31 maio, 2007

FC Porto – Campanha Europeia 1983-84

Foi há sensivelmente 23 anos que o nosso Porto chegou pela 1ª vez no seu historial a uma final europeia.
Sob o comando do mestre José Maria Pedroto, estavam criados os alicerces daquela que seria a equipa dominadora nas décadas seguintes.
Internamente venceram a Taça de Portugal e a Super Taça Cândido de Oliveira, vendo o Benfica, na altura a melhor equipa nacional, conquistar o campeonato. Depois do brilharete na época anterior, os encarnados chegaram aos 4ºs de final da taça dos campeões tendo sido copiosamente derrotados pelo Liverpool em pleno estádio da Luz. O jogo teve transmissão televisiva e eu apesar dos meus tenros 6 aninhos recordo-me bastante bem daqueles famigerados4-1.
Voltando ao FCP, a campanha europeia foi deveras difícil pairando várias vezes o espectro da eliminação. Normalmente valia Fernando Gomes com o seu instinto golear, era caso para dizer “Gomes resolve”.
Logo na 1ª eliminatória as coisas foram complicadas com o Partizan de Belgrado a vender bem cara a eliminação.
Depois do 2-1 na ex - Jugoslávia, Gomes fez o tento solitário aos 86 minutos.
Nos 8ºs de final o primeiro de dois confrontos com escoceses. Tudo estava muito complicado quando os protestantes de Glasgow fizeram por Mitchel o 2-0 aos 85 minutos. O pequeno Jacques foi enorme e reduziu para 2-1 aos 89 minutos criando um cenário bem mais azul... e branco.
Na 2ª mão o bi bota foi de novo decisivo e marcou aos 53 minutos o golo solitário que valeu o apuramento. Foi o seu 3º golo na prova.
Seguiu-se o Shakhtvor Donetsk da ex-URSS. Os soviéticos fizeram soar o alarme quando no 1º jogo, realizado no Porto, fizeram aos 38 minutos por Sokolovski o 0-2.
A abnegação e a crença dos comandos de Pedroto acabaria por virar o resultado. Jaime Pacheco marcou aos 41, Frasco aos 47 e Jacques aos 70. Um resultado escasso mas que dava vantagem.
15 dias depois Grachev, bateu Zé Beto aos 63 minutos e colocou o Donetsk com um pé nas meias finais. Em boa hora (72 minutos) Walsh decidiu marcar o seu único golo na campanha europeia.
Nas meias finais, coube em sorte o Aberdeen do lendário, na altura jovem, guarda redes Jimmy Leighton. Foi igualmente suado mas a eliminatória nunca esteve perdida.
No Porto, Gomes marcou aos 14 minutos e na Escócia Vermelhinho marcou aos 76.
A final foi a 16 de Maio de 1984. no estádio Jackob em Basileia na Suiça. O árbitro da partida foi o senhor Adolf Prokop, bastante criticado pelos portistas.
Alinharam as equipas com:
Juventus: Tacconi; Gentile, Brio, Scirea e Cabrini; Tardelli, Bonini, Vignola (Caricola) e Platini; Rossi e Boniek
Treinador: Giovanni Trapattoni
FC Porto: Zé Beto; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Eduardo Luís (Costa);Jaime Magalhães (Walsh), Frasco, Jaime Pacheco e Sousa; Gomes e Vermelinho
Treinador: António Morais
Uma curiosidade, António Morais esteve no banco, porque Pedroto já se encontrava gravemente doente.
A temível Juventus, vice campeã europeia em 1983 e futura campeã em 1985, entrou melhor e Vignola adiantou os italianos em 12 minutos. Podem comprovar aqui que Zé Beto foi batido de forma estranha!
O nosso Porto equilibrou e à passagem da meia hora Sousa, bateu Tacconi com um remate rasteiro à entrada da área. Uma bela frangalhada do suplente de Zenga no Itália 90.
Ainda antes do fim da 1ª parte, a estrela da selecção polaca Boniek, estabeleceu o resultado final.
Reclamaram falta os portistas, mas para mim foi mais falta de jeito de Lima Pereira e uma saída disparatada de Zé Beto. Comprovem aqui.
Na segunda parte a equipa portuguesa dominou mas nunca conseguiu furar uma defesa recheada de campeões do mundo onde imperava o malograda Scirea.
No final os jogadores não conseguiram oferecer a taça ao treinador, mas a Europa via surgir um novo grande.

Plantel
Zé Beto:
O malogrado José Alberto Teixeirinha estava no auge em 1983-84. Depois do apito final passou-se e atirou-se ao bandeirinha. Resultado, levou uns valentes meses de suspensão em jogos internacionais, o que levou o nosso Porto a ter que contratar outro GR, o polaco Mlynarczik.
Zé Beto estava uns furos abaixo de Baía, Bento ou Damas, mas estava acima de Silvino, Neno ou Quim.
Faleceu aos 29 anos vítima de acidente de viação.

Fonseca: Gr suplente, do qual me recordo sobretudo da sua passagem pelo histórico Grupo Desportivo de Chaves.

João Pinto: Um jovem que “roubou” o lugar ao antigo jogador do SCP Gabriel. Tornou-se num dos melhores laterais direitos de sempre do futebol português.

Lima Pereira: Alto, forte na marcação e excelente no jogo aéreo. Confirmou a excelente época com uma prestação digna no Euro-84. Um excelente jogador, na senda dos bons centrais do nosso Porto.

Eurico: Um dos poucos jogadores que completou o “triple-slam”, tendo actuado nos 3 grandes.
O seu Bar, Fox, no Porto é um lugar bastante aprazível, onde apesar da limitação ao nível do espaço, o antigo defesa central arranja sempre lugar para mais um.

Eduardo Luís: Defesa que antes de ingressar nos dragões, já havia passado pelo Benfica e pelo Marítimo, numa altura em que os verde rubros apenas lutavam para não descer.
Cheira-me que nos insulares terá sido colega de Toninho Metralha, avançado merecedor de 4 ou 5 posts futuros.

Inácio: Um lateral esquerdo já por várias vezes referido no nosso blog.
Enquanto jogador foi um campeão, como treinador nem por isso. Apesar de ter acabado com o jejum do SCP, bateu recentemente o mítico recorde de Luís Campos ao nível da despromoção de equipas numa época.

Frasco: Tinha bigode, pernas tortas, baixa estatura e um pulmão do caraças. Era um dos indiscutíveis no meio campo da equipa.

Jaime Pacheco: Outro carregador de piano no meio campo azul e branco. Raça, calvice precoce e classe.

Sousa: Foi dele o golo do empate na final.
Um petardo pós moderno e uma classe à qual o filho Ricardo jamais chegará.

Jaime Magalhães: O homem do toque de bola no meio campo. Era ela que dava um toque de classe numa zona do terreno onde abundavam os “trabalhadores”.
O que mais me aterroriza em Jaime Magalhães é a sua calvice precoce nada descortinável na época.

Costa: Jogava sobre o lado esquerdo e tinha talento.
Recordo-me dele também por umas entradas sobre os adversários um tanto ou quanto à margem da lei.

Walsh: Ponta de lança irlandês, era um perigo principalmente no jogo aéreo. Lembro-me de alguns golos que marcou ao Benfica, nomeadamente numa vitória por 3-1 nas Antas, numa partida em que Oliveira fez um auto-golo e Nené marcou o tento de honra dos encarnados.
Salvo erro acabou a carreira devido a um lance fortuito.

Vermelhinho: A sua passagem pelo nosso Porto resume-se ao golão que marcou ao Aberdeen e pouco mais. Como recompensa foi titular na final.
Também me recordo dele no Chaves e no Sporting de Braga.

Gomes: O bi bota estava no auge da sua carreira. Uma máquina de fazer golos que foi instrumental na campanha europeia do nosso Porto.
Superiorizava-se quase sempre a outros grandes goleadores como Nené, Jordão e Manuel Fernandes

Jacques: Ponta de lança de baixa estatura, farta cabeleira e bigode pós moderno que chegou a ser o melhor marcador do campeonato nacional.
É a par de Vata um dos piores jogadores que conquistaram a bola de prata.
Ainda me recordo dele no Sporting da Covilhã onde actuou ao lado de grandes militaristas como Barradas, Balseiro, António Borges, Gregório Freixo, Babá, Biri e Celso Maciel.

