos marcado três golos sabíamos que era impossível não passar. Foi o jogo mais incerto e com menos paragens que tive».
Rui Costa - «Há uma frase que resume esse jogo: o treinador do Bayer disse que se eles tivessem marcado sete golos nós marcaríamos outros sete, e é verdade. A certa altura já sentíamos que tinha de acontecer mais qualquer coisa, não íamos ficar pelo caminho assim. O jogo esteve completamente de um lado, depois de outro, voltou a mudar e continuou aberto até ao último segundo. Nenhuma das equipas confiava no empate, jogavam as duas declaradamente para a vitória, e encaixaram bem uma na outra. Foi um jogo de muita técnica, fabuloso!».

12 Comments:

At 2:39 da manhã, Blogger Tiago Gonçalves said...

Muito bem Mats! Excelente estreia. Vejo que a tua adaptação ao nosso blog foi muito mais fácil que a do Shevchenko ao futebol inglês ou a do Laurent Robert ao futebol português. Gostei do post, tem de ser adicionado aos "jogos míticos". Só é pena o jogo ter sido entre o Leverkusen e um "clube de futebol".

 
At 2:40 da manhã, Blogger Tiago Gonçalves said...

Já agora, vou tentar colocar o video por ti no post.

 
At 2:52 da manhã, Blogger Tiago Gonçalves said...

Consegui. Este video que encontraste é a "cerveja" no topo do bolo.

 
At 2:08 da tarde, Blogger Mats Jagunço said...

Obrigado! Tentei colocar mas não sei porquê não fazia o upload. Com as imagens aconteceu o mesmo, mas ao fim de n tentativas lá consegui!

 
At 4:28 da tarde, Blogger André S. Machado said...

Bem Vindo Mats!

 
At 6:55 da tarde, Blogger José Cavra said...

E de onde este surgiu...certamente irão surgir mais.
O Mats e eu somos uma espécie de irmãos.
Crescemos juntos, partilhando sempre o amor pelo maior clube do futebol português.
Bem-vindo Mats.

 
At 7:02 da tarde, Blogger José Cavra said...

Grande frangalhada do Neno no 1º golo. Relembro que nas meias finais fomos a Parma com uma vantagem de 2-1 conseguida na 1ª mão.
A 10 minutos do fim , sensini marcou na sequência de um canto aproveitando mais uma saída em falso de Adelino Augusto Barros (Neno).
Com todo o respeito que o guardião merece, tivesse Preud Homme chegado 1 ano mais cedo e a Taça das Taças poderia ser nossa.

 
At 7:05 da tarde, Blogger José Cavra said...

Não resisto. Isto até arrepia. O 4º golo (2º do Vassily Kulkov é uma obra de arte).
Bem... ppl vou jantar pq dps tenho q ir ver o concerto do Boss AC.

 
At 1:56 da manhã, Blogger Pedro Neto said...

Foi o 1º jogo do Benfica onde chorei de alegria - e o Toni também. :)
Isto é história do futebol, um dos jogos mais emocionantes que já tive o prazer de assistir.

Parabéns pelo post.

 
At 12:43 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Pronto, não resisto !!!!!!!!! Este blog é mesmo benfiquista!!!!!!!!! Coo é possível anexar fotos do Rui Costa de muitos anus atrás ???? Hoje ele está mais velho, que é como quem diz mais imperfeito e mais amorfo. Este blog, pela sua performance anus-peno-vaginal, merece fotografías mais adequadas com a realidade. E mais: NÃO TEM CUSTOS DE ADESÃO !!!!!!!! NÃO MEXAS.............

 
At 6:56 da tarde, Blogger José Cavra said...

Benfiquista?
Somos 3 adeptos do scp e 2 do slb.
So nos falta 1 portista para sermos os mestres da imparcialidade.

 
At 9:10 da tarde, Blogger Jorge Ramiro said...

Rui Costa é um dos melhores jogadores que existem em todo o mundo. É o meu ídolo, e não há mais jogadores como Rui Costa. Para mim, Rui Costa tinha algo especial. Ele tinha uma habilidade especial. Uma vez eu encontrei Rui Costa em um Pet Shop e pediu um autógrafo.

 

Enviar um comentário

<< Home