Campeonatos do Mundo - México 1986

O Mundial foi tão especial que Deus decidiu descer à terra e antecipar-se a Peter Shilton, carimbando o 1-0 para a Argentina no jogo dos quartos de final contra a Inglaterra.
Até a mascote era qualquer coisa de transcendente. Pique era fantástico só podendo ser igualado pelo Naranjito e,anos mais tarde, pelo cão do USA 94.

O México avançou, garantindo a continuidade da competição no hemisfério Oeste.
Tragicamente, o país foi abalado, em Setembro de 1985, por um violento tremor de terra. Contudo, um esforço enorme daqueles que são considerados os maiores molengas do mundo permitiu que tudo estivesse pronto a tempo e horas. Ok, os estádios não foram afectados.
Portugal esteve lá, fruto de uma campanha de qualificação com altos e baixos.
Destaque pela positiva para a vitória em Estocolmo e, claro, para a charutada do Carlão em Estugarda. “Deixem-me sonhar"...dizia José Torres antes de embarcar para a Alemanha Ocidental.
Os momentos mais importantes fase que qualificação portuguesa poderão ser vistos no seguinte link:http://oesfericonarede.blogspot.com/2005/07/rumo-ao-mxico-86.html
Estiveram presentes, no México, 24 equipas repartidas por 6 grupos.
Passavam aos oitavos de final, os 2 primeiros de cada grupo e os 4 melhores terceiros.
GrupoA: Itália, Argentina, Bulgária e Coreia do Sul
O campeonato começou com um entediante empate a uma bola entre os campeões em título e a Bulgária dos futuros “portugueses” Radi (Desp. Chaves), Mihaielov (Belenenses), Mladenov (Belenenses), Petrov (Beira Mar) e Guetov (Portimonense).
A Argentina venceu o grupo com 5 pontos (2V e 1E), seguida da Itália com 4 (1V e 2E).
Com 2 pontos, fruto de 2 empates por 1-1 (Itália e Coreia do Sul), a Bulgária acabou por ser um dos 4 melhores terceiros lugares seguindo em frente na competição.
Os coreanos, onde a figura de proa era Bun Chun Cha do Bayern Leverkusen, despediam-se mas deixavam boas indicações. Parabéns aos rapazes pela excelente réplica dada à Itália (2-3).
GrupoB: México, Bélgica, Paraguai e Iraque
O México, onde pontificava o “pichichi” do campeonato espanhol Hugo Sanchez venceu o grupo com 5 pontos (2V e 1E).
O Paraguai, já então uma selecção bastante aguerrida, ficou em 2º, invicto com 4 pontos.
Apesar do início comprometedor (derrota 2-1 com o México), os "diabos vermelhos" belgas avançaram para a fase seguinte.
O Iraque despedia-se sem glória …e sem pontos.
Grupo C: URSS, França, Canadá e Hungria

Realce para o jogo URSS – Hungria que mereceu honras num post anterior, e claro para o pontapé livre do Canadá. Num gesto inovador, os canadianos metiam uma mini barreira à frente da barreira contrária. Algo tão original como parvo! Os 2 elementos abriam, levando muitas vezes com o petardo do companheiro. Perdia-se uma situação de perigo e o adversário podia sair em contra-ataque.
A derrota por 6-0 com a demolidora URSS (ou Dínamo de Kiev + Dassaev) acabou com as esperanças magiares. Apesar da vitória frente ao Canadá, os de leste foram para casa.
Grupo D: Brasil, Espanha, Irlanda do Norte e Argélia
Começou o grupo com uma vitória tangencial dos canarinhos sobre a fúria espanhola. Podiam contudo, nuestros hermanos queixar-se do juiz da partida que não viu um golo limpo.
3 vitórias valeram ao Brasil o 1º lugar, seguido da Espanha com 4 pontos.
Irlanda do Norte e Argélia, de um tal Rabat Madjer, ficaram no último lugar com 1 pontinho.
Grupo E: Dinamarca, Uruguai, RFA e Escócia

A RFA fez uma fase de grupos sofrível, mas lá conseguiu, não se sabe bem como, ser 2ª com 3 pontos. Entraram mal os “panzers” germânicos, com Klaus Allofs a evitar a 10 minutos do final a derrota com o Uruguai.
Na última oportunidade da geração de ouro (Dalglish, Souness, Archibal e Cª) a Escócia voltou a desiludir e foi para casa com somente 1 pontinho, alcançado no último jogo ante o Uruguai (0-0). O embate entre sul americanos e britânicos teve a particularidade de Batista, jogador do Uruguai, ter sido expulso logo aos 56 segundos de jogo. É obra!
Os azuis celestes com 2 pontos e um saldo negativo de 5 golos (menos 2 que a Hungria) seguiram em frente.
Grupo F: Portugal, Marros, Polónia e Inglaterra
A campanha portuguesa pode ser vista mais ao pormenor neste link: http://oesfericonarede.blogspot.com/2005/07/no-mxico.html
Começou mal a Inglaterra ao perder com Portugal, naquele que foi a continuação de Estugarda.
Á entrada para a última jornada, os inventores do futebol tinham somente um ponto (empate a zero com Marrocos). Um Hat-trick de Lineker garantiu o 2º lugar o consequente apuramento.
Marrocos venceu o grupo de forma surpreendente. Foi a 1ª vez que uma selecção africana passou a fase de grupos.
A Polónia com 3 pontos foi 3º e seguiu em frente.
Oitavos de Final
O México bateu a Bulgária por 2-0, com o 2º golo a ser uma obra-prima do já falecido Manuel Negrete.
Naquele que foi talvez o primeiro grande jogo do mundial, a Bélgica venceu a URSS por 4-3, após prolongamento.
O Brasil esmagou a Polónia por 4-0, num jogo sem história e de sentido único.
Igualmente sem história, a Inglaterra bateu o Paraguai por 3-0, com um bis de Linecker.

