05 julho, 2006

Campeonatos do Mundo - Coreia/Japão 2002

Com a chegada do novo milénio, o futebol ameaçou entrar num novo estado: a pós-pós modernidade! Pela primeira vez o mundial chegou à Ásia e pela primeira vez 2 países organizaram a competição. Coreia-Japão 2002, sem margem para dúvidas o pior mundial de sempre, futebol de pôr os olhos em bico, arbitragens cómicas de levar às lágrimas, em suma…espectáculos nauseabundos que nos fizeram pensar que afinal o Itália 90 não foi assim tão mau!
Portugal marcou presença pela 3ª vez numa fase final do campeonato do mundo. A geração de ouro qualificou-se às custas da laranja mecânica, iniciando uma série de confrontos com holandeses sempre às nossas cores.

Grupo A: Senegal, França, Dinamarca e Uruguai

A França, campeã mundial, da Europa e das Nações afigurava-se como a vencedora mais que lógica do grupo. Contudo viu-se privada de Zidane, lesionado num amigável, poucos dias antes do início da competição.
Começou de forma hilariante o mundial, com o “debutante” Senegal a derrotar a França com um golo de Papa Bubba Diop a passe de El-Hadji Diouf. Nomes que dá orgulho pronunciar.
Após empate sem golos com o Uruguai os campeões mundiais tinham que vencer a Dinamarca por uma diferença de 2 golos. Zidane estava de volta, contudo não foi suficiente e Tomasson e companhia triunfaram por 2-0. A melhor selecção mundial regressava a casa sem honra, sem glória e sem golos.
A Dinamarca venceu o grupo com 7 pontos, seguida do Senegal com 5.
O Uruguai de Recoba ficou em 3º lugar com 2 pontinhos fruto de 2 empates.

Grupo B: Espanha, Eslovénia, África do Sul, Paraguai
Um grupo deveras engraçado com o nosso bem conhecido Zahovic a pegar-se de razões com o seleccionador esloveno.
A Espanha orientada por Camacho venceu facilmente o grupo com 9 pontos.
Paraguai e África do Sul lutaram arduamente por um lugar nos oitavos de final. Terminaram ambas com 4 pontos. Um score de 6 golos marcados e 6 sofridos, contra 5 marcados e 5 sofridos, valeu a passagem aos sul-americanos.
No último lugar ficou a Eslovénia, com zero pontos, mas com Zahovic suspenso.

Grupo C: Brasil, Turquia, Costa Rica e China
Tal como no grupo anterior, tivemos uma equipa que metralhou a concorrência tendo vencido os 3 jogos, 2 equipas que terminaram em igualdade pontual na 2ª posição com 4 pontos e um bombo da festa, a China.
Malgrado dificuldades inesperadas para conseguir o apuramento na zona sul-americana, Felipão montou uma equipa bastante forte, alicerçada numa defesa coesa, deixando a frente de ataque entregue aos 3 Rs (Ronaldo, Ronaldinho e Rivaldo) magníficos.
Está certo que os canarinhos provocaram a desconfiança geral após uma vitória polémica por 2-1 sobre a Turquia no jogo de abertura, contudo os 4-0 à China e os 5-2 à Costa Rica, espelharam que estávamos na presença do mais série candidato.
O goal average permitiu à Turquia de Nihat e Hakan Sukur avançar para os oitavos.

Grupo D: Coreia do Sul, USA, Portugal e Polónia

Agora sim, entramos na verdadeira essência da pós-pós modernidade. Apenas recordo este mundial pelas gargalhadas dispendidas às custas da selecção portuguesa.
Primeiro Vítor Baía faz 2 grandes defesas (na mesma jogada) contra a China e salta sem se saber bem porquê para a titularidade, sendo Ricardo (então em grande forma) relegado para o banco de suplentes.
Depois António Oliveira aparece misteriosamente de muletas, rezam as crónicas devido a uma noite com muito álcool e mulheres à mistura.
Começamos a prova contra os Estados Unidos, que nos surpreenderam com 3 de rajada. Beto e um autogolo de um defesa norte-americano ainda nos fizeram sonhar, contudo o pé não dava para tão grande pedalada e estava consumada a 1ª derrota portuguesa num jogo de estreia de uma fase final do Campeonato do Mundo.
Após uma vitória estrondosa por 4 bolas a zero contra aquela que seria supostamente a maior rival do grupo, chegámos ao último com hipóteses legítimas de passar. Hipóteses que João Pinto se encarregou de arruinar ao tentar partir a perna de um coreano em 4 ou 5 sítios diferentes. Expulso das 4 linhas, o “grande artista” desferiu um oblíquo ao fígado do árbitro da partida. Não fosse a frieza de Jorge “o Bicho” Costa e Armando “Petit” Teixeira e o caso poderia ter sido ainda mais grave.
Perdemos por 1-0 e deixámos, qual México 86, o Mundial, no 3º lugar no grupo.
Seguiram em frente Coreia e Estados Unidos.

