29 março, 2006

Campeonatos do Mundo - França 1938


Quando já pairava no ar o fantasma da II Grande Guerra, a França acolheu o 3º Mundial de Futebol. Selecções como a Polónia, Cuba e as Índias Orientais Holandesas fizeram a sua estreia na prova, enquanto grandes potências como Uruguai ou Argentina não participaram. Passo a explicar: convencidos de que o certame seria organizado de forma alternada entre Europa e América do Sul, os argentinos apresentaram a sua candidatura, de forma a jogar em casa, estando plenamente confiantes de que a FIFA lhes daria essa possibilidade. Porém, o organismo máximo do futebol mundial não correspondeu ao pedido. Estavam ainda na memória as dificuldades de deslocação que afastaram os países europeus do Mundial organizado no Uruguai, para além do facto da esmagadora maioria de países filiados serem representantes do velho continente. A França foi, assim, a escolhida, estando aqui patente uma prova de lealdade para com Jules Rimet, o pai da prova.
Portugal, mais uma vez, foi derrotado no jogo de qualificação, desta feita pela Suiça, por 2-1.A primeira eliminatória foi sinónimo de equilíbrio e dificuldades para os favoritos. A Roménia, depois de ter empatado 3-3 com Cuba, perdeu o jogo de repetição por 2-1. A Checoslováquia bateu a Holanda por 3-0, mas para inaugurar o marcador foi necessário um prolongamento. De mais 30 minutos para vencer precisaram, igualmente, Brasil(6-5 com a Polónia!), único representante do continente sul-americano e Itália (2-1 com a Noruega). Os transalpinos foram salvos pelo guarda-redes Olivieri que, em cima do minuto 90, executou uma grande defesa. Depois, Piola (melhor jogador do torneio) resolveu. Em Estrasburgo, num relvado enlameado, a Polónia recuperou de uma desvantagem de 3-1 e causou calafrios ao “escrete”. Willimowski fez um “poker”, marcando por 4 vezes, mas o “artilheiro” do Mundial, Leónidas(na foto), igualou o registo e o Brasil seguiu em frente.
A França beteu a Bélgica por 3-1, a Hungria ganhou às Ilhas Orientais Holandesas por “escassos” 6-0 e a Suiça, depois do resultado de 1-1 no primeiro jogo, impôs-se com um 4-2 à Alemanha.

Os quartos-de-final ficaram marcados pelo embate entre Checoslováquia e Brasil. O futebol canarinho começava a afirmar-se no panorama internacional, sendo para isso fundamental a vitória por duas bolas a uma, no 2º jogo, frente à poderosíssima equipa de leste, finalista vencida quatro anos antes. O primeiro jogo tinha terminado com um empate a 1-1 no “placard”. Nos outros jogos, a Hungria(2-0 com a Suiça), Suécia(8-0 com Cuba) e Itália(3-1 com a França) levaram de vencida os respectivos oponentes.
Nas meias-finais, Guiseppe Meazza, que já tinha sido campeão em 1934, foi decisivo, ao apontar o penalty que deu a vitória à Itália sobre o Brasil. O já referido goleador Leónidas ficou de fora da equipa com o propósito de estar a 100% na final, numa decisão muito controversa do treinador.
A Suécia, depois de golear o país de Fidel Castro, estava confiante de que nada podia correr mal frente à Hungria. A verdade é que os magiares humilharam os nórdicos por 5-1, tendo Zsengeller apontado um hat-trick. No jogo de apuramento do 3º lugar, foram mais uma vez vencidos, desta feita pelo Brasil, com Leónidas, o “criador” do pontapé de bicicleta, a apontar 2 golos.
Após a eliminação da França, o entusiasmo do público diminuiu. Não foi, portanto, de estranhar o facto do Estádio Colombes não estar cheio para acolher a final entre Itália e Hungria. Porém, esse entusiasmo foi suficiente para o mestre da táctica Vittorio Pozzo, treinador transalpino, adiar a saída do autocarro para o jogo crucial, uma vez que as ruas se encontravam sobrelotadas.
A Itália adiantou-se no marcador por intermédio de Colaussi, que bateu Szabo aos 6 minutos. 2 minutos volvidos e Titkos, que viria a treinar a selecção nacional da Hungria, empatou com um remate poderoso. Piola apontaria o 2º golo e Colaussi bisava perto do intervalo. Com 3-1 no marcador, Sarosi ainda reduziu para os magiares. Piola fez novamente o gosto ao pé, após passe de Biavati.
Vittoria Pozzo, Ferrari e Meazza conquistavam o seu 2º troféu e Foni, Rava e Locatelli acrescentavam mais um título à sua medalha de ouro dos Jogos Olímpicos. O Campeonato Mundial só regressaria em 1950, após tempos muito conturbados.


Itália:
Olivieri, Foni, Rava, Serantoni, Andreolo, Locatelli, Biavati, Meazza, Piola, Ferrari, Colaussi.


Hungria:
Szabo, Polgar, Biro, Szalay, Szücs, Lazar, Sas, Zsengeller, Sarosi, Vincze, Titkos.


Marcadores: Colaussi(6 e 35); Piola(15 e 80);Titkos(8); Sarosi(70)

55.000 espectadores
Árbitro: Georges Capdeville(França)

4 Comments:

At 7:01 da tarde, Anonymous Anónimo said...

4J para ser campeão do mundo!!

Mesmo eliminando o Brasil e a França, parece pouco para as dificuldades de hoje.

O mesmo que vencer a TCE nos anos 60 com 7J me vez dos actuais 13J

 
At 1:18 da tarde, Blogger José Cavra said...

o amigo apre... deve ser do nosso Porto. Correcto?

 
At 4:53 da tarde, Blogger Apre said...

Não, sou pastel.

Mas tive a alegria de ter apostado na vitória do FC Porto na LC de 2004, a meio da eliminatória dos 1/4 de final, e estarei eternamente agradecido, pelos 5000€ que me deram a ganhar.
(isto é mesmo verdade, não é peta de 1 de abril).

 
At 11:24 da tarde, Blogger José Cavra said...

Ficamos bastante contentes por ti, se ainda tiveres algum faz o favor de partilhar connosco.
O relato do golo do Costinha em Manchester deixou-me com pele de galinha! Foi Lindo!
"Golo do Porto. Golo de Portugal"

 

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