Lothar Matthaus, com golo de livre directo a 10 minutos do fim, acabou com o sonho marroquino.
Num embate entre campeões. Os campeões europeus venciam os campeões mundiais por 2-0, com golos de Platini e Yanick Stopyra. A Itália despedia-se sem glória.
El Butre, com 4 tentos pôs a nu a debilidades defensivas da Dinamarca. 5-1 foi o resultado com que a Espanha brindou os nórdicos.
Quartos de Final:
Em Gualajara, Brasil e França ofereceram ao Mundo um recital de bem jogar à bola. Parafraseando um grande amigo, por vezes parecia que eram deuses que estavam nas 4 linhas. Começaram melhor os sul-americanos com Careca a fazer o 1-0. Plantini empatou à boca da baliza, após um centro de Rocheteau..
A 15 minutos do fim, o veterano Zico falhou um penalty (cometido sobre Branco).
O jogo foi prolongamento, acabando por ser decidido nos penaltys.
Sócrates falhou e Platini também, no dia em que comemorava o 31º aniversário. Júlio César foi o último a desperdiçar e a França avançou.
Belgas e Espanhóis também empataram a 1-1, com Señor (curtia mesmo o nome deste rapaz) a igualar para os ibéricos.
Nos penaltys, Jean Marie Pfaff fez valer toda a sua classe. E lá seguiu em frente a Bélgica.
RFA e México não fugiram à regra e também, decidiram o jogo nas grandes penalidades, após o 0-0 ao fim dos 120 minutos.
Nos anfitriões só Hugo Sanchez não tremeu. A RFA venceu vencer por 4-1.


Deus encarnou Maradona antecipando-se a Shilton para fazer 1-0. O golo foi irregular, uma vez que o todo poderoso jogou a bola com a mão. Minutos mais tarde, foi a vez do pequeno génio encarnar Deus, driblando meia equipa inglesa e entrando quase pela baliza a dentro.
O jovem John Barnes entrou e ainda teve tempo de cruzar para Lineker fazer o 2-1 de cabeça. Era o 6º golo do ponta de lança do Everton.
Meias Finais
Na reedição do Espanha 82, França e RFA voltaram a encontrar-se nesta fase da competição.
Foram mais fortes os germânicos que, na sua melhor exibição, venceram por 2-0.
Maradona continuou a reencarnar Deus, apontando os 2 golos com que a Argentina eliminou a Bélgica. O 2º golo é uma obra prima, ao nível daquelas que Diego nos habituou em 86.
No jogo do 3º e 4º lugar, a França subiu ao lugar mais baixo do pódio ao bater (com os suplentes), após prolongamento, a Bélgica por 4-2.
Final
29 de Junho de 1986. Estádio Azteca 2000 (114 600 espectadores)

Argentina: Nery Pumpido, Jose Luis Brown, Jose Cuciuffo, Oscar Rugeri, Sérgio Batista, Jorge Burruchaga (Marcelo Trobbiani aos 90 min), Diego Maradona "C", Hector Enrique,Ricardo Giusti, Julio Olarticoechea, Jorge Valdano
RFA: Harald Schumacher, Hans-Peter Briegel, Andreas Brehme, Karlheinz Förster, Dietmar Jakobs, Norbert Eder, Lothar Matthäus, Felix-Wolfgang Magath (Dieter Hoeness aos 63 min), Thomas Berthold , Karl-Heinz Rummenigge "C", Klaus Allofs (Rudi Voller aos 46 min)
Aos 22 minutos o defesa Brown fez de cabeça o 1-0, na sequência de um livre, marcado por Burruchaga, sobre o lado direito do ataque sul-americano. Schumacher ficou mal na fotografia ao sair completamente aos papéis.
Já na 2ª parte, Jorge Valdano surge isolado, perante a proximidade do guardião germânico, pergunta-lhe para que lado quer… fazendo o 2 - zero.
A perder a RFA reforçou o ataque e na sequência de 2 pontapés de canto haveria de lograr o empate. Primeiro aos 74 minutos por Karl-Heinz Rummenigue. 9 minutos volvidos Ruddie Voller de cabeça empatou o marcador.

A Argentina era campeã mundial e Maradona era eleito unanimemente o melhor jogador do Mundo.
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6 Comments:
Excelente post e grande Mundial que foi esse, dos mais memoráveis de sempre.
Infelizmente, para nós portugueses, foi a vergonha que se viu (história que se viria a repetir em 2002).
Saudações.
Falta de Jeito
Amigo Castro, satisfeito com os elogios feitos a Maradona?
ps: sempre tive a ideia q o teu ídolo de infância era Robbie Baggio.
Grandes Recordações que este Blog trouxe dos Mundiais... Parabens!!!
Este Mundial de 86 tem um significado especial para a minha geração (os quase 30) que viram pela 1º vez Portugal num Mundial... não foi a melhor recordação... mas aquela vitoria contra os ingleses foi memoravel!!!
Saudações
do já falecido Manuel Negrete...?
Será outro?
http://espndeportes.espn.go.com/news/story?id=464044
Carlos
Errata.
HA tempos li que tinha falecido no Brasil um antigo jogador de futebol chamado Manuel Negrete.
Parece q era outro.
Obrigado anónimo.
E dakeles mundiais k ninguem ker rekordar excepto a vitoria kontra os mestres ingleses
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