13 junho, 2006

Campeonatos do Mundo - Espanha 1982

Pela 1ª vez desde 1954, a FIFA decidiu aumentar o número de equipas presentes no campeonato do Mundo de 16 para 24. A uma primeira fase com 6 grupos de 4 equipas em que passavam os 2 primeiros, seguia-se uma 2ª fase com 4 grupos de 3 equipas. Os primeiros de cada grupo avançavam para as meias-finais.
Para não fugir à regra Portugal voltou a falhar a qualificação. Incluído no grupo 6 da zona UEFA com Irlanda do Norte, Escócia, Suécia e Israel, Portugal começou com um satisfatório empate a zero em Glasgow. A 2 vitórias caseiras ante Irlanda do Norte e Israel, seguiram-se 4 derrotas amargas. Na despedida uma vitória contra a já apurada selecção escocesa. Ficámos no 4º lugar do grupo a 2 pontos da Irlanda do Norte, 2º apurado.

Grupo A: Itália, Camarões, Peru e Polónia
Depois da excelente performance da Tunísia 4 anos antes, África continuou a impressionar. Os camarões despediram-se da competição com 3 pontos frutos de outros tantos empates.
Não fosse um golo mal anulado a Roger Milla no jogo contra o Peru, e os leões indomáveis passariam à 2ª fase.
A Polónia de Zbigniew Boniek e do veterano Grzegorz Lato venceu o grupo com 4 pontos. Na última jornada os polacos brindaram o Peru com concludentes 5-1.
Sem convencer e sem ganhar a Itália passou em 2º lugar, superiorizando-se aos Camarões no goal average.

Grupo B: Argélia, Chile, RFA e Áustria
Começou e acabou com contornos de escândalo este grupo. A Argélia surpreendeu a favorita RFA ao vencer por 2-1.
Após vacilar por 0-2 contra a Áustria, os argelinos derrotaram o Chile por 3-2.
Um pobre escalonamento dos jogos por parte da FIFA, permitiu que Austríacos e Alemães pudessem “combinar” o resultado do seu jogo em prejuízo dos africanos.
A RFA bateu a Áustria por 1-0 e ambas as selecções seguiram em frente.
Depois do escândalo do Argentina-Peru em 1978, a FIFA voltava a cometer um erro que haveria de corrigir. A partir de 1982 os últimos jogos da fase de grupos passariam a ser à mesma hora.

Grupo C: Argentina, Bélgica, El Savador, Hungria
A 13 de Junho em Camp Nou, Bélgica e Argentina encontraram-se, no jogo inaugural do campeonato do mundo. A multidão catalã estava ansiosa para ver a sua nova estrela, contratada por valor record, Diego Armando Maradona. Com cerca de uma hora de jogo, Erwin Vandenbergh marcou o tento solitário que valeu a derrota dos campeões mundiais.
O treinador Minotti foi duramente criticado por continuar a apostar nos campeões mundiais de 78, contudo a Argentina conseguiu recuperar somando por vitórias os 2 jogos seguintes.
No dia 15 de Junho, assistimos ao massacre de Elche, com a Hungria a cilindrar El Salvador com expressivos 10-1. Em 7 minutos Laszlo Kiss conseguiu o hat-trick mais rápido de sempre da história dos mundiais.
Após perderem 4-1 com a Argentina, os magiares estavam obrigados a vencer a Bélgica no 3º jogo. O empate a 1-1 bola valeu aos belgas a vitória no grupo.


Grupo D: França, Inglaterra, Checoslováquia e Kuwait
12 anos volvidos, os Ingleses voltaram ao Mundial de futebol! Em grande estilo, com a selecção de sua magestada a somar por 3 vitórias os 3 jogos da 1ª fase. De destacar sobretudo os 3-1 no jogo contra a França.
Na 2ª jornada, os gauleses venceram os Kuwait por 4-1 num jogo marcado por um episódio no mínimo caricato, já relatado entretanto numa posta anterior.
Fahid Al-Sabah
Os “azuis” passaram à fase seguinte com 3 pontos, mais 1 que a Checoslováquia.
O Kuweit despediu-se com 1 ponto e uma participação dignificante.

Grupo E: Espanha, Honduras, Irlanda do Norte e Jugoslávia
Depois da pobre prestação de El Salvador no jogo contra a Hungria, pensou-se que o outro representante da CONCAF seria presa fácil para os anfitriões. Nada mais errado! Os hondurenhos conseguiram arrancar um surpreendente empate a uma bola. Após novo empate a 1-1 contra a Irlanda do Norte e as Honduras chegavam ao último jogo com legítimas aspirações de seguir em frente. A Jugoslávia venceu 1-0, acabando as duas selecções por serem eliminadas.
Com 4 pontos a Irlanda do Norte venceu o grupo, seguida da Espanha com 3 e um saldo nulo de 3 golos marcados e 3 golos sofridos. A Jugoslávia ficou de fora com 3 pontos, 2 golos marcados e 2 sofridos.