28 maio, 2007

SCP - Campanha Europeia 2004-05

Não fossem Dias Ferreira, João Braga, Eduardo Barroso e algumas palermices sem pés nem cabeça, como o site vermelhices, e o meu carinho pelo Sporting Clube de Portugal seria ainda maior.
Sou do Benfica por tradição familiar, mas vibro com o Sporting nas competições europeias como se da selecção nacional se tratasse. Não posso ficar indiferente a um clube que formou Futre, Figo, Capucho, Quaresma, Simão, Ronaldo, Nani, Boa Morte, Miguel Veloso, Moutinho e tantos outros.
Em 2004-05 os leões estiveram perto de me dar uma alegria quando por 45 minutos tiveram uma mão na Taça UEFA.
Era um Sporting de extremos capaz de golear numa jornada e perder na outra imediatamente a seguir.
Dizem que o SCP apenas não ganhou nada porque tinha um treinador que nasceu para perder, mas a verdade é que eles jogavam bonito.
Um grande jornalista da revista J elegeu a final de Lisboa como a 2ª maior desilusão da história do jogo, atrás do Brasil – Uruguai em 1950. Talvez seja exagerado, mas que doeu, doeu.
Em uma semana perdeu-se o campeonato e a UEFA. Peseiro desceu do céu ao inferno e ainda hoje é um dos treinadores mais mal amados lá para os lados de Alvalade.
A maratona europeia começou com o Rapid de Viena, venho conhecido que em 95-96 humilhou o Sporting, ao golear por 4-0 depois dos 2-0 de Lisboa.
9 anos depois foi diferente e o Sporting bem superior deixou para trás os austríacos depois de 2-0 em Alvalade e 0-0 em Viena.
Seguiu-se a fase de grupos, com Newcastle, Sochaux, Panionios e o histórico Dínamo de Tbilisi.
Uma vitória em Alvalade contra os gregos por 4-1 e outra na Geórgia por 4-0 deixaram o apuramento garantido. A derrota caseira contra o Sochaux foi um contratempo e o empate em Newcastle mostrou que os comandados de Peseiro tinham aspirações.
No final o 3º lugar do grupo com 7 pontos.
Nos 16 avos de final o Feynord de Roterdão de Kuyt e Kalou afigurava-se como um osso duro de roer, mas foi outro ponta - lança a fazer miséria. Liedson estive em grande nas duas vitórias por 2-1 que fizeram o filme da eliminatória.
Os 8ºs e os 4ºs de final ditaram confronto com ingleses.
O Midlesbrough de Jimmy e Viduka foi despachado com 2 vitórias, 3-2 em Inglaterra, com grande jogo de Douala e 1-0 em Lisboa, num daqueles jogos onde a malta cura as insónias.
Com o Newcastle as coisas foram mais complicadas. A derrota por 1-0 no Saint James Park não agourava nada de bom.
Os receios foram maiores quando Dyer marcou na 1ª parte aniquilando quase todas as esperanças de apuramento. Nicolai ainda antes do intervalo fez 1-1, renascia a esperança. Uma 2ª parte diabólica e 3 golos na baliza do irlandês Given deixaram por terra o clube do norte de Inglaterra.



Recordem aqui aquela noite de 14 de Abril de 2005.
O AZ Alkmaar de Co Adrianse foi o ultimo obstáculo antes da final.
Na 1ª mão os holandeses, relativamente desconhecidos adiantaram-se no marcador, mas o clube leonino empatou logo no minuto seguinte. Pinilla com um golão acabou por vencer por 2-1, um resultado nada seguro. Os golos do Sporting podem ser vistos aqui.
Em Alkmaar a tragédia esteve para acontecer. O Sporting era bem mais forte, mas os 2 grandes de Lisboa às vezes têm paragens sendo eliminados por adversários que não lembram ao diabo (que me perdoem a expressão).
O prolongamento já por si era estranho e pior ficaram as coisas quando os aguerridos holandeses fizeram o 3-1.
Valeu Miguel Garcia que no último minuto e na sequência de um canto fez de cabeça o golo que valeu a presença na final.


Tanto sofrimento para quê? O Sporting era bem superior!
A 18 de Maio de 2005, Alvalade vestiu-se de Gala para receber a sua 1ª final de uma prova europeia.
Alinharam as equipas com:
SPORTING:Ricardo; Miguel Garcia, Enakarhire, Beto e Tello; Rogério, João Moutinho, Rochemback e Pedro Barbosa; Sá Pinto e Liedson
Suplentes: Nélson, Rui Jorge, Polga, Custódio, Hugo Viana, Douala e Niculae
Treinador: José Peseiro

CSKA: AAkinfeev; Vassili Berezoutski, Ignashevich e Aleksei Berezoutski; Odiah, Aldonin, Rahimic e Zhirkov; Daniel Carvalho, Olic e Vágner Love
Suplentes: Mandrikin, Semberas, Gusev, Ferreyra, Krasic, Laizans e Salougine
Treinador: Valeriy Gazzaev

O árbitro da partida foi o inglês Grand Poll que esteve em bom plano.
Entrou melhor o Sporting e não estranhou o golão de Rogério. Os primeiros 45 minutos foram fantásticos, pintados de verde e branco, mas para azar as duas faces do Sporting 2004-05 revelar-se-iam naquela partida.
Sob a batuta de Daniel Carvalho, o CSKA deu a volta ao jogo na 2ª parte.
Primeiro com um golo de um dos gémeos Berezoutski, que cabeceou para a baliza de Ricardo após um livre apontado pelo médio brasileiro. Ricardo não terá ficado muito bem na fotografia.
Pouco tempo depois o mesmo Daniel Carvalho isolou Zhirkiv que à saída de Ricardo meteu-lhe a bola por entre as pernas e adiantou os russos.
Aos 74 minutos Rogério teve um perdida clamorosa, daquelas em que todas as palavras usadas para a sua descrição parecem poucas. No seguimento Wagner Love sentenciou a partida.
O bigode de Gazzaev derrotou o aspecto de talhante de José Peseiro. Foi pena!
Os russos que foram eliminados pelo nosso Porto na fase de grupos da champions, decidiram vingar-se nos rivais lisboetas.
Uma palavra para a substituição que Peseiro rubricou aos 88 minutos. Tirou Moutinho e meteu Hugo Viena. A isto chama-se timing!

Para finalizar este longa posta aqui fica o vídeo da final.

Plantel:
Ricardo: O GR com maior Curriculum na selecção nacional, era na altura um mal amado, tendo sido acusado inclusive de ter facilitado no 1º e 3º golos do CSKA.
Baixou os níveis exibicionais quando trocou o Bessa por Alvalade tendo inclusive perdido por algumas vezes a titularidade para Nelson.
A chegada de Paulo Bento foi benéfica para o nº 1 da selecção nacional, que é desde há 2 épocas indiscutivelmente o melhor guarda redes português.

Miguel Garcia: Marcou o golo em Alkmar que valeu a passagem à final e pouco mais se pode dizer.
É um daqueles jogadores cuja evolução ao longo dos anos tem sido nula.

Rogério: Médio centro de raíz, não convenceu quando chegou a Alvalade, mas a irregularidade de Mário Sérgio fez com que Peseiro encontrasse um lugar para o brasileiro no lado direito da defesa. Apesar de ser algo lento era complicadíssimo passar por ele, Simão que o diga.
Na final marcou um golão e falhou outro de forma incrivel.
Muita gente afirma que Peseiro errou ao colocá-lo no meio campo.

Beto: Um jogador de claque. A uns há que não se lhe perdoa nada, a outros perdoa-se tudo.
Muita garra, muito beijos no emblema e muitos festejos com a Juve Leo no final dos jogos.
Foi corrido do clube após esmurrar Custódio. A um capitão exigia-se mais cabecinha.

Anderson Polga: Só em 2006-07 confirmou os pergaminhos de campeão mundial em 2002.
Peseiro preteriu-o na final, o brasileiro amuou e recusou-se a alinhar na ultima partida contra o nacional.

Enakarhire: Betão. Foi o mais regular dos centrais do plantel leonino. Muito forte fisicamente, podia também alinhar à direita.
Saiu para o Dínamo de Moscovo, mas não se adaptou. Penso que somente o luso - venezuelano Dani vingou em terras de vodka, Kremlin e KGB.

Rodrigo Tello: Tal como Polga, só em 2006-07 se afirmou verdadeiramente, até lá tinha sido um grande fiasco que inclusive foi motivo de chacota no nosso blog. Mesmo assim alinhou na final, porque Rui Jorge já estava a dar as ultimas.

Rui Jorge: Enquanto as pernas ajudaram foi um dos melhores jogadores do Sporting. Instrumental na conquista dos títulos em 2000 e 2002.
Nesta altura já estava na curva descendente, bem descendente e acabou inclusive por ser preterido na final.

Hugo: Um central muito fraquinho que do Braga foi para a Samp de Génova.
Regressou a Portugal no Verão de2000 para representar o Dream Team Leonino. Nunca se afirmou.

Custódio: Discreto, eficaz e de grande utilidade.
Peseiro pode ter perdido a final ao ter preterido Custódio, entregando o seu lugar a Rogério. É certo que o brasileiro marcou o golo, mas...
Esteve na origem da ida de Beto para o Bordéus ao ter servido de saco de pancada para o central.
Actualmente perdeu o lugar para Miguel Veloso mas quem não perderia?

Rochemback: Um dos melhores do plantel. Não fossem uns quilinhos a mais em algumas fases da sua aventura leonina e Rocca poderia ter dado ainda mais ao clube.
Peseiro não abria mão dele, Paulo Bento também não abriria não fosse o internacional sub-21 brasileiro ter rumado ao Midlesbrough.
Arrisco dizer que com o Fábio na equipa o Sporting teria sido campeão nacional esta época.

