11 abril, 2006

Campeonatos do Mundo - Suiça 1954


A Suiça foi escolhida, de forma natural, para organizar a 5ª edição do Campeonato do Mundo de Futebol. O país do queijo, dos relógios e do chocolate era morada(e ainda é) da sede da FIFA e o organismo máximo do futebol decidiu festejar o seu 50º aniversário em casa. A competição foi um sucesso financeiro. Pela primeira vez, o torneio teve cobertura televisiva e foi implementada uma forte campanha de marketing. Durante 8 anos, foram construídos novos estádios que, apesar de uma escassa capacidade de lotação, apresentavam condições mais que necessárias.
O novo presidente da FIFA, o belga Rudolphe Seeldrayers, decidiu que o formato da prova iria consistir numa primeira fase, com 4 grupos de quatro equipas, sendo que a partir dai seriam disputadas partidas a eliminar. Na fase de grupos, cada equipa só defrontaria outras duas. Por exemplo, a França jogou com Jugoslávia e México, mas ficou isenta de um jogo com o Brasil, presente no seu agrupamento. As formações que terminassem esta etapa com igual número de pontos encontrar-se-iam numa partida de desempate.
Este Mundial revelou uma nova potência do futebol mundial: a Hungria. A prestação inolvidável dos Jogos Olímpicos de 1952 celebrizou os “Magiares Mágicos” Kocsis, Hidegkuti, e Puskas. O futebol apresentado era de uma beleza nunca antes vista.
Os húngaros despacharam, sem qualquer problema, a Coreia e a Alemanha Ocidental, por 9-0 e 8-3, respectivamente. Kocsis(na foto) marcou 4 golos aos germânicos e o médio Werner Liebrich lesionou Puskas para o resto da competição. Depois de vencerem o seu agrupamento, seguiram em frente juntamente com a Alemanha, que derrotou a Turquia no jogo de desempate, por 7-2.
No grupo 3, Áustria e Uruguai deixaram a Checoslováquia e a Escócia pelo caminho. Os austríacos (que humilharam Portugal na qualificação, com resultados de 9-1 em Viena e 0-0 em Lisboa) golearam os checos por 5-0 e, com os britânicos, venceram por 1-0. O Uruguai derrotou as mesmas selecções por 2-0 e 7-0.
Mais equilibrados foram o 1º e 4º grupos. O Brasil não se fez rogado frente ao México (2-0) e empatou frente à Jugoslávia(1-1). A França competia pelo 2º lugar com os homens dos Balcãs, mas estes levaram a melhor, derrotando os gauleses pela margem mínima.
Depois de começar por empatar com a Bélgica num jogo emocionante(4-4), os ingleses passaram depois de não cederem pontos frente à Suiça(2-0). Os anfitriões derrotaram os italianos e seguiram-lhes os passos.
Nos quartos-de-final, Áustria e Suiça foram protagonistas do jogo com mais golos de sempre nesta competição: 12(!). Num confronto espectacular, os homens da casa mexeram com o marcador por 3 vezes em vinte minutos. Os austríacos marcaram o mesmo número de tentos num espaço de 3 minutos e acabaram por sair com uma vitória. 7-5 foi o avolumado resultado. O Uruguai bateu a Inglaterra por 4-2. Os sul-americanos de Schiaffino não vacilaram frente ao lendário Stanley Matthews.
“A Batalha de Berna”. Foi assim apelidado o encontro entre Hungria e Brasil. Num jogo feio e duro, três jogadores foram expulsos e os confrontos continuaram nos balneários, após o apito final. Os magiares levaram a melhor (4-2).A Alemanha derrotou a Jugoslávia por 2-0.
Hungria-Uruguai foi uma final antecipada. A jogar um “World Cup” em terras europeias pela primeira vez, os sul-americanos viram a sua caminhada interrompida ao perderam por 4 bolas a 2.Surpreendentemente, a Alemanha recuperou animicamente após uma primeira fase sofrida. Assim, não deram qualquer hipótese aos vizinhos austríacos e saíram de campo de papo cheio após 90 minutos, com um esclarecedor 6-1. Os derrotados conquistaram a medalha de bronze, ao vencer o Uruguai por 3-1.
No Wankdorf Stadium, em Berna, Hungria e Alemanha encontraram-se sob condições climatéricas não propicias à prática do futebol espectáculo, como diria Gabriel Alves.
Pensou-se que o embate seria uma repetição do jogo da fase de grupos, o que atribuía total favoritismo aos magiares. Porém, o técnico germânico Sepp Herberger avisava que tudo seria diferente e que a sua equipa não queria ser o bombo da festa.
Um lesionado Puskas insistiu em jogar mas, tal como Ronaldo no Mundial de 98, a decisão não deu bom resultado. O Major Galopante(que raio de alcunha) até abriu o marcador, aos 6 minutos. Dois minutos depois, Czibor aumentava a contagem após passe “à-la Secretário” do trinco alemão Kohlmeyer.
Parecia que a selecção do leste europeu apenas necessitava de um “passeio” em Berna para erguer o Troféu Jules Rimet.
O tornozelo de Ferenc Puskas começou a ceder e Morlock reduziu a diferença. Aos 18 minutos, Grosics cometeu um erro grava e possibilitou o empate a Rahn.
A Hungria pressionava e rematava muito, mas sem resultados práticos. Hidegkuti e o goleador Kocsis atiraram aos ferros, Turek executou um punhado de grandes defesas e Kohlmeyer salvou um golo em cima da linha.
O espectro do prolongamento pairava no ar quando o extremo alemão Rahn decidiu marcar pela segunda vez. Apanhou um bola vinda de um alivio de Lantos e rematou rasteiro à entrada da área. Puskas ainda introduziu a bola na baliza contrária, mas estava em posição irregular.
Apesar dos muitos protesto que se prolongaram após o apito final do inglês Bill Ling, a Hungria perdia depois de 30 jogos sem qualquer derrota. A crítica foi unânime ao considerar que o técnico Sepp Herberger tinha dado um banho táctico ao seu congénere.



Alemanha Ocidental:
Turek, Posipal, Kohlmeyer, Eckel, Liebrich, Mai, Morlock, O. Walter, F. Walter e Schafer.



Hungria:
Grosics, Buzanszky, Lantos,Bozsik, Lorant, Zakarias, Puskas, Kocsis, Hidegkuti, Czibor e J. Toth.


Árbitro: Bill Ling(Inglaterra)
60 mil espectadores
Marcadores: Puskas(6),Czibor(8),Morlock(10),Rahn(18;84)



Melhores Marcadores do Mundial:
- Sandor Kocsis (Hungria) - 11 golos
- Max Morlock (Alemanha) - 6 golos
- Josef Hugi (Suiça) - 6 golos
- Erich Porbst (Áustria) - 6 golos

4 Comments:

At 6:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Muito boa esta iniciativa de recordar os mundiais... tou a fazer o mesmo no meu blog!!!
http://futebolacimadetudo.blogspot.com/

 
At 8:41 da tarde, Blogger José Cavra said...

Talvez a maior surpresa na história dos mundiais.

 
At 8:00 da tarde, Blogger Jota said...

Deutschland, Deutschland über alles,
Über alles in der Welt! :-)

 
At 2:06 da tarde, Blogger Zé Maria (ou não) said...

Mais uma grandiosa crónica, os meus parabéns.

Falta de Jeito

 

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