FC Porto – Campanha Europeia 1983-84
Foi há sensivelmente 23 anos que o nosso Porto chegou pela 1ª vez no seu historial a uma final europeia.
Sob o comando do mestre José Maria Pedroto, estavam criados os alicerces daquela que seria a equipa dominadora nas décadas seguintes.
Internamente venceram a Taça de Portugal e a Super Taça Cândido de Oliveira, vendo o Benfica, na altura a melhor equipa nacional, conquistar o campeonato. Depois do brilharete na época anterior, os encarnados chegaram aos 4ºs de final da taça dos campeões tendo sido copiosamente derrotados pelo Liverpool em pleno estádio da Luz. O jogo teve transmissão televisiva e eu apesar dos meus tenros 6 aninhos recordo-me bastante bem daqueles famigerados4-1.
Voltando ao FCP, a campanha europeia foi deveras difícil pairando várias vezes o espectro da eliminação. Normalmente valia Fernando Gomes com o seu instinto golear, era caso para dizer “Gomes resolve”.
Logo na 1ª eliminatória as coisas foram complicadas com o Partizan de Belgrado a vender bem cara a eliminação.
Depois do 2-1 na ex - Jugoslávia, Gomes fez o tento solitário aos 86 minutos.
Nos 8ºs de final o primeiro de dois confrontos com escoceses. Tudo estava muito complicado quando os protestantes de Glasgow fizeram por Mitchel o 2-0 aos 85 minutos. O pequeno Jacques foi enorme e reduziu para 2-1 aos 89 minutos criando um cenário bem mais azul... e branco.
Na 2ª mão o bi bota foi de novo decisivo e marcou aos 53 minutos o golo solitário que valeu o apuramento. Foi o seu 3º golo na prova.
Seguiu-se o Shakhtvor Donetsk da ex-URSS. Os soviéticos fizeram soar o alarme quando no 1º jogo, realizado no Porto, fizeram aos 38 minutos por Sokolovski o 0-2.
A abnegação e a crença dos comandos de Pedroto acabaria por virar o resultado. Jaime Pacheco marcou aos 41, Frasco aos 47 e Jacques aos 70. Um resultado escasso mas que dava vantagem.
15 dias depois Grachev, bateu Zé Beto aos 63 minutos e colocou o Donetsk com um pé nas meias finais. Em boa hora (72 minutos) Walsh decidiu marcar o seu único golo na campanha europeia.
Nas meias finais, coube em sorte o Aberdeen do lendário, na altura jovem, guarda redes Jimmy Leighton. Foi igualmente suado mas a eliminatória nunca esteve perdida.
No Porto, Gomes marcou aos 14 minutos e na Escócia Vermelhinho marcou aos 76.
A final foi a 16 de Maio de 1984. no estádio Jackob em Basileia na Suiça. O árbitro da partida foi o senhor Adolf Prokop, bastante criticado pelos portistas.
Alinharam as equipas com:
Juventus: Tacconi; Gentile, Brio, Scirea e Cabrini; Tardelli, Bonini, Vignola (Caricola) e Platini; Rossi e Boniek
Uma curiosidade, António Morais esteve no banco, porque Pedroto já se encontrava gravemente doente.
A temível Juventus, vice campeã europeia em 1983 e futura campeã em 1985, entrou melhor e Vignola adiantou os italianos em 12 minutos. Podem comprovar aqui que Zé Beto foi batido de forma estranha!
O nosso Porto equilibrou e à passagem da meia hora Sousa, bateu Tacconi com um remate rasteiro à entrada da área. Uma bela frangalhada do suplente de Zenga no Itália 90.
Ainda antes do fim da 1ª parte, a estrela da selecção polaca Boniek, estabeleceu o resultado final.
No final os jogadores não conseguiram oferecer a taça ao treinador, mas a Europa via surgir um novo grande.