Hugo Viana: Tem talento e tem feito uns belos contratos ao longo da sua interessante carreira desportiva, mas a verdade é que muito raramente (para não dizer nunca) se afirma como titular indiscutível.
Em Alvalade por empréstimo também acabou por perder a titularidade e na final só entrou aos 88 minutos quando já nada havia a fazer.

João Moutinho: Apesar da tenra idade já era um grande jogador. Aos 18 aninhos foi titular numa final europeia, não é para todos, pois não?
Vai ser indiscutível na selecção nacional.

Pedro Barbosa: Um grande jogador que para além de distribuir classe ao longo das 4 linhas tinha o bonito hábito de marcar ao nosso Porto.
Nunca entendi porque razão os sócios eram tão duros com ele. Talvez o rapaz devesse beijar mais o emblema...

Carlos Martins: Nunca entendi este rapaz, tem talento para dar e vender, mas alterna o muito bom com o sofrível, sofrível e sofrível.
As lesões também não têm ajudado mas exigia-se mais a Carlos Martins.

Doula: Teve um pico de forma fantástico nos 8ºs e nos 4ºs de final, daí ter despertado a cobiça dos clubes ingleses, tal foi a facilidade com que passou pelos laterais do Midlesbrough e do Newcastle.
Depois teve uma lesão e nunca mais foi o mesmo. Talvez a cabecinha em terras de sua majestade tenha também ajudado.

Sá Pinto: O amor que a Juve Leo tinha para com o seu nº10 certamente não seria partilhado por quem percebia minimamente de futebol.
Ele e Beto eram os mestres das lágrimas, dos beijos no emblema e nos festejos com a bancada. Sinceramente não considero que o seu contributo no SCP tenha sido por aí além.

Pinilla: Um barrete daqueles que fazem rir a malta quando estamos no café a malhar finos e a comer empalhadas.
Teve uma noite de glória na pedreira bracarense e marcou o 2-1 na meia final.

Liedson: Que dizer? O melhor ponta de lança da SL já o era em 2004-05.
Marcou que se fartou na UEFA, mas na final não estive nos seus dias.

Nicolai: Parecia ser um grande avançado, tendo inclusive marcado no jogo da estreia o golo que valeu ao Sporting de Boloni a vitória por 1-0 contra o nosso Porto de Octávio Machado.
Formou nesse mesmo ano com João Vieira Pinto e Mário Jardel um tridente ofensivo demolidor. Lesionou-se num jogo contra o Vitória de Setúbal e nunca mais recuperou a 100%
Ele, Sokota e Bruno Moraes são uma espécie de Pedro Mantorras versão raça branca.

Augusto

Quebro, neste belo dia 28 de Março de 2007, o meu jejum neste blogue para homenagear um grande militarista: Augusto Inácio. Hoje, ao empatar a zero no terreno do Est-Ahvaz, conseguiu uma proeza que julgo única na história do futebol mundial: desceu três equipas na mesma época. Beira-Mar (Portugal), Ionikos (Grécia) e Foolad (Irão) foram os três emblemas que ajudaram o treinador que um dia quebrou um jejum de 18 anos do Sporting sem título nacional a entrar na História. E agora, Luís Campos, como vais responder a esta provocação?

24 maio, 2007

FC Porto - Campanha Europeia 2003-04

Menos espectacular do que na época anterior mas mais pragmático, o Porto 2003-04 venceu com grande facilidade o campeonato e a Liga dos Campeões. O Benfica conseguiu intrometer-se na senda ganhadora dos azuis e brancos, arrecadando a Taça de Portugal. Conseguiram os pupilos de Camacho bater por 2-1 aqueles que pareciam invencíveis.
Na Europa tudo começou mal, a Super Taça Europeia referente à época transacta foi perdida no Mónaco para ao AC Milan. Um jogo de sentido único onde os italianos levaram um grande massacre. Valeu a inspiração de Dida e o golo de Schevechenko.
Mourinho disse que o Sporting, adversário seguinte, iria pagar a factura, e realmente pagou. Os leões, na estreia de Liedson, foram goleados por 4-1. Curiosidades de uma época quase brilhante.

Na fase de grupos da liga milionária as coisas também não pareciam correr de feição para o vencedor da Taça UEFA, que contabiliza apenas um ponto ao fim das duas primeiras jornadas. Um empate a 1 bola com o Partizan em Belgrado e um derrota por 1-3 em casa frente aos galácticos de Madrid, não davam grande margem para erro.
Seguiu-se a jornada dupla com o Marselha, onde o Porto conseguiu 2 vitórias, por 3-2 no Veloudroume e 1-0 nas Antas. Num ápice o Porto estava no 2º lugar com 7 pontos.
Uma nova vitória, na partida contra o Zagreb (2-1) e o apuramento ficou garantido.
A fase de grupos terminou com um empate (1-1) onde quase todos os eram goleados, o Barnabéu. O Real Madrid ganhou o grupo, o Porto foi 2º, o Marselha seguiu para a Taça UEFA (foi finalista vencido) e o Partizan ter por concluída a sua participação nas competições europeias.
Quando o sorteio para os 8ºs de final ditou o Manchester United, todos pensarem que terminaria a aventura europeia do campeão nacional.
Empenhados em demonstrar o contrário, os rapazes de Mourinho (mesmo com alguns titulares ausentes) fizeram uma grande exibição batendo os ingleses em casa por 2-1. O 2º golo de Benni Mcarthy é um espanto. Mourinho no final disse: “Estou orgulhoso destes rapazes!”
No Old Traford, o Manchester entrou melhor e Scholes adiantou os locais com um belo golpe de cabeça. Os ingleses ainda introduziram a bola pela 2ª vez na baliza de Baía, mas o árbitro invalidou o lance.
Depois só deu Porto. Já perto do fim, Mcarthy marcou um livre, Tim Howard fez uma defesa esquisita para a frente e Costinha, pleno de oportunidade, marcou o golo que eliminou os red devils.
O Lyon, futuro hexacampeão francês, que na altura apenas era tri, foi o próximo obstáculo.
Jogando sempre o 1º jogo em casa, o Porto venceu por 2-0, num jogo muito táctico cuja história se resume aos golos.
Na 2ª mão, o empate a duas bolas não deixou dúvidas sobre quem foi a melhor equipa.
Os golos desta eliminatória podem ser vistos aqui.
O Deportivo da Corunha, foi o adversário das meias finais.
Apesar goleados na fase de grupos pelo Mónaco (8-3), os galegos vinham de eliminar a Juventus e o Milan, pelo lhes era atribuído algum favoritismo.
O 0-0 da 1ª mão parecia dar razão aos entendidos. O jogo ficou contudo marcado pela expulsão de Jorge Andrade (o melhor elemento da defesa do Corunha), num lance onde foi gritante a falta de desportivismo de Deco.
15 dias mais tarde o Corunha foi incapaz de consumar perante o seu público o bom resultado conseguido no Porto.
Um penalty convertido por Derlei, a castigar uma falta estúpida cometida sobre Deco, colocou o Porto na final.

A 26 de Maio de 2004, na cidade alemã de Gelsenkirchen e perante 52 mil espectadores, o Futebol Clube do Porto escreveu mais uma página dourada no seu rico historial.
O árbitro da partida foi o senhor Kim Milton Nielson da Dinamarca, que esteve em bom plano num jogo sem casos.
Alinharam as equipas com:

Porto: Vitor Baia, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Nuno Valente, Costinha, Deco (Pedro Emanuel), Maniche, Pedro Mendes, Carlos Alberto (Dmitri Alenitchev), Derlei (Benni McCarthy)
Treinador: José Mourinho

Monaco: Flavio Roma, Patrice Evra, Gael Givet (Sebastien Squillaci), Hugo Ibarra, Julien Rodriguez, Lucas Bernardi, Edouard Cisse (Shabani Nonda), Ludovic Giuly (Dado Prso), Jerome Rothen, Vassilis-Andreas Zikos, Fernando Morientes
Treinador: Didier Dechamps

Só durante os primeiros 10 minutos de jogo os monegascos conseguiram colocar em sentido a defesa azul e branca.
O irrequieto Giuly teve um lance de perigo mas Baía chegou primeiro. O pequeno avançado francês (que fez miséria contra o Real Madrid) saiu lesionado do lance e o jogo começou a ter um único sentido.
Carlos Alberto marcou ainda na 1ª parte, Deco e Alenichev fizeram, já no 2º tempo fizeram o 2º e 3º golos dos dragões.
Com toda a justiça e mais alguma, o Porto venceu a liga dos campeões.
Os mais fanáticos podem ver o resumo da final aqui, os outros vejam somente os golos aqui.

Plantel:
Vítor Baía: Igual à época anterior, enorme. Estranhamente não jogou no Euro 2004, o que até está certo, se atendermos ao facto de ter alinhado injustamente no Coreia – Japão 2002.

Paulo Ferreira: Seguiu com Mourinho para o Chelsea, onde foi bi-campeão.
Este ano parece que o gás se começa a acabar. Terá sido a sua pior época desde que chegou à ribalta.

Pedro Emanuel: Esteve em bom plano sempre que Mourinho precisou dele.
Foi dos melhores no Porto de 2004-05, mas depois nunca mais se livrou das lesões.

