Balanço de uma época semi-trágica
Com a eliminação do Benfica da Liga dos Campeões termina igualmente a participação portuguesa nas competições da UEFA deste ano. Estamos apenas nos quartos-de-final, o que sabe a pouco, depois de três anos consecutivos a marcar presença em finais. Foi a pior época europeia de Portugal nos últimos cinco anos, terminada com uma pontuação final de 5,5 pontos. Nas quatro épocas anteriores Portugal somou sempre mais de 8 pontos. A Roménia, por exemplo, esta época já leva mais de 15 pontos (!). No entanto, para já, o sexto lugar no ranking da UEFA não está em perigo. A Holanda está a uma distância de 3,948 pontos, o que ainda dá alguma tranquilidade a Portugal. O oitavo classificado, a Grécia, está a quase 12 pontos de distância e não constitui ameaça imediata. Neste post vou fazer um balanço da participação portuguesa na época uefeira de 2005/06.
Benfica

Na fase de grupos, o Benfica não teve os adversários mais acessíveis, apesar de os encarnados serem os únicos campeões nacionais presentes. Os outros eram Lille, vice-campeão francês, Manchester United e Villarreal, terceiros classificados de Inglaterra e Espanha, respectivamente. As coisas começaram bem, com uma vitória feliz sobre o Lille, na primeira jornada, por 1-0, com um golo marcado em tempo de compensação. Depois, o Benfica não conseguiu vencer os quatro jogos seguintes. Empates com Villarreal (fora) e Lille (fora) e derrotas com Manchester United (fora) e Villarreal (casa). Na última ronda só a vitória interessava aos encarnados. E eles derrotaram o Manchester, na Luz, por 2-1 e garantiram o segundo lugar, com escassos oito pontos. O United foi a grande decepção, terminando em último lugar, com apenas uma vitória, frente aos portugueses.
Nos oitavos-de-final, o Benfica teve de defrontar o Liverpool, campeão europeu em título. Não era dos adversários mais difíceis, tendo em conta o historial recente entre equipas portuguesas e inglesas. Das grandes nações europeias, é claramente com Inglaterra que nos damos melhor a nível futebolístico, tanto em termos de clubes como de selecções. A primeira mão, na Luz, foi o típico jogo em que as duas equipas jogam para o 0-0. Que foi desfeito perto do fim a favor das águias, num lance de bola parada. Em Anfield Road o Benfica começou por ser feliz ao não sofrer golos no início do jogo e foi ganhando confiança. Tanta que nos três ataques perigosos que fez atirou uma bola à trave e marcou dois golos. Os quartos-de-final estavam aí. O adversário sorteado era o mais temido, o Barcelona. Esperava-se nova superação encarnada, mas desta vez não deu. Os catalães, mesmo desfalcados a nível defensivo e com problemas de concretização, foram claramente superiores, mais que o 2-0 final demonstra. Podem os benfiquistas argumentar o penalty por marcar na primeira mão ou o falhanço de Simão na segunda, mas muito mais aconteceu em 180 minutos e a verdade é que o Barcelona teve, ao todo, cerca de 20 ocasiões claras de golo (!). Portanto, não há nada a dizer quanto ao desfecho da eliminatória.
FC Porto

Sporting

A Taça UEFA era a esperança do Sporting para o resto da temporada. Passado o desgosto da eliminação da Champions, os leões acreditavam que desta vez era possível conquistar o título que o ano passado lhes tinha escapado de forma inglória. O adversário inicial prenunciava um bom início de caminhada. O Halmstads era um velho conhecido leonino, que o tinha despachado da prova sem problemas há quatro anos. A vitória por 2-1 na Suécia confirmou o favoritismo luso. Nada fazia prever o que aconteceu na segunda mão, onde o Sporting perdeu por 2-3 após prolongamento e disse adeus à prova. Foi mais um capítulo do pesadelo Peseiro. O Halmstads mostrou estar tão preparado para a fase de grupos que nem um ponto somou, sofrendo derrotas por 0-1, 0-5, 1-3 e 0-3. Foi claramente uma das grandes vergonhas europeias da história do Sporting.
Vitória de Guimarães
O Vitória de Guimarães deixou na Europa uma imagem muito semelhante à que tem mostrado na Liga portuguesa: bom futebol e fracos resultados. Se há equipa que tem sido infeliz nesta temporada é a de Jaime Pacheco (primeiro) e Vítor Pontes (depois). Os vimaranenses tiveram de defrontar na 1ª eliminatória o Wisla Cracóvia, equipa que tinha sido eliminada da Liga dos Campeões pelo Panathinaikos, com muita dificuldade. Pela experiência europeia do adversário esperava-se uma tarefa difícil para os portugueses, mas estes ultrapassaram-na com distinção, com vitórias por 3-0 e 1-0.
Na fase de grupos, o sorteio não foi o mais favorável, com o Vitória a apanhar equipa experientes e de categoria acima da média. Os dois primeiros jogos marcaram o percurso vimaranense. Tudo começou com uma derrota no terreno do Zenit S. Petersburgo por 1-2, num dos jogos com arbitragem mais deplorável que pude ver nas provas europeias. O Vitória nunca ganharia aquele jogo, e muito fez por isso. Em seguida, o Guimarães recebeu o Bolton e voltou a jogar bem. Chegou à vantagem perto do fim e, quando já ninguém esperava, sofreu o empate, num grande golo do português Vaz Tê. As hipóteses da passar à fase seguinte tornaram-se muito remotas e o Vitória acabou por perder os dois últimos jogos, frente a Sevilha e Besiktas, ambos por 1-3.
Sporting de Braga e Vitória de Setúbal
O Sp. Braga voltou a participar na Taça UEFA, tal como na época anterior. E mais uma vez falhou logo na primeira eliminatória. E novamente frente a um adversário acessível. Primeiro o Heart, da Escócia, agora o Crvena Zvezda, da Sérvia e Montenegro. Os sérvios já foram um nome grande na Europa (foram campeões europeus nos anos 90), mas agora constituem um adversário ao alcance das melhores equipas portuguesas. E o Braga, que se tem vindo a consolidar como uma das mais fortes equipas da nossa Liga, não foi capaz de passar este adversário. O 0-0 de Belgrado era prometedor, mas o 1-1 de Braga deitou tudo a perder.
O Vitória de Setúbal chegou à Taça UEFA enquanto detentor da Taça de Portugal. O sorteio foi pouco simpático e reservou para os sadinos a Sampdoria, quinta classificada do último campeonato italiano. O favoritismo da equipa genovesa era notório, mas o Vitória esteve ao seu melhor nível e só deixou o adversário descansar após o apito final da segunda mão. Depois de um empate a um golo no Bonfim, a Sampdoria venceu a segunda mão por 1-0.
3 Comments:
Aquele "pontapé" do Beto com os dois pés é daqueles momentos que deviam ser relembrados nas compilações de "momentos mais engraçados" que passam nas televisões a 31 de Dezembro.Aquele senhor merece um blog inteiro exclusivamente dedicado a ele.
Referes-te ao "FAZER UM BETO"?
Diz-se do movimento, praticado por um jogador rudimentar, que consiste em pontapear a bola com o pé errado, seguido de chuto na atmosfera, e que normalmente resulta em golo do adversário.
(Expressão mais utilizada no sul de Portugal, suspeita-se que tem origem na região espanhola da Catalunha)
Exemplo: Viste, aquele jogador fez um Beto?
O beto está devidamente homenageado na página passarinhos-fritos como o jogador mais valioso do jogo da Catalunha. Um brinquinho :)
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