24 maio, 2007

FC Porto - Campanha Europeia 2003-04

Menos espectacular do que na época anterior mas mais pragmático, o Porto 2003-04 venceu com grande facilidade o campeonato e a Liga dos Campeões. O Benfica conseguiu intrometer-se na senda ganhadora dos azuis e brancos, arrecadando a Taça de Portugal. Conseguiram os pupilos de Camacho bater por 2-1 aqueles que pareciam invencíveis.
Na Europa tudo começou mal, a Super Taça Europeia referente à época transacta foi perdida no Mónaco para ao AC Milan. Um jogo de sentido único onde os italianos levaram um grande massacre. Valeu a inspiração de Dida e o golo de Schevechenko.
Mourinho disse que o Sporting, adversário seguinte, iria pagar a factura, e realmente pagou. Os leões, na estreia de Liedson, foram goleados por 4-1. Curiosidades de uma época quase brilhante.

Na fase de grupos da liga milionária as coisas também não pareciam correr de feição para o vencedor da Taça UEFA, que contabiliza apenas um ponto ao fim das duas primeiras jornadas. Um empate a 1 bola com o Partizan em Belgrado e um derrota por 1-3 em casa frente aos galácticos de Madrid, não davam grande margem para erro.
Seguiu-se a jornada dupla com o Marselha, onde o Porto conseguiu 2 vitórias, por 3-2 no Veloudroume e 1-0 nas Antas. Num ápice o Porto estava no 2º lugar com 7 pontos.
Uma nova vitória, na partida contra o Zagreb (2-1) e o apuramento ficou garantido.
A fase de grupos terminou com um empate (1-1) onde quase todos os eram goleados, o Barnabéu. O Real Madrid ganhou o grupo, o Porto foi 2º, o Marselha seguiu para a Taça UEFA (foi finalista vencido) e o Partizan ter por concluída a sua participação nas competições europeias.
Quando o sorteio para os 8ºs de final ditou o Manchester United, todos pensarem que terminaria a aventura europeia do campeão nacional.
Empenhados em demonstrar o contrário, os rapazes de Mourinho (mesmo com alguns titulares ausentes) fizeram uma grande exibição batendo os ingleses em casa por 2-1. O 2º golo de Benni Mcarthy é um espanto. Mourinho no final disse: “Estou orgulhoso destes rapazes!”
No Old Traford, o Manchester entrou melhor e Scholes adiantou os locais com um belo golpe de cabeça. Os ingleses ainda introduziram a bola pela 2ª vez na baliza de Baía, mas o árbitro invalidou o lance.
Depois só deu Porto. Já perto do fim, Mcarthy marcou um livre, Tim Howard fez uma defesa esquisita para a frente e Costinha, pleno de oportunidade, marcou o golo que eliminou os red devils.
O Lyon, futuro hexacampeão francês, que na altura apenas era tri, foi o próximo obstáculo.
Jogando sempre o 1º jogo em casa, o Porto venceu por 2-0, num jogo muito táctico cuja história se resume aos golos.
Na 2ª mão, o empate a duas bolas não deixou dúvidas sobre quem foi a melhor equipa.
Os golos desta eliminatória podem ser vistos aqui.
O Deportivo da Corunha, foi o adversário das meias finais.
Apesar goleados na fase de grupos pelo Mónaco (8-3), os galegos vinham de eliminar a Juventus e o Milan, pelo lhes era atribuído algum favoritismo.
O 0-0 da 1ª mão parecia dar razão aos entendidos. O jogo ficou contudo marcado pela expulsão de Jorge Andrade (o melhor elemento da defesa do Corunha), num lance onde foi gritante a falta de desportivismo de Deco.
15 dias mais tarde o Corunha foi incapaz de consumar perante o seu público o bom resultado conseguido no Porto.
Um penalty convertido por Derlei, a castigar uma falta estúpida cometida sobre Deco, colocou o Porto na final.

A 26 de Maio de 2004, na cidade alemã de Gelsenkirchen e perante 52 mil espectadores, o Futebol Clube do Porto escreveu mais uma página dourada no seu rico historial.
O árbitro da partida foi o senhor Kim Milton Nielson da Dinamarca, que esteve em bom plano num jogo sem casos.
Alinharam as equipas com:

Porto: Vitor Baia, Ricardo Carvalho, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Nuno Valente, Costinha, Deco (Pedro Emanuel), Maniche, Pedro Mendes, Carlos Alberto (Dmitri Alenitchev), Derlei (Benni McCarthy)
Treinador: José Mourinho

Monaco: Flavio Roma, Patrice Evra, Gael Givet (Sebastien Squillaci), Hugo Ibarra, Julien Rodriguez, Lucas Bernardi, Edouard Cisse (Shabani Nonda), Ludovic Giuly (Dado Prso), Jerome Rothen, Vassilis-Andreas Zikos, Fernando Morientes
Treinador: Didier Dechamps

Só durante os primeiros 10 minutos de jogo os monegascos conseguiram colocar em sentido a defesa azul e branca.
O irrequieto Giuly teve um lance de perigo mas Baía chegou primeiro. O pequeno avançado francês (que fez miséria contra o Real Madrid) saiu lesionado do lance e o jogo começou a ter um único sentido.
Carlos Alberto marcou ainda na 1ª parte, Deco e Alenichev fizeram, já no 2º tempo fizeram o 2º e 3º golos dos dragões.
Com toda a justiça e mais alguma, o Porto venceu a liga dos campeões.
Os mais fanáticos podem ver o resumo da final aqui, os outros vejam somente os golos aqui.