Ricardo Carvalho: Foi com Mourinho para o Chelsea, ganhou títulos e é um dos melhores centrais do Mundo.

Jorge Costa: Nunca entendi a implicância dos treinadores estrangeiros para com o “bicho”. Primeiro foi Del Neri, depois Adrianse.
Um jogador que deu tanto ao clube, merecia mais respeito.

Ricardo Costa: Parece que desaprendeu de jogar à bola. Um daqueles jogadores, e foram muitos, que só com Mourinho conseguiam atingir níveis altos de competitividade.

Nuno Valente: Depois de ter sido campeão europeu, roubou a titularidade a Rui Jorge no Euro 2004. Deixou o Porto de forma pouco amigável e rumou a Liverpool para representar o Everton.

Costinha: Depois de uma grande época, o ministro foi uma sombra de si mesmo em 2004-05.
Acabou por ir para o Dínamo de Moscovo, mas deu-se mal com os ares da Rússia.
Actualmente joga no Atlético de Madrid, mas não é indiscutível.

Maniche: Fez o mesmo trajecto que o seu companheiro de miolo, mas ainda teve direito a 6 meses de Chelsea.
No Atlético tem papel de maior importância do que Costinha.
Ambos deixaram de fazer parte das escolhas de Scolari, mas Maniche ainda é jogador de selecção.

Pedro Mendes: De uma importância fulcral no Porto campeão europeu. Seguiu com a carreira em Inglaterra. Nunca entendi porque não faz parte das escolhas de Scolari.

César Peixoto: Lesões, Isabel Figueiras, carros potentes, despistes, Isabel Figueiras, Jet-Set, ...

José Bonsigwa: Um “bom rapaz” que Mourinho foi buscar ao Boavista.
Em Agosto afirmou que tinha o sonho legitimo de ser campeão europeu e não é que estava certo?
Na altura a elevada qualidade do plantel azul e branco não lhe dava muitas hipóteses, mas actualmente é um dos melhores elementos da equipa. O melhor lateral direito a actuar a Portugal e um dos melhores da Europa.

Dimitri Alenitchev: Foi novamente o Joker. O médio ofensivo que Mourinho fazia descansar no campeonato e lançava nos jogos europeus.
O russo foi decisivo por exemplo em Marselha e já agora marcou novamente na final.
Saiu após o Euro 2004 para o Spartak de Moscovo.

Deco: Genial, Mágico. Foi na nossa opinião o melhor jogador do ano.
Saiu para o Barcelona e continuou a ganhar títulos. Foi o único elemento a repetir a champions.

Derlei: Um dos grandes heróis da época passada, teve uma melindrosa lesão em 2003-04. Foi contra o Alverca no Ribatejo, numa partida em que o Porto venceu por 2-1.
Ainda voltou a tempo de jogar as meias finais, tendo convertido o penalty que eliminou o Corunha.
Na final actuou como homem mais avançado.
Em Janeiro de 2004 rumou ao Dínamo de Moscovo mas os índices jamais foram os conseguidos com Mourinho.
Recentemente voltou ao futebol português representar o Benfica mas revelou-se um verdadeiro fiasco.

Carlos Alberto: O miúdo que abriu caminho à vitória na final com um golo de belo efeito.
Tinha talento e irreverência para dar e vender.
Mourinho foi o único que o conseguiu meter na linha.
Saiu em Janeiro de 2004, incompatibilizado com Fernandez, o treinador da altura.
Ainda foi campeão brasileiro pelo Corinthians.

Benni Mcarthy: O goleador que Mourinho insistiu em levar para as Antas.
Um grande jogador que permaneceu contrariado por mais uma época.
Rumou a Inglaterra e no melhor campeonato do Mundo conseguiu ser o 2º melhor marcador. Só Drogba ficou à sua frente.

Maciel: Não foi inscrito na champions, mas revelou-se de enorme utilidade no campeonato quando era preciso fazer descansar os guerreiros.
Mourinho já o conhecia de Leiria.

Sérgio Conceição: Até o Porto de Mourinho tem direito ao seu “barrete”.
O histórico Sérgio Conceição que insiste em reclamar um lugar na selecção nacional.

22 maio, 2007

FC Porto - Campanha Europeia 2002-03

Em 2002-03 começou a odisseia daquela que foi a melhor equipa portuguesa que alguma vez vi jogar. O Porto de Mourinho era um gigante mundial não dando hipóteses ao excelente Benfica de José António Camacho. E pensar que tudo começou com um empate a 2 golos nas Antas contra o Belenenses...
O título que fugia há 3 anos foi conquistado sem espinhas e a Taça também não fugiu à trituradora azul e branca, fruto de uma vitória por 1-0 sobre a União de Leiria no Jamor.
A própria Taça UEFA, se exceptuar-mos os 4ºs de final e a final, foi um passeio.

A campanha europeia começou com uma vitória por 6-0 sobre o Polónia Varsóvia. O adversário era acessível mas pregou uma partida ao bater o FCP, na 2ª mão, por 2-0. Apesar da importância diminuta da partida, José Mourinho ficou com os nervos em franja.
A eliminatória com o Áustria de Viena saldou-se com 2 vitórias. 1 zero em solo austríaco (golo de Derlei) e 2-0 no Porto.
Nos 16ºs de final coube em sorte o Lens. Um massacre e 2 frangos do guardião francês contribuíram para o 3-0 na 1ª mão. Os franceses venceram em casa por 1-0 com um golo de Song precedido de falta sobre Baía.
Seguiram-se os turcos do Denizlispor. Uma eliminatória fácil, com vitória nas Antas por 6-1 e um empate a duas bolas na Turquia, onde Clayton fez relembrar o calcanhar da Madger.
O adversário seguinte fez soar o alarme. O Panathinaikos venceu nas Antas por 1-0 com um golo de Olisabebe. Mourinho disse ao treinador rival que a eliminatória não e estava acaba e realmente não estava.
2-0 em Atenas após prolongamento e a passagem às meias finais para encontrar a equipa que teoricamente era favorita à vitória na competição, a Lazio de Roma.
Na outra meia final o Boavista enfrentava o Celtic de Glasgow não sendo totalmente descabido o cenário de uma final exclusivamente portuguesa.
Os italianos costumam um osso duro de roer e pareciam querer confirmá-lo quando Chiesa bem cedo fez o 1-0, gelando as Antas. O que se seguiu foi diabólico!
O Porto cilindrou os italianos por 4-1 naquela noite de chuva intensa. Peruzzi terá sido infeliz em 1 ou 2 lances, mas evitou uma goleada histórica. Vejam aqui aquela que foi para mim a melhor exibição do Porto 2002-03.
Em Glasgow, o Boavista conseguiu um empate a 1 bola, no jogo da vida de Erivan.
Na 2ª mão, a Lazio não conseguiu violar as redes de Baía, que enorme defendeu uma grande penalidade.
A mesma Lazio que um ano mais tarde eliminaria o Benfica na pré eliminatória da Liga dos Campeões foi bastante vulgarizada.
Entretanto um golo de Larson já no último quarto de hora acabou com o sonho boavisteiro.

Na final, as equipas alinharam com:

FCP Porto: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Deco, Costinha, Maniche, Alenichev, Capucho, Derlei. Suplentes: Nuno, Emanuel, Ricardo Costa, Tiago, César Peixoto, Clayton, Marco Ferreira.

Celtic: Douglas, Mjallby, Balde, Valgaeren, Agathe, Lennon, Petrov, Lambert, Thompson, Sutton, Larsson. Suplentes: Hedman, Sylla, McNamara, Maloney, Fernandez, Laursen, Smith.

A final de Sevilha foi um hino ao futebol, com direito a invasão de campo por um homem nu e tudo. O Porto claramente mais forte foi importunado pelos escoceses que fizeram valer o empenho e o querer. O sueco Larson marcou por 2 vezes de cabeça, contrariando os golos de Derlei e Alenitchev.
Com 2-2 no período regulamentar, o jogo foi para prolongamento. O defesa central francês Balde foi expulso, logrando o Porto o 3-2 num lance onde Marco Ferreira foi grande abrindo o caminho ao golo de Derlei. O golo de prata que valeu ouro.
O Ninja estava estafado mas foi uma vez mais decisivo. Para recordar os 3 golos do FCP com direito a hino tripeiro.

Plantel:
Vítor Baía: Depois de uma aventura de certa forma falhada em Barcelona, voltou ao Porto com o joelho num 8.
Pensava-se que estava acabo, mas conseguiu atingir a sua melhor forma de sempre.
Inicialmente entrou em rota de colisão com Mourinho, mas o Special One mostrou-lhe quem mandava, conferindo a titularidade a Nuno Espírito Santo.
Resolvidos os conflitos, tudo foram rosas.

Paulo Ferreira: O defesa direito internacional sub-21 que Boloni quis um dia levar para o Sporting. Acabou por ir para o Porto por valores bem mais baixos aqueles que foram pedidos aos leões.
Era um “ironman” capaz de jogar 50 jogos numa época com uma regularidade impressionante.