O portentoso episódio da sarrafada de JVP ao coreano poderá ser recordado com mais ênfase aqui: http://futeblog-total.blogspot.com/2004_07_01_futeblog-total_archive.html


Grupo E: Alemanha, Irlanda, Camarões e Arábia Saudita
Depois do fiasco 2 anos antes no europeu, a Alemanha limpou a imagem ao vencer o grupo com 7 pontos.
Realce para a grande “cabazada” à Arábia Saudita com 8 golos sem resposta e o surgimento de um avançado talhado para marcar em mundiais, Miroslav Klose.
Os leões indomáveis, com as suas camisolas de basketball (prontamente proibidas pela FIFA) lutaram com a Irlanda pelo 2º lugar.
Levaram a melhor os britânicos que conseguiram 5 pontos, acabando a 1ª fase invictos.
A Arábia despediu-se sem golos, sem pontos e com 12 “enfardados”.

Grupo F: Suécia, Argentina, Nigéria e Inglaterra

No apelidado grupo da morte, a Argentina acabou por desiludir.
Os alvi-celestes começaram da melhor maneira batendo a Nigéria por 1-0. Seguiu-se a vingança inglesa com David Beckham a bater Caballero de grande penalidade.
O empate a 1 bola no 3º jogo contra a Suécia, levou às lágrimas uma nação que apostava forte no tri.
Ingleses e Suecos seguiram em frente, com 5 pontos cada.

Grupo G: México, Itália, Croácia e Equador
Polémica, com a Itália de Trap a protestar o jogo contra a Croácia. Venceram os dos Balcãs por 2-1 com o juiz da partida a anular 2 golos aos “azurris”.
O México foi primeiro com 7 pontos, à frente da Itália com 4.
Equador e Croácia repartiram o último lugar com 3 pontos fruto de uma vitória.

Grupo H: Japão, Bélgica, Rússia e Tunísia
Perante a histeria do público local, Nakata liderou o Japão à vitória do grupo com 7 pontos. Os nipónicos começaram por empatar a 2 bolas com a Bélgica, tendo vencido os 2 jogos seguintes.
A Bélgica foi 2ª com 5 pontos.
A Rússia desiludiu uma vez mais.
A Tunísia confirmou um mundial desastroso para África, onde só Senegal salvou a honra do continente negro.

Oitavos de Final
Começaram os oitavos de final com a Alemanha a derrotar o Paraguai com 1 golo de Oliver Neuville a passe de Bernd Schneider. Os comandados de Rudi Voller tinham em Oliver Kahn o expoente máximo. O guardião do Bayern de Munique seria o 1 guarda-redes a conquistar o título de melhor jogador do mundial.
Em Niigata, a Inglaterra afundou a armada viking com 3 tiros de canhão. Algo curioso se tivermos em conta a fase de grupos.
O Senegal confirmou-se como a grande sensação da prova, ao eliminar a Suécia. Decorria o minuto 103 quando Henri Camara bisou, desfazendo a igualdade a 1 bola.
Com 1-1 no final do prolongamento a Espanha venceu a Republica da Irlanda por 3-2 no desempate por pontapés na marca de grande penalidade.
No duelo da CONCACAF, os Estados Unidos levaram de vencida o México por 2-0.
Apesar da boa réplica, Felipão e o Brasil avançaram. 2-0 foi o resultado frente à Bélgica.
Nos 8ºs de final caiu um dos anfitriões. Foi o Japão que perdeu por 1-0 com a Turquia.
Para o fim fica o 1º roubo de igreja coreano. Foi a 18 de Junho em Daejeon. Frente a frente Itália e Coreia do Sul. Marcou primeiro a Itália por intermédio de Vieri de cabeça após um canto.
Uma falha de Pannuci permitiu aos coreanos empatar perto dos 90 minutos levando a partida para prolongamento.
Depois assistimos a um recital de mal arbitrar que teve na expulsão de Totti o apogeu. O capitão da Roma ludibriou um contrário sendo rasteirado para área de rigor. Os coreanos levaram as mãos à cabeça, sabiam que estavam perto da eliminação. Mas eis que o iluminado juiz equatoriano, de nome Byron Moreno Ruales, decidiu expulsar Totti por simulação!!!!!
Perto do fim os coreanos marcaram o golo de ouro, por intermédio de Ahn Jung-Hwan, atleta do Perugia que levou guia de marcha.