Plantel:
Vítor Baía: Igual à época anterior, enorme. Estranhamente não jogou no Euro 2004, o que até está certo, se atendermos ao facto de ter alinhado injustamente no Coreia – Japão 2002.

Paulo Ferreira: Seguiu com Mourinho para o Chelsea, onde foi bi-campeão.
Este ano parece que o gás se começa a acabar. Terá sido a sua pior época desde que chegou à ribalta.

Pedro Emanuel: Esteve em bom plano sempre que Mourinho precisou dele.
Foi dos melhores no Porto de 2004-05, mas depois nunca mais se livrou das lesões.

Ricardo Carvalho: Foi com Mourinho para o Chelsea, ganhou títulos e é um dos melhores centrais do Mundo.

Jorge Costa: Nunca entendi a implicância dos treinadores estrangeiros para com o “bicho”. Primeiro foi Del Neri, depois Adrianse.
Um jogador que deu tanto ao clube, merecia mais respeito.

Ricardo Costa: Parece que desaprendeu de jogar à bola. Um daqueles jogadores, e foram muitos, que só com Mourinho conseguiam atingir níveis altos de competitividade.

Nuno Valente: Depois de ter sido campeão europeu, roubou a titularidade a Rui Jorge no Euro 2004. Deixou o Porto de forma pouco amigável e rumou a Liverpool para representar o Everton.

Costinha: Depois de uma grande época, o ministro foi uma sombra de si mesmo em 2004-05.
Acabou por ir para o Dínamo de Moscovo, mas deu-se mal com os ares da Rússia.
Actualmente joga no Atlético de Madrid, mas não é indiscutível.

Maniche: Fez o mesmo trajecto que o seu companheiro de miolo, mas ainda teve direito a 6 meses de Chelsea.
No Atlético tem papel de maior importância do que Costinha.
Ambos deixaram de fazer parte das escolhas de Scolari, mas Maniche ainda é jogador de selecção.

Pedro Mendes: De uma importância fulcral no Porto campeão europeu. Seguiu com a carreira em Inglaterra. Nunca entendi porque não faz parte das escolhas de Scolari.

César Peixoto: Lesões, Isabel Figueiras, carros potentes, despistes, Isabel Figueiras, Jet-Set, ...

José Bonsigwa: Um “bom rapaz” que Mourinho foi buscar ao Boavista.
Em Agosto afirmou que tinha o sonho legitimo de ser campeão europeu e não é que estava certo?
Na altura a elevada qualidade do plantel azul e branco não lhe dava muitas hipóteses, mas actualmente é um dos melhores elementos da equipa. O melhor lateral direito a actuar a Portugal e um dos melhores da Europa.

Dimitri Alenitchev: Foi novamente o Joker. O médio ofensivo que Mourinho fazia descansar no campeonato e lançava nos jogos europeus.
O russo foi decisivo por exemplo em Marselha e já agora marcou novamente na final.
Saiu após o Euro 2004 para o Spartak de Moscovo.

Deco: Genial, Mágico. Foi na nossa opinião o melhor jogador do ano.
Saiu para o Barcelona e continuou a ganhar títulos. Foi o único elemento a repetir a champions.

Derlei: Um dos grandes heróis da época passada, teve uma melindrosa lesão em 2003-04. Foi contra o Alverca no Ribatejo, numa partida em que o Porto venceu por 2-1.
Ainda voltou a tempo de jogar as meias finais, tendo convertido o penalty que eliminou o Corunha.
Na final actuou como homem mais avançado.
Em Janeiro de 2004 rumou ao Dínamo de Moscovo mas os índices jamais foram os conseguidos com Mourinho.
Recentemente voltou ao futebol português representar o Benfica mas revelou-se um verdadeiro fiasco.

Carlos Alberto: O miúdo que abriu caminho à vitória na final com um golo de belo efeito.
Tinha talento e irreverência para dar e vender.
Mourinho foi o único que o conseguiu meter na linha.
Saiu em Janeiro de 2004, incompatibilizado com Fernandez, o treinador da altura.
Ainda foi campeão brasileiro pelo Corinthians.

Benni Mcarthy: O goleador que Mourinho insistiu em levar para as Antas.
Um grande jogador que permaneceu contrariado por mais uma época.
Rumou a Inglaterra e no melhor campeonato do Mundo conseguiu ser o 2º melhor marcador. Só Drogba ficou à sua frente.

Maciel: Não foi inscrito na champions, mas revelou-se de enorme utilidade no campeonato quando era preciso fazer descansar os guerreiros.
Mourinho já o conhecia de Leiria.

Sérgio Conceição: Até o Porto de Mourinho tem direito ao seu “barrete”.
O histórico Sérgio Conceição que insiste em reclamar um lugar na selecção nacional.