Jorge Costa: O capitão que Octávio correu, voltou após 6 meses no Charlton. Ele e Baía eram os líderes do balneário, os guardiães da mística azul e branca. Dificílimo de ultrapassar.

Ricardo Carvalho: Na altura já era o melhor central português e um dos melhores do mundo. Scolari demorou muito tempo em reparar nele.

Pedro Emanuel: O 3º central da equipa. Foi chamado por várias vezes (uma delas na final) cumprindo sempre com distinção. Um senhor que anos antes havia sido campeão pelo Boavista.

Ricardo Costa: Defesa central era muitas vezes adaptado ao lado esquerdo da defesa. Viveu com Mourinho os melhores momentos da sua carreira. Parece que desde que foi lançado com 19 anos, a sua evolução foi nula.

Nuno Valente: Um dos 3 que Mourinho levou consigo de Leiria.
Discreto, mas de grande utilidade era melhor jogador do que parecia.
Foi um erro o Sporting, clube que o formou, ter dispensá-lo.

Mário Silva: Na ausência de Nuno Valente, Mourinho preferia adaptar Ricardo Costa ao lado esquerdo da defesa. Penso que está tudo dito.

Costinha: O ministro era uma peça fundamental no esquema de Mourinho que raramente abria mão do seu médio defensivo.
O antigo jogador do Mónaco, tinha o hábito de marcar nos grandes jogos.
A época seguinte seria ainda mais proveitosa em termos individuais.

Tiago: Outro dos que foi com Mourinho de Leiria para a invicta. Em tempos trocou o Marítimo pelo Benfica, alegando medo de andar de avião.
Fez uns bons jogos de águia ao peito, mas foi estranhamente dispensado por Souness quando Michael Thomas chegou ao clube.
Era utilizado sobretudo no campeonato, dando descanso a Costinha.

Maniche: A grande surpresa da época. Depois de um ano de interregno onde por castigo se limitou a treinar no Benfica-B, o médio ingressou no rival nortenho pela mão de um treinador que já havia apostado nele a quando da sua fugaz passagem pelo emblema da águia.
Só por incompetência o Benfica deixou escapar um jogador assim.

Deco: O que foi dito para Maniche é aplicado a dobrar.
Veio para Portugal, proveniente do Corinthians Alagoano para jogar no Benfica, mas nunca actuou com a camisola encarnada do auto denominado Glorioso.
Só Simões reparou nele, mas nada pode fazer.
Vale e Azevedo ameaçou inclusive prendê-lo a uma árvore.
Foi emprestado ao Alverca e após uma “ponte” em Vidal Pinheiro, ingressou no Porto.
Jackpot.

Capucho: Médio ala direito, campeão do Mundo de sub-20 em Lisboa, formado nas escolas do Sporting.
Em tempos chegou a remeter para o banco de suplentes o genial Luís Figo.
Deve ter tido um abaixamento de forma e foi dispensado.
Ingressou no Vitória de Guimarães e depois foi para o Porto onde ganhou muito.
Era fino a jogar. Na final actuou como ponta lança, posição que não lhe era completamente estranha e cumpriu.
Teve o azar de escolher sair para Espanha no final da época.

Marco Ferreira: O suplente de Capucho que o Porto foi contratar a Setúbal.
Actuou alguns minutos na final e a sua persistência permitiu o golo da vitória.
Esforçado mas um pouco limitado, não caberia no Porto 2003-04.
Depois de um ano no Penafiel, ingressou no Benfica e quase não se houve falar nele.

César Peixoto: Na época anterior marcou um grande golo, na vitória por 3-0 dos azuis do Restelo sobre um Porto destroçado.
Tinha muita qualidade, mas passou a época quase toda no estaleiro.

Alenitchev: O “Joker” que Mourinho insistia em lançar nos grandes jogos europeus. Foi fulcral na carreira europeia, como também o seria um ano depois.
A gestão do plantel fez com que o russo encontra-se o seu espaço no plantel azul e branco e o russo correspondia. Marcou na final.

Clayton: Avançado brasileiro que em tempos foi o abono de família do Santa Clara.
No Porto nunca se afirmou, mas marcou alguns golos no início da campanha europeia. Os adversários também ajudavam.

Derlei: O ninja que foi a par de Deco o grande jogador portista da época. Mourinho confidenciou que Derlei terá sido ainda mais preponderante.
Veio de Leiria com o mister para se tornar no melhor marcador da Taça Uefa.
Na final bisou, como já havia bisado na meia final contra a Lazio de Roma.

Hélder Postiga: Terá feito a sua melhor época de sempre.
Não jogou a final por castigo.
Rumou a Londres para uma aventura mal sucedida nos Spurs.

Jankauskas: Um dia disse que o Benfica era uma espécie de religião. Na semana seguinte assinou pelo Porto.
Foi perdendo preponderância na equipa.
NA final Mourinho preferiu adaptar Capucho a ponta de lança deixando o lituano no banco.

21 maio, 2007

FC Porto - Campanha Europeia 86-87

Há quase 2 anos o almiscarado Octávio fez esta posta.
Começa aqui a nossa homenagem aos campeões nacionais.

15 maio, 2007

Benfica – Campanha Europeia 1989-90

Mais uma época marcada pelo insucesso dentro de portas com o Benfica, apesar de ter dado luta, a perder o título para o rival nortenho.
A Taça foi para a Amadora com o Estrela de João Alves a bater na finalíssima por 2-0, o Farense (2ª Divisão) de Paço Fortes.
A odisseia europeia começou na Irlanda do Norte com uma vitória por 2-1 sobre o Derry City. Na Luz os simpáticos irlandeses saíram vergados a concludentes 4-0.
Seguiu-se o Honved de Budapeste dos irmãos Diztel, que não fez mais do que confirmar a crise porque passava (e continua a passar) o futebol húngaro. 2-0 na Roménia e 7-0 na Luz não deixa margem para dúvidas sobre a diferença de poderia entre as duas equipas.
O sorteio dos 4ºs de final foi novamente favorável. O Dinepr não era um adversário fácil, mas estava longe de ser um gigante do futebol europeu.
A 1ª mão ficou marcada pela dificuldade dos encarnados em ultrapassarem a muralha defensiva da equipa da ex URSS. Magnusson fez o único golo da partida ao converteu um penalty que castigou um derrube sobre Vítor Paneira.
15 dias depois arrancámos uma grande exibição e vencemos facilmente por 3-0. Lima sonhou que ia marcar e marcou por 2 vezes.
O último obstáculo antes da final foi o Marselha de Bernard Tapie, uma das melhores equipas europeias no início dos anos 90 contando com Enzo Francescoli, Carlos Mozer, Boli, Jean Pierre Emanuel Amores Papin e Chris Wadle.
No Veloudrome, o Benfica marcou contra a corrente do jogo. Lima respondeu da melhor maneira de cabeça a um canto e fez o 1-0.
Os Marselheses lançaram-se ao ataque e ainda antes do intervalo Papin bisou.
Com alguma dose de sorte e algum engelho das suas linhas recuadas o Benfica conseguiu manter o 2-1 final que abria boas perspectivas para a 2ª mão.
A luz vestiu-se de gala para receber o encontro das meias finais, mas o jogo foi fraco, com os franceses a limitarem-se a gerir a vantagem abdicando quase do ataque.
Com Magnusson e Lima e serem completamente anulados por Mozer e Boli, Erickson tirou o brasileiro e meteu o angolano Vata. A 10 minutos do final, Valdo marcou um canto do lado esquerdo, Magnusson desviou ao primeiro poste e Vata com a ... o joelho inferior encaminhou a bola para as redes de Castaneda.
Golo do Benfica perante o espanto dos franceses que não queriam acreditar na decisão do árbitro da partida.
Antes do final Veloso carregou Wadle e viu o amarelo e não pode alinhar na final.
Lima que estava com veia goleadora lesionou-se antes da final e não seguiu viagem, a equipa viu-se privada de 2 titulares.
Depois veio o poderoso Milan, na minha opinião uma das melhores equipas de sempre do futebol europeu.
Os italianos eram mais fortes e confirmaram-no no campo, vencendo por 1-0 (golo de Frank Rijkaard aos 68 minutos) , mas não permitindo que o Benfica criasse perigo junto da baliza de Galli (podem confirmar aqui).
Pelo menos não fomos esmagados como o Steua de Bucareste um ano antes.



Foi a 23 de Maio de 1990 no Estádio do Prater em Viena, sob a arbitragem do também austriaco Helmut Kohl.
Perante 57500 espectadores as equipas alinharam com:
Benfica: Silvino; José Carlos, Ricardo, Aldair e Samuel; Hernâni e Thern; Vítor Paneira (Vata, 75), Valdo e Pacheco (César Brito, 58); Magnusson.
Treinador: Sven-Goran Eriksson (Suécia).


AC Milan: G.Galli; Tassotti; Costacurta; Baresi; Maldini; Colombo (F.Galli 89); Rijkaard; Ancelotti (Massaro 72); Evani; Gullit; Van Basten
Treinador: Arrigo Sachi

Plantel:
Na baliza Silvino continuava a ser o titular, o veterano Bento o suplente e um tal de Dias Graça o 3º.

