11 junho, 2006

Campeonatos do Mundo - Argentina 1978

Em 1978 o Campeonato do Mundo, pela 1ª vez desde 1962, voltou ao continente americano.
A FIFA presenteou a Argentina com a organização do torneio, contudo a caos instalou-se uma vez que o país sul-americano vivia sobre o regime ditatorial militar do general Videla. Milhares de pessoas foram mortas, entre elas Omar Actis, presidente do Comité de Organização do Campeonato do Mundo.
O Cepticismo aumentou entre as nações participantes, que temiam pela sua segurança. Contudo, a Junta garantiu que não haveriam sinais de violência durante o torneio.
Não convencido, o melhor jogador do mundo Johan Cruyff não viajou com a sua laranja mecânica. O alemão Paul Breitner seguiu-lhe o exemplo.

Portugal não esteve presente no mundial de 1978, muito por culpa de uma derrota por 0-2 (no antigo estádio das Antas) com a Polónia.
Seguiram-se 3 vitórias consecutivas ante Dinamarca (2) e Chipre.
No jogo da decisão, em Chorzów, empatamos a uma bola e aniquilamos todas as esperanças.
Na despedida 4 secos a Chipre, no antigo São Luís em Faro.

Estiveram presentes em solo argentino, 16 selecções repartidas por 4 grupos.
Grupo A: Argentina, Itália, França e Hungria
A Itália venceu o grupo com 6 pontos (3 vitórias). Os transalpinos apresentaram-se com jovens estrelas emergentes, que atingiriam o auge 4 anos mais tarde em Espanha. A vitória por 1-0 na 3ª jornada do grupo permitiu à “squadra azurra” vencer o grupo.
A França, apresentou-se igualmente com uma equipa bastante promissora, contudo a passagem à próxima fase apresentava-se bastante difícil. Derrotas por 1-2 contra argentinos e italianos, mandaram para casa os futuros campeões europeus de 1984.

Grupo B: RFA, Polónia, Tunísia e México
A 2 de Junho a Tunísia fez história ao bater o México por 3-1. Foi a 1ª vez que uma selecção africana venceu um jogo numa fase final do campeonato do Mundo. Após o fracasso da participação do Zaire 4 anos antes, foi um importante passo para o futebol africano. Os tunisinos confirmaram a boa campanha, ao empatarem a zero, na 3ª jornada, com os campeões em título. Não chegou contudo para passar.
A Polónia venceu o grupo com 5 pontos (2V e 1E), seguida pela RFA com 4 (1V e 2D).

Grupo C: Brasil, Espanha, Áustria e Suécia
Passaram à fase seguinte Áustria (2V e 1D) e Brasil (1V e 2E) com 4 pontos cada, em prejuízo de “nuestros hermanos” que se quedaram na 3ª posição com 3 pontos.
Crónico candidato ao título, o Brasil apresentou-se sem o fulgor de outras edições.
Rivelino esteve no mundial pela última vez, contudo não foi eficiente. O craque Zico passou demasiado tempo no banco.
Nelinho e Dirceu impressionaram o Mundo através dos seus pontapés livres, uma especialidade brasileira ao longo dos anos.

Grupo D: Peru, Holanda, Irão e Escócia
Liderados por Teofilio Cubillas os peruanos venceram o grupo com 5 pontos, fruto de 2 vitórias e 1 empate.
Uma vez mais a Escócia não conseguiu passar à próxima fase. A talentosa selecção escocesa onde pontificavam Kenny Dalglish e Souness foi uma vez mais para casa após os primeiros 3 jogos.
Peru (3-1) e Irão (1-1) aniquilaram as aspirações escocesas. Os britânicos terminaram contudo, a sua participação em grande estilo ao bateram a Holanda por 3-2. Nesse jogo Archie Gemmill marcou o famoso “solo-gol”, o melhor do torneio.
Os escoceses ficaram de fora pela diferença de golos. A Holanda seguiu em frente.

As 8 equipas que passaram à fase seguinte foram divididas em 2 grupos de 4, encontrando-se os vencedores de cada grupo na grande final de Buenos Aires. Os segundos classificados iriam disputar os 3º e 4º lugares.