Grupo F: Brasil, Escócia, URSS, Nova Zelândia















O Brasil chegou a Espanha com a melhor equipa desde 1970, arriscando alguns que esta equipa de 1982 seria ainda melhor. Uma grande equipa que apenas pecava no guarda redes, um tal de Waldir Peres do São Paulo (e Carlos no Banco!) e no ponta lança, o também São Paulista Serginho Bernardino.
Após uma performance não muito conseguida contra a URSS, onde o escrete venceu por 2-1, Zico, Falcão, Sócrates e Cª brindaram a Escócia (4-1) e a Nova Zelândia (4-0) com o chamado “futebol arte”.
Com a Nova Zelândia fora do apuramento, soviéticos e escoceses disseram a outra vaga para a 2ª fase. Um empate a 2 bolas, favoreceu a URSS que passou graças ao gol average.

2ª FASE
Grupo 1: URSS, Polónia e Bélgica
Depois de vencerem a Bélgica, Polónia e URSS encontraram-se no último jogo para decidir a passagem ás meias-finais. O nulo permitiu a passagem dos Polacos a quem bastava o empate.







Grupo 2: Inglaterra, Alemanha e Espanha
A Alemanha venceu o grupo, depois de derrotar a Espanha e empatar a zero com a Inglaterra.
Os ingleses saíram invictos da competição, após novo nulo com a Espanha. A lesão de Kevin Keegan justifica em grande parte a ausência de golos nesta 2ª fase.
Os espanhóis desiludiram no seu mundial.

Grupo 3: Itália, Brasil, Argentina
Os campeões mundiais desiludiram. A indisciplina tomou conta dos argentinos que acabaram os 2 jogos reduzidos a 10 unidades.
Maradona foi o espelho da frustração ao ser expulso após pontapear um jogador brasileiro. Nas derrotas por 2-1 contra a Itália e 3-1 contra o Brasil, somente Daniel Passarela esteve ao nível de 1978. Kempes foi uma sombra do fenomenal jogador que aniquilou a laranja mecânica na final de Buenos Aires e Ramon Diaz, o novo ponta de lança, foi uma desilusão.
No jogo da decisão, a Itália bateu o Brasil por 3-2, com Paolo Rossi a marcar o hat-trick cruel.
Naquela tarde de 5 de Julho, Barcelona viu cair o futebol arte de Tele Santana. O "Catenacio" rumava ao título.
O Pesadelo Canarinho

Grupo 4: França, Irlanda do Norte, Áustria
Com 2 vitórias em 2 jogos, a França em crescendo dominou o grupo.
Irlanda do Norte e Áustria conseguiram 1 ponto cada.

Meias-Finais
Itália 2 Polónia 0
Paolo Rossi continuou “on fire” marcando os 2 golos da Itália.
Boniek a cumprir castigo foi o grande ausente e polacos ressentiram-se.

França 3 RFA 3 (5-4 nos Pks)
Um grande jogo de futebol com a RFA a vencer nos penaltys, após recuperar uma desvantagem de 2 golos já no prolongamento.
O árbitro holandês foi duramente criticado, após ter feito vista grossa a entrada violenta do guardião Schumacker sobre Patrcik Battiston. O jogador francês saiu inconsciente rumando ao hospital.
Incompreensivelmente, os gauleses não souberam guardar a vantagem.
Schumacker emergiu como o herói no 1º desempate por grandes penalidades numa fase final do campeonato do mundo.
A França era eliminada, mas conquistava, tal como o Brasil, os corações dos adeptos do futebol. Platini era o maestro de uma orquestra afinada, que venceria o Europeu 2 anos mais tarde.

3º e 4ª Lugares
Polónia 3 França 2
Após o estafante jogo contra a RFA nas meias-finais a França apresentou-se com as reservas, o que seria fatal.
Após cumprir castigo, Boniek voltou e liderou a Polónia à medalha de bronze.

Final
RFA 1 Itália 3













Itália: Dino Zoff "C", Giuseppe Bergomi, António Cabrini, Fulvio Collovati, Claudio Gentile, Gaetano Scirea, Gabriele Oriali, Marco Tardelli, Bruno Conti, Francesco Graziani (Alessandro Altobeli aos 7 min) (Franco Causio aos 89 min), Paolo Rossi

RFA: Harald Schumacher,Hans-Peter Briegel, Karlheinz Förster, Bernd Förster, Uli Stielike, Manfred Kaltz, Paul Breitner, Wolfgang Dremmler (Horst Hrubesch aos 62 min), Pierre Littbarski, Klaus Fischer, Karl-Heinz Rummenigge "C" (Hansi Müller aos 70 min)

Tal como a França, a Alemanha Ocidental pagou cara a factura após o jogo de alta intensidade das meias-finais.
Anos mais tarde confidencializaram os germânicos, que sabiam ser muito difícil vencer caso os transalpinos marcassem primeiro.
A final já recebeu honras de posta neste blog, podendo ser acompanhada no seguinte link:

Pragmatismo vs Frieza

Para ver vezes sem conta os festejos de Tadelli. Foi aos 69 minutos que o médio defensivo da Juventus de Turin fez o 2-0, num remate cruzado ao poste esquerdo de Schumacher. As imagens que se seguem são pura beleza...!



MELHORES MARCADORES
Paolo Rossi (Itália): 6 golos
Zico (Brasil): 4 golos
Boniek (Polónia): 4 golos
Karl Heinz Rummenigue: 4 golos