Veloso era o dono do lado esquerdo da defesa:

José Carlos era o defesa direito, formando com Vítor Paneira uma boa ala. Era melhor a atacar do que a defender. Depois do Benfica ingressou no Vitória de Guimarães voltando a encontrar o colega de corredor.

Fonseca: Um azelha que actuou várias vezes no lado esquerdo da defesa.
Na final com Veloso castigado, Erickson optou por adaptar o central Samuel. Acho que está tudo dito.

Ricardo Gomes: Um grande jogador. Central, capitão da canarinha era um goleador ao bom estilo de Mozer e de Humberto Coelho.
Após uma aventura no PSG voltou em 1996 à Luz conquistando a Taça de Portugal na fase mais negra da história do clube.

Aldair: Só actuou uma época no Benfica, tendo-se revelado um central com qualidade mas demasiado macio.
Esteve no Mundial de Itália (juntamente com Ricardo e Valdo), onde apesar de não ter actuado um único minuto, acabou por lá ficar, assinando com a Roma (por 750 mil contos), equipa na qual permaneceu durante anos a fio.

Samuel: Era a 3ª escolha como central. Mostrava competência sempre que era chamado.
No 2º jogo das meias finais, actuou ao lado de Ricardo Gomes, fruto do castigo de Aldair. Esteve muito bem.
Na final foi defesa esquerda.
Jogou também no grande Boavista de Manuel José, onde continuou a fazer belas exibições.
Paulinho, internacional português mas que não tocava na “xixa” e o ex júnior Paulo Madeira completavam o grupo de centrais

Thern: Médio defensivo sueca era uma autêntica carraça. Trabalhador incansável e um dos jogadores preferidos do treinador.
Concluída a aventura no Benfica, transferiu-se para o Nápoles.

Hernâni Madruga: Médio defensivo proveniente do Vitória Sadino.
A sua carreira ficou marcada por um controlo anti doping, que alguns juram a pés justos que foi incriminado para “salvar” Carlos Mozer.
Depois do futebol de 11, tornou-se num dos melhores jogadores mundiais de futebol de praia.

Vítor Paneira: Quando veio do Vizela para o Benfica foi alvo de chacota por parte do Sr. Jorge Nuno. Numa das raras vezes, o imperador do Porto teve que engolir as suas palavras.
Paneira era um grande jogador, sendo um regalo vê-lo jogar. Erickson por vezes dava-lhe todo o corredor, mas ele rendia mais como médio ala direito.
Saiu em 1996 depois da limpeza de balneário levada a cabo por essa besta que foi Artur Jorge de Melo Braga Teixeira.
Jogou ainda no Guimarães e na Académica.

Abel Campos: Era o protótipo do jogador africano. O futebol estava-lhe no corpo, mas era indisciplinado tacticamente.
As suas fintas levantavam o 3º anel.
Uma boa alternativa a Paneira.

Pacheco: Continuava a ser o médio ala esquerdo. Estava mais maduro.

Valdo: Um número 10 de se lhe tirar o chapéu era o motor do meio campo.
A “Bailarina”, como era apelidado pelos adeptos dos clubes rivais, jogava que se fartava.
Depois de uma aventura no PSG, voltou à Luz juntamente com o companheiro Ricardo Gomes.

Diamantino: Estava a perder influência na equipa sendo raramente chamado.
Sairia pouco depois para o Vitória de Setúbal.

Lima: Avançado que no Grémio era o complemento de Valdo em termos de concretização.
Chegou à Luz rotulado de craque (e com um penteado super pós moderno), mas só após o 1º jogo com o Dinepr é que mostrou algo.
Quando estava em super-forma lesionou-se e não seguiu viagem para Viena.
Consta-se que não era muito bem visto no balneário, fruto das suas preferências sexuais.

Mats Magnusson: Continuava a ser o homem de área da equipa e na final foi uma nulidade, o costume nos grandes jogos.

Vata: O herói da meia final já teve honras de post aqui.

César Brito: Viveu o seu grande momento de glória um ano mais tarde no estádio das Antas, ao marcar, de rajada, os 2 golos da vitória do Benfica.
Tinha muita qualidade, mas um acidente de viação prejudicou-lhe de certa forma a carreira, igualmente marcada pelas lesões.
Veio do Portimonense e depois do Benfica ainda actuou no Belenenses e no Salamanca.

09 maio, 2007

Benfica – A campanha Europeia de 1987-88

Após a dobradinha do ano anterior, 87-88 foi uma época esquisita com a equipa, orientada por um conceituado técnico dinamarquês, a entrar muito mal no campeonato perdendo os dois primeiros jogos em casa (ambos por 1-0) contra Setúbal e Marítimo.
Com os desaires a sucederem-se a direcção entregou a equipa ao adjunto Toni ainda antes do final da 1ª volta. As melhorias foram evidentes, mas actual campeão europeu, Futebol Clube do Porto, não deu hipóteses a nível interno, vencendo o campeonato com 15 pontos de vantagem (sobre o Benfica) e a taça de Portugal (1-0 frente ao Vitória de Guimarães com golo de Jaime Magalhães).
Na Europa lavou-se de certa forma a face com o Benfica a voltar, 20 anos depois, à final da Taça dos Campeões Europeus.
O 1º adversário foi o Partizani Tirane, numa eliminatória atípica, sendo os albaneses punidos e impedidos de disputar o 2ª jogo após os incidentes na Luz onde o placard registou 4-0 para o Benfica.
Segui-se o AGF Aarhus que se mostrou um osso duro de roer. Na Dinamarca, Silvino foi crucial ao defender uma grande penalidade mantendo o 0-0 final. Na Luz o médio Adelino Nunes marcou o tento solitário que valeu a passagem.
Nos 4ºs de final, tivemos a oportunidade de nos vingar do Anderlecht. 2 a zero na Luz com golos de Rui Águas e Chiquinho Carlos e derrota em Bruxelas com um golo bastante semelhante ao do Manchester United em Lille.
Nas meias finais o adversário foi o Steua de Bucareste de Hagi, Marius Lacatus e Piturca, campeão europeu 2 anos antes.
Uma vez mais os encarnados deram-se bem com os ares da Roménia, conseguindo um precioso empate sem golos. No final o cumprimento entre Silvino e Mozer era o espelho da alegria da nação benfiquista.
Ficam alguns videos da partida que encontrei no youtube: aqui e aqui e aqui).
15 dias depois, Rui Águas com uma excelente exibição marcou os 2 golos da vitória (1º golo), ante uns romenos que mostraram pouco.
O plantel entrou então em gestão de esforços com a equipa a renunciar por completo ao campeonato lançando vedetas militaristas como Tueba, Hajry ou Augusto.
No ensaio geral para Estugarda a equipa demonstrou estar em grande forma manietando o europeu Vitória de Guimarães por 3-0. Perto do final a mancha, Diamantino foi carregado por Adão lesionando-se gravemente. O capitão fez muita falta.
A final realizou-se no Neckarstadium de Estugarda, perante 68 mil espectadores e com a arbitragem do italiano Luigi Agnolin. As equipas alinhado com:
Benfica: Silvino, Veloso, Mozer, Dito, Álvaro, Elzo, Shéu, Chiquinho, Pacheco, Rui Águas (Vando aos 57 min) e Magnusson (Hajry aos 111 min)
Treinador: Toni
PSV Eindhoven: Hans Van Breukelen, Van Aerle, Eric Gerets, Ronald Koeman, Ivan Nielssen, Heintze, Vanenburg, Linskens, Soren Lerby, Kieft e Gilahus (Janssen aos 1007)
Treinador: Guus Hiddink

O jogo foi fraquinho (podem ver o resumo aqui), mas a equipa portuguesa continuou em maré de azar ao perder no incío da 2ª parte, Rui Águas, o seu melhor avançado. Magnusson apesar de ser do melhor que havia para jogar contra as equipas pequenas eclipsava-se por completo nos grandes jogos.
Um factor engraçado foram as botas dos jogadores do Benfica que insistiam em saltar. Num lance caricato, Pacheco ia-se a isolar, mas a malvada bota saiu no pior momento provocando uma aparatosa queda ao rápido extremo esquerdo.
Com o 0-0 a manter-se teimosamente ao fim de 120 minutos de jogo, tudo se decidiu na 6ª grande penalidade quando Veloso (eleito o melhor benquista em campo) falhou. Van Breukelen benzeu-se e o PSV venceu a taça dos campeões no ano de ouro do futebol holandês.

Plantel
Silvino Louro: Quis o destino (cruel) que um guarda redes mediano defendesse a baliza do Benfica em duas finais europeias.
A lesão de Bento no México 86 deu a titularidade a um guarda-redes que havia defendido as cores do Desportivo de Aves, já na altura era orientado pelo professor Neca.
Saiu em 94 e ainda representou o Setúbal, o Porto e o Salgueiros.
Com o emblema de Paranhos conseguiu a sua ultima internacionalização, foi nesse célebre Alemanha – Portugal da fase de qualificação para o Mundial de França.