Zé Beto: O malogrado José Alberto Teixeirinha estava no auge em 1983-84. Depois do apito final passou-se e atirou-se ao bandeirinha. Resultado, levou uns valentes meses de suspensão em jogos internacionais, o que levou o nosso Porto a ter que contratar outro GR, o polaco Mlynarczik.
Zé Beto estava uns furos abaixo de Baía, Bento ou Damas, mas estava acima de Silvino, Neno ou Quim.
Faleceu aos 29 anos vítima de acidente de viação.
Fonseca: Gr suplente, do qual me recordo sobretudo da sua passagem pelo histórico Grupo Desportivo de Chaves.
João Pinto: Um jovem que “roubou” o lugar ao antigo jogador do SCP Gabriel. Tornou-se num dos melhores laterais direitos de sempre do futebol português.
Lima Pereira: Alto, forte na marcação e excelente no jogo aéreo. Confirmou a excelente época com uma prestação digna no Euro-84. Um excelente jogador, na senda dos bons centrais do nosso Porto.
Eurico: Um dos poucos jogadores que completou o “triple-slam”, tendo actuado nos 3 grandes.
O seu Bar, Fox, no Porto é um lugar bastante aprazível, onde apesar da limitação ao nível do espaço, o antigo defesa central arranja sempre lugar para mais um.
Eduardo Luís: Defesa que antes de ingressar nos dragões, já havia passado pelo Benfica e pelo Marítimo, numa altura em que os verde rubros apenas lutavam para não descer.
Cheira-me que nos insulares terá sido colega de Toninho Metralha, avançado merecedor de 4 ou 5 posts futuros.
Inácio: Um lateral esquerdo já por várias vezes referido no nosso blog.
Enquanto jogador foi um campeão, como treinador nem por isso. Apesar de ter acabado com o jejum do SCP, bateu recentemente o mítico recorde de Luís Campos ao nível da despromoção de equipas numa época.
Frasco: Tinha bigode, pernas tortas, baixa estatura e um pulmão do caraças. Era um dos indiscutíveis no meio campo da equipa.
Jaime Pacheco: Outro carregador de piano no meio campo azul e branco. Raça, calvice precoce e classe.
Sousa: Foi dele o golo do empate na final.
Um petardo pós moderno e uma classe à qual o filho Ricardo jamais chegará.
Jaime Magalhães: O homem do toque de bola no meio campo. Era ela que dava um toque de classe numa zona do terreno onde abundavam os “trabalhadores”.
O que mais me aterroriza em Jaime Magalhães é a sua calvice precoce nada descortinável na época.
Costa: Jogava sobre o lado esquerdo e tinha talento.
Recordo-me dele também por umas entradas sobre os adversários um tanto ou quanto à margem da lei.
Walsh: Ponta de lança irlandês, era um perigo principalmente no jogo aéreo. Lembro-me de alguns golos que marcou ao Benfica, nomeadamente numa vitória por 3-1 nas Antas, numa partida em que Oliveira fez um auto-golo e Nené marcou o tento de honra dos encarnados.
Salvo erro acabou a carreira devido a um lance fortuito.
Vermelhinho: A sua passagem pelo nosso Porto resume-se ao golão que marcou ao Aberdeen e pouco mais. Como recompensa foi titular na final.
Também me recordo dele no Chaves e no Sporting de Braga.
Gomes: O bi bota estava no auge da sua carreira. Uma máquina de fazer golos que foi instrumental na campanha europeia do nosso Porto.
Superiorizava-se quase sempre a outros grandes goleadores como Nené, Jordão e Manuel Fernandes
Jacques: Ponta de lança de baixa estatura, farta cabeleira e bigode pós moderno que chegou a ser o melhor marcador do campeonato nacional.
É a par de Vata um dos piores jogadores que conquistaram a bola de prata.
Ainda me recordo dele no Sporting da Covilhã onde actuou ao lado de grandes militaristas como Barradas, Balseiro, António Borges, Gregório Freixo, Babá, Biri e Celso Maciel.