Quartos de Final
Em Shizuoka, David Seaman entrou para a galeria dos imortais ao levar a maior chapelada da história dos mundiais. Ronaldinho Gaúcho fez 2-1, confirmando a cambalhota no marcador.
No duelo de potências económicas, a Europa levou vantagem sobre os Estados Unidos. O 1-0 final, da autoria de Ballack, confirmou o acerto defensivo dos germânicos.
A 22 de Junho em Gwangju, assistimos ao 2º acto do “Roubo de Igreja Coreano”. Pela 1ª vez senti pena da selecção espanhola tal foi a crueldade que o árbitro da partida, o egípcio Gamal Ghandour, aplicou sempre que ajuizava um lance.
2 golos roubados e a decisão na lotaria das grandes penalidades a sorrir aos Coreanos que chegavam às meias finais sem saber ler e escrever.
Joaquin falhou e Hong Myung-Bo converteu o castigo decisivo.
Perante tal arbitragem sou obrigado a concluir que Valentim Ivanov é um génio da arbitragem e que Graham Poll tem o direito de mostrar 4 ou 5 cartões amarelos ao mesmo jogador antes de o expulsar.
No último jogo dos 4ºs, o Senegal caiu aos pés da Turquia. Um tento solitário de Ilhan Mansiz , já no prolongamento (foi de ouro… portanto!) levou os homens das basílicas às meias.

Meias Finais
A FIFA estava descontente com as arbitragens (pudera!) pelo que nomeou os melhores árbitros para as meias-finais.
Os favoritos seguiram em frente após vitórias por 1-0.
A Coreia caía finalmente! Parabéns à Alemanha e a Michael Ballack que aos 74 minutos furou a muralha coreana.

3º e 4º Lugar
No pior jogo de consolação de sempre, a Turquia conseguiu amortizar o descontentamento geral, vencendo os famigerados coreanos por 3-2.

Final
Estádio:Yokohama International Stadium, 69.029 espectadores


Perante a arbitragem do grande Pierluigi Colina, auxiliado pelo sueco Leif Lindberg e o inglês Philip Sharpeas equipas alinharam com:

Brasil
Marcos, Cafu, Roberto Carlos, Lúcio, Edmilson, Roque Jr, Gilberto Silva, Kleberson, Rivaldo, Ronaldo e Ronaldinho Gaúcho


Alemanha
Oliver Kahn (c), Thomas Linke, Carsten Ramelow, Christoph Metzelder, Torsten Frings, Bernd Schneider, Jens Jeremies (Gerald Asamoah aos 77 min), Dietmar Hamann, Marco Bode (Christian Ziege aos 84 min) , Oliver Neuville, Miroslav Klose (Oliver Bierhoff aos 74 min)

Com a Brasil a dominar claramente a partida a resistência germânica foi vencida aos 66 minutos, quando Oliver Kahn tem a sua única falha em todo o Mundial não segurando um remate fraco. Na recarga Ronaldo abriu o activo.
12 minutos mais tarde e o mesmo Ronaldo carimbou o 2 a 0. O Brasil era campeão do Mundo pela 5ª vez e Ronaldo com 8 golos, tornava-se no primeiro homem a quebrar a barreira dos 6 golos, desde 1974, altura em que o polaco Lato marcou 7.




Melhores Marcadores - Ronaldo (Brasil): 8 golos,
Miroslav Klose (Alemanha): 5 golos,
Rivaldo (Brasil): 5 golos,
Jon Dahl Tomasson (Dinamarca): 4 golos,
Christian Vieri (Itália): 4 golos

1 Comments:

At 4:07 da tarde, Blogger Tiago Gonçalves said...

Digo-te uma coisa: se fosse reunida toda a pós-modernidade existente no planeta e colocada toda em conjunto num boião o resultado só poderia ser...Coreia/Japão 2002. Pós-modernidade essa que atingiu o seu zenit com o senhor presidente do Perugia a despedir o Ahn por este ter marcado à Itália.

 

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