António Veloso: Ficará para sempre ligado à final fruto do penalty falhado.
2 anos mais tarde viu um amarelo na meia final que o impossibilitou de jogar a final, numa altura em que jogava a lateral esquerdo.
Foi o capitão da última grande equipa do Benfica, aquela que conquistou o título em 94.

José Carlos NEPOMUCENO Mozer: Um grande jogador com um nome mega pós moderno. Patrão da defesa, era exímio no jogo aéreo.
No ano seguinte formou com Ricardo Gomes aquela que é na minha opinião uma das melhores duplas de sempre do futebol português.
Em 1989, foi para Marselha, mas voltou em 1992 ainda a tempo de conquistar um campeonato e uma taça.

Eduardo Dito: Estava muitos furos abaixo do seu companheiro de sector.
Discreto, causou espanto quando rumou ao Porto na companhia de Rui Águas. Aí eclipsou-se.
Samuel e Edmundo completavam o quarteto de centrais.

Álvaro Magalhães: O raçudo lateral esquerdo estava a viver os últimos dias de glória de águia ao peito.
Uma lesão salvo erro na época seguinte, acabou por fazê-lo perder a titularidade para um tal de Fonseca que era bem limitado.

Elzo: Internacional brasileiro esteve presente no México 86, tendo actuado por exemplo nesse estonteante França – Brasil.
Tinha qualidade mas creio que no Benfica nunca atingiu o seu verdadeiro potencial.

Tueba: Um militarista, cuja carreira pode ser revista aqui.

Augusto: Um hiper, mega, super pós moderno proveniente do Varzim. Pouco ou nada sei sobre ele. Lembro-me actuou sobretudo nas vésperas dos confrontos europeus e o Benfica não ganhava.

Shéu: Um senhor. Discreto, não sabia jogar mal. Numa escala de 0 a 10, Shéu nunca tinha o 10, mas tiraria sempre 7. De uma regularidade impressionante era adorado pelos treinadores.
Retirou-se no ano seguinte, tendo recebido uma merecida e bela homenagem no jogo da consagração, contra o Boavista.

Adelino Nunes: Um carregador de piano. Como focado anteriormente foi nuclear na eliminatória contra o Aarhus. Também me recordo de um golo que valeu uma vitória contra o Sporting na época 86-87.
Jogou ainda no Setúbal e posteriormente na mítica selecção de futebol de praia.

Carlos Manuel: O herói de Estugarda sairia pouco depois para o Sion da Suiça. Seguiu-se o Sporting (equipa que chegou a capitanear), o Boavista e o Estoril Praia.

Pacheco: Foi a grande surpresa da época, tornando-se rapidamente na coqueluche da equipa. Se não estou errado que era proveniente do Portimonense.
Muito rápido e tecnicamente evoluído fazia a cabeça em água aos laterais direitos na época. Para mal dos seus pecados ocupava a mesma posição que Futre, pelo que a titularidade na selecção era-lhe constantemente vetada.
Traiu o clube no Verão Quente de 93, rumando juntamente com Paulo Sousa a Alvalade. Como mais tarde o veio a admitir, foi o seu maior erro a nível profissional.

Hajry Redouane: Teve poucas oportunidades no Benfica, mas este marroquino (utilizado na final, sobretudo para marcar o penalty) foi em 1987 o melhor jogador do torneio de Toulon tendo superado estrelas como Kristo Stoichkov, Penev, Kostadinov, Paul Gascoigne e David Ginola.
Saiu para o Farense onde permaneceu 11 épocas. Também actuou uma época no União da Madeira.

Chiquinho Carlos: Recebeu honras de recentes que podem ser vistas aqui.

Vando: Médio ala brasileiro proveniente do Sporting de Braga, chegou ao clube já com a época a decorrer.
Suplente utilizado na final, criou o lance de maior perigo da equipa com um remate cruzado a passar perto do poste esquerdo da baliza contrária.

Diamantino: Lesionou-se antes da partida para Estugarda. Os colegas ressentiram-se e de que maneira. Era o motor da equipa.
Depois da lesão nunca mais foi o mesmo.

Rui Águas: Filho do mítico José Águas e irmão da bela Lena D’Água era muito forte no jogo aéreo.
A sua lesão na final pesou nas opções de Toni que perdeu uma referência na área.
Espantou tudo e tudo quando traiu o clube de sempre rumando ao Porto, onde permaneceu por 2 épocas.
“Arrumou” o bi bota de ouro Fernando Gomes da selecção nacional e do Porto.
Apesar de ser um goleador nato, apenas por 1 vez (com as cores do Benfica) venceu a bola de prata.

Mats Magnusson: O 3º nórdico do clube, depois de Stromberg e Michael Maniche.
Era muito forte contra as equipas chamadas pequenas, mas eclipsava-se nos grandes jogos. Nas finais contra o PSV e contra o Milan foi uma autentica nulidade.
Valia mais de 20 golos por época pelo que era de grande utilidade. Não me importava nada de ter um Magnusson no plantel actual.

07 maio, 2007

Benfica - A campanha europeia de 1982-83

Heidi Klumpf é um dos leitores que mais prezo e atendendo a um seu pedido pretérito faço agora esta posta sobre aquela magnifica equipa do Benfica que atingiu a final da Taça UEFA em 1983.
Tudo começou quando o Presidente Fernando Martins contratou o jovem treinador Sven Goren Erickson. Apesar da desconfiança dos sócios, o técnico já tinha provas dadas nomeadamente a Taça UEFA conquistada ao serviço do Gotemburgo, numa final com o Dundee United.


A nível interno o Benfica venceu o campeonato e a Taça de Portugal (belos tempos!!), mas o que ficou na “retina” dos adeptos do futebol foi a campanha europeia.
O 1º adversário foi o Bétis de Sevilha, batido na Luz por pouco confortáveis 2-1. No encontro da 2ª mão o Benfica foi para o intervalo a perder por 1-0. Reza a lenda que Erickson deu um valente puxão de orelhas aos seus pupilos exigindo-lhes que jogassem como se estivessem no seu reduto. O discurso arrojado deu furtos com a equipa a virar o resultado e a seguir em frente.
Depois de Lokeren (2-0 e 2-1) e FC Zurique (1-1 e 4-0) terem sido despachados o “azar” bateu à porta ao sair a poderosa AS Roma de FrancoTancredi, Falcão e Bruno Conti.
Lembro-me que o jogo em Itália foi à tarde e teve honras de transmissão televisiva (um luxo para a época). Zoran Filipovic, a grande figura da equipa na prova europeia, bisou na bela vitória por 1-2.
Na Luz, o Benfica marcou 1º por intermédio de... Filipovic, mas Falcão a 10 minutos do fim igualou o marcador. Apesar de nunca ter criado muito perigo junto da baliza à guarda de Bento, a Roma exerceu grande domínio pelo que aqueles 10 minutos foram terríveis para quem viu o jogo ao vivo e em especial para os que o acompanhavam via rádio.
Os golos dos 4ºs de final podem ser vistos aqui.
Faltava um obstáculo para a final, o Universidade de Craiova onde militava Camataru cuja transferência posterior para o Benfica merecia no mínimo um blog inteiro.
A 1ª mão, na Luz, quedou-se por um empate sem golos, muito por culpa dos aguerridos romenos que estacionaram o autocarro à frente da baliza.
Na Roménia um golo madrugador na transformação de um livre directo e onde o malogrado Manuel Bento não ficou nada bem na fotografia, não agourava nada de bom. Para bem dos nossos pecados, Filipovic continuava on fire e acabou por fazer o empate batendo o enorme (na verdadeira essência da palavra) Lung. Este jogo (cujos golos podem ser vistos aqui) também foi transmitido à tarde e eu embora com 5 aninhos na altura, lembro-me perfeitamente.
Chegou a final e com ela o poderoso Anderlecht, que no ano anterior havia sido eliminado nas meias finais da Taça dos Clubes Campeões Europeus pelo Aston Vila.
O resto já todos sabem, derrota em Bruxelas por 1-0 num jogo onde José Luís foi expulso a meio da 2ª parte e um empate maldito no lotado Estádio da Luz. De nada valeu o golo de Shéu pois LoZano empatou logo a seguir.Shéu aos 35 minutos empatou a eliminatória.

O golo de Lozano que gelou a Luz (38 minutos).

Eis as equipas que alinharam nos 2 jogos da final:
1ª mão
Estádio do Heysel, Bruxelas, Bélgica 4/05/1983.
Espectadores: 55. 000
RSC Anderlecht 1 Benfica 0
Anderlecht: Munaron; Hofkens, Peruzovic, Olsen e De Groote; Frimann, Coeck, Vercauteren e Lozano; Vandenbergh (Czernatynski) e Brylle
Treinador: Paul van Himst
Benfica : Bento; Pietra, Álvaro, Humberto Coelho e José Luís; Shéu (Alberto Bastos Lopes), Frederico, Carlos Manuel e Chalana; Filipovic (Nené) e Diamantino
Treinador: Sven-Goran Eriksson
Marcador: Brylle (29')

2ª mão
Estádio da Luz. Lisboa, 18/10/1983.
Espectadores 80.000
Benfica: Bento; Pietra, Humberto Coelho, António Bastos Lopes e Veloso (Alves); Carlos Manuel, Stromberg, Shéu (Filipovic) e Chalana; Nené e Diamantino
Treinador: Sven-Goran Eriksson
Anderlecht : Munaron; Peruzovic, De Greef, Broos, Olsen e De Groote; Frimann, Lozano, Coeck e Vercauteren; Vandenbergh (Brylle)
Treinador: Paul van Himst
Marcadores: Shéu (36') e Lozano (38')

Para concluir e ao jeito de Jorge Kataklisnman no post dos 5 violinos vou tentar caracterizar os principais jogadores da equipa.

