22 maio, 2007

FC Porto - Campanha Europeia 2002-03

Em 2002-03 começou a odisseia daquela que foi a melhor equipa portuguesa que alguma vez vi jogar. O Porto de Mourinho era um gigante mundial não dando hipóteses ao excelente Benfica de José António Camacho. E pensar que tudo começou com um empate a 2 golos nas Antas contra o Belenenses...
O título que fugia há 3 anos foi conquistado sem espinhas e a Taça também não fugiu à trituradora azul e branca, fruto de uma vitória por 1-0 sobre a União de Leiria no Jamor.
A própria Taça UEFA, se exceptuar-mos os 4ºs de final e a final, foi um passeio.

A campanha europeia começou com uma vitória por 6-0 sobre o Polónia Varsóvia. O adversário era acessível mas pregou uma partida ao bater o FCP, na 2ª mão, por 2-0. Apesar da importância diminuta da partida, José Mourinho ficou com os nervos em franja.
A eliminatória com o Áustria de Viena saldou-se com 2 vitórias. 1 zero em solo austríaco (golo de Derlei) e 2-0 no Porto.
Nos 16ºs de final coube em sorte o Lens. Um massacre e 2 frangos do guardião francês contribuíram para o 3-0 na 1ª mão. Os franceses venceram em casa por 1-0 com um golo de Song precedido de falta sobre Baía.
Seguiram-se os turcos do Denizlispor. Uma eliminatória fácil, com vitória nas Antas por 6-1 e um empate a duas bolas na Turquia, onde Clayton fez relembrar o calcanhar da Madger.
O adversário seguinte fez soar o alarme. O Panathinaikos venceu nas Antas por 1-0 com um golo de Olisabebe. Mourinho disse ao treinador rival que a eliminatória não e estava acaba e realmente não estava.
2-0 em Atenas após prolongamento e a passagem às meias finais para encontrar a equipa que teoricamente era favorita à vitória na competição, a Lazio de Roma.
Na outra meia final o Boavista enfrentava o Celtic de Glasgow não sendo totalmente descabido o cenário de uma final exclusivamente portuguesa.
Os italianos costumam um osso duro de roer e pareciam querer confirmá-lo quando Chiesa bem cedo fez o 1-0, gelando as Antas. O que se seguiu foi diabólico!
O Porto cilindrou os italianos por 4-1 naquela noite de chuva intensa. Peruzzi terá sido infeliz em 1 ou 2 lances, mas evitou uma goleada histórica. Vejam aqui aquela que foi para mim a melhor exibição do Porto 2002-03.
Em Glasgow, o Boavista conseguiu um empate a 1 bola, no jogo da vida de Erivan.
Na 2ª mão, a Lazio não conseguiu violar as redes de Baía, que enorme defendeu uma grande penalidade.
A mesma Lazio que um ano mais tarde eliminaria o Benfica na pré eliminatória da Liga dos Campeões foi bastante vulgarizada.
Entretanto um golo de Larson já no último quarto de hora acabou com o sonho boavisteiro.

Na final, as equipas alinharam com:

FCP Porto: Vítor Baía, Paulo Ferreira, Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Nuno Valente, Deco, Costinha, Maniche, Alenichev, Capucho, Derlei. Suplentes: Nuno, Emanuel, Ricardo Costa, Tiago, César Peixoto, Clayton, Marco Ferreira.

Celtic: Douglas, Mjallby, Balde, Valgaeren, Agathe, Lennon, Petrov, Lambert, Thompson