Grupo 1: RFA, Holanda, Áustria e Itália
Após um início algo complicado, a laranja mecânica atingiu o esplendor de 1974 ao vencer o grupo com 5 pontos (2V e 1E).
Começaram bem os vice-campeões mundiais, ao vencer a Áustria por 5-1. Ao empate com a RFA por 2-2, seguiu-se a vitória sobre os transalpinos por 2-1.
A Itália foi 2ª com 3 pontos, ganhando o direito de disputar o jogo da consolação.
A RFA órfã de Franz Beckenbauer (entretanto retirado) e Breitner desiludiu.

Grupo 2: Brasil, Argentina, Polónia e Peru
O grupo da polémica com o Brasil a ser eliminado invicto.
Os brasileiros fizeram 5 pontos, tantos quanto os anfitriões. Ficaram de fora devido ao gol average.
Á entrada para a última jornada Brasil e Argentina tinham 3 pontos cada e um saldo de 3-0 e 2-0 respectivamente.
Os canarinhos venceram a Polónia por 3-1, enquanto os azuis-celestes esmagaram o Peru por 6-0. Ainda hoje se pensa que Cubillas e Cª facilitaram.

No jogo para o 3º e 4º lugares, o Brasil conquistou a medalha de bronze ao vencer a Itália por 2-1.

A grande final teve lugar em Buenos Aires no Estádio Monumental, perante 77260 espectadores eufóricos.



Argentina: Ubaldo Fillol, Luis Galvan, Jorge Olguin, Daniel Passarella (c), Alberto Tarantini , Osvaldo Ardiles (Omar Larrosa 66min), Daniel Bertoni, Americo Gallego, Mario Kempes, Leopoldo Luque, Oscar Ortiz (Rene Houseman 75min)

Holanda: Jan Jongbloed, Jan Jongbloed, Jan Jongbloed, Ernie Brandts, Wim Jansen (Wim Suurbier 73min), Arie Haan, Rene van de Kerkhof, Willy van de Kerkhof, Johan Neeskens, Rob Rensenbrink, Johnny Rep (Dick Nanninga 59 min)

Mário Kempes confirmou ser a grande estrela do torneio. O jogador do Valência foi o único futebolista que não actuava no seu país a ser convocado pelo seleccionador Menotti.
Após um início algo discreto, o nº10 argentino marcou nos jogos vitais da 2ª fase, tendo inclusive bisado na final (38 e 105 min). Kempes assistiu igualmente para o 3º golo da autoria de Daniel Bertolli (116 minutos).
A kempes juntou-se as excelentes exibições de Fillol na baliza, a liderança de Daniel Passarela na defesa e a cultura táctica e Oswaldo Ardilles.
Foi a mistura ideal para conquistar o título de campeão mundial, algo que os argentinos procuravam, desde 1930, ano em que foram derrotados na final pelo Uruguai.
A Holanda saía uma vez mais derrotada pela nação organizadora, desta vez no prolongamento.
Depois de Dick Nanninga (82 minutos) a passe de Rene van de Kerkhof ter igualado a partida, , a longa perna Rob Rensenbrink quase silenciava Buenos Aires. Teria sido o título para a Holanda e o 6º golo de Rensenbrink, algo que lhe valeria o título de melhor marcador em prejuízo de Kempes.
No prolongamento a Argentina foi claramente superior e acabou por vencer por 3-1.
Curiosamente, a Holanda não se qualificou mais até ao mundial de Itália em 1990.

MELHORES MARCADORES
Mário Kempes (Argentina): 6 golos, Teofilio Cubillas (Peru): 5 golos, Rob Resnsenbrin (Holanda): (5 golos), Leopoldo Luque (Argentina): 4 golos, Hans Krankl (Áustria): 4 golos

2 Comments:

At 5:15 da manhã, Blogger n_sardas said...

aquela vitoria da Argentina contra o Peru será sempre uma historia que ainda não está completa

 
At 4:46 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Desse mundial fica-me nos olhos a final (que jogatana!) e nos ouvidos a música de Astor Piazzola - foi nessa altura que a conheci.
O resto é para esquecer.

 

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