Manuel Galrinho Bento: um grande guarda-redes, dos melhores do seu tempo. O suplente Delgado nem a cheirava. Ganhou a alcunha de “homem de borracha”. Quando engatava era muito difícil de bater. Temperamental de vez em quando também dava o seu “franguito” mas quem não os dá?

Minervino Pietra: Defesa lateral à moda antiga, não deslumbrava mas raramente comprometia. Jogava bem com os 2 pés pelo que tanto podia actuar na direita como na esquerda.

Humberto Coelho: O capitão de equipa. Defesa central autoritário gostava de subir no terreno e não foram as vezes em que acabou a época como um dos melhores jogadores da equipa. Já estava na fase final da sua carreira, uma bela carreira diga-se de passagem.

António Bastos Lopes: Formava com Humberto uma bela dupla de homens altos espadaúdos e sobretudo de bigode. Não era tão bom como o colega de sector mas tinha a sua qualidade.
O irmão Alberto também fazia Benfica mas não atingiu o patamar do “mano velho”. Digamos que era uma 2ª escolha. Erickson contudo tinha o bom senso de rodar a equipa não caindo no erro que Fernando Santos cometeu na presente época. Frederico Rosa completava o quarteto de centrais (sim, uma grande equipa tem que ter 4 centrais no mínimo).

Álvaro Magalhães: Compensava uma certa falta de jeito com um empenho desmedido. Formava com Nando Chalana uma asa esquerda capaz de fazer a cabeça em água a muito boa gente.
O entendimento era perfeito, funcionando na base do grito.

António Veloso: Já na altura era um polivalente podendo actuar na defesa ou no meio campo. Normalmente alternava a titularidade com Álvaro.
Era dos mais jovens do plantel pelo que ainda havia de conseguir muitos títulos. Uma brilhante carreira marcada por alguns episódios menos felizes, o controlo anti-doping enganoso que o privou de ir ao México 86, o penalty falhado na final de Estugarda e o amarelo que o impossibilitou de jogar a final de 90 contra o Milan.
O seu filho Miguel Veloso segue as pegadas do pai, mas no rival Sporting. Arrisco contudo que o jovem defesa/ médio pode vir a ser dos melhores do mundo.

Shéu: O pulmão do meio campo. Salvo erro era o médio mais defensivo. Marcou o golo (insuficiente) na final contra o Anderletch. Capitaneou a equipa 5 anos mais tarde na final de Estugarda contra o PSV.

José Luís: Pouco sei dele enquanto jogador do Benfica. Acho que era médio ala e foi expulso no jogo de Bruxelas. Foi internacional A pois tenho-o na minha caderneta do Euro84.
Saiu do clube pouco depois tendo actuado com o irmão no Marítimo de Everton e Paulo Ricardo.

Carlos Manuel: A locomotiva do Barreiro. Natural da Moita tinha uma apetência especial para os golos nos jogos decisivos. O herói da classificação para o México 86 era igualmente um exímio marcador de livres.
Apesar do Sporting ser o clube do seu coração, mostrou ser um grande profissional enquanto representou o Benfica.
Saiu para o Sion da Suiça, mas ainda voltou a Portugal para representar o Sporting, o Boavista e o Estoril Praia, conhecendo no clube da linha o prazer (argg) que é ser treinado por Fernando Santos.

Fernando Chalana: O pequeno genial. Era na minha modesta opinião, e não só, o melhor jogador da equipa. Não fossem as lesões e a esposa Anabela e poderia ter brilhado ainda mais.
Fez um grande Euro84, tendo no final sido transferido por valor recorde para o Bordéus.
Fustigado pelas lesões, ainda voltou à Luz. Jogou igualmente no Belenenses e no Estrela da Amadora.

Diamantino Miranda: Outro dos grandes craques da equipa. Era titular indiscutível no Benfica e na selecção nacional a qual viria a renunciar com apenas 27 anos. Problemas com o Dr. Silva Resende.
A sua carreira ficou marcada pela lesão que contraiu dias antes da final contra o PSV. Foi na Luz na vitória por 3-0 ante o Guimarães que um tal de Adão fez com que o Benfica começasse aí a perder a final.
Saiu do clube no início da década de 90, assinando pelo Vitória de Setúbal. Ainda me recordo após uma vitória por 2-0 sobre o clube do coração um Diamantino emocionado disse “ganhámos à melhor equipa do Mundo”.

Stromberg: era o jogador que maior curiosidade me despertava. Um homem tão alto e loiro não era nada normal. O meu pai dizia-me que era de molhar o pão no ovo estrela. Enfim, coisas que não vos interessam nada mas que a mim me dizem muito.
Foi o pioneiro do sucesso do clube com os nórdicos (até à chegada de Pringle, claro).
Do Benfica transferiu-se para a Atalanta de Itália.

Nené: O meu ídolo. Era conhecido por não sujar os calções e por marcar golos de pantufas. Começou a carreira a médio direito mas acabou-a como ponta de lança.
Era extremamente correcto e bastante oportuno. No global era o melhor marcador da equipa.
Já com 34 anos, marcou o golo que nos colocou nas meias finais do Euro84. Foi na vitória por 1-0 contra a Roménia.

Zoran Filipovic: Foi o herói da campanha europeia do Benfica época 1982-83.
Marcou muitos e decisivos golos, entre os quais os 2 no Olímpico de Roma e o do empate em Craiova.
Actuou ainda pelo Boavista. Como treinador levou o simpático Salgueiros à Taça UEFA fruto de um brilhante 5º lugar no campeonato, manteve o Beira-Mar na 1ª divisão e fez parte daquela mítica equipa técnica de Artur Jorge que incluía igualmente o Professor Neca.

João Alves: Um tecnicista. Médio de elevados recursos tinha a particularidade de actuar sempre de luvas pretas, daí a alcunha “o luvas pretas”. Era uma homenagem ao seu avô.
Quando saiu do Benfica, jogou no Boavista.

03 maio, 2007

Parabéns, Francisquinho Carlos!

Com a época agora sim perdida, homenageio o antigo jogador do Flamengo, Benfica e Sporting de Braga (entre outros), Chiquinho Carlos por mais um feito na sua brilhante e intemporal carreira desportiva.
Com 44 anos mas fresco que nem uma alface, Chiquinho festejou recentemente a subida do seu clube (o qual estupidamente me esqueci do nome) dos Distritais à 3ª Divisão Nacional.
Como “prenda” deixo-vos com esta bela foto gentilmente cedida pelo muy nobre amigo do “Benfica Marreta ou Vedeta”. O místico Flamengo de Carlos Mozer, dos futuros campeões mundiais de 94 Jorginho e Bebeto... e dele Chiquinho Carlos.

02 maio, 2007

Reconhecer é bonito

Confesso que tenho uma enorme simpatia (que ninguém entende) pelo Sporting Clube de Portugal ao ponto de vibrar com o clube dos viscondes sempre que este não se econtra em competição directa com o Benfica.
Quando jogo PES a minha equipa é sempre o Sporting, primeiro porque sou limitado e não suportaria ver o Benfica perder e depois porque se escolhesse o nosso Porto jamais me esforçaria para vencer.
Entristece-me contudo ver que as gentes de Alvalade pregam aos 7 ventos que o clube não vai ser campeão devido a um golo marcado com a mão na 3ª jornada.
Pergunto eu como seria se o lance entre Caneira e Micoli fosse ao contrário? Certamente diriam que o Sporting apenas é campeão nacional por causa do golo de Ronny e porque o árbitro não expulsou o jogador do Benfica no início da partida.
Reconhecer quando somos ajudados é bonito e nessa lógica recordo o apuramento de Portugal para o Euro 84.
Depois de uma embaraçante derrota por 5-0 em Moscovo, Portugal engrenou e chegou ao último somente a 1 pontinho soviéticos. Em jeito de curiosidade, tal como agora, Finlândia e Polónia faziam parte do nosso grupo.
Com o marcador ainda a zeros, Fernando Albino Chalana avançava com o esférico controlado no “batatal” da Luz, sendo travado por Demianenko a 4 ou 5 metros da linha limite da grande área.
Os soviéticos preparavam-se para formar barreira mas o juiz marcou penalty perante 100 mil boquiabertos adeptos lusitanos e alguns dos primeiros emigrantes de leste que começam a chegar ao nosso país.
Imperturbável Rui Manuel Trindade Jordão enganou o grande Rinat Dassaev e colou-nos em França.
É verdade que depois até fizemos um brilharete em terras de Asterix e Obelix, mas ninguém diz como lá chegamos.
Nem só de Marc Batta se fez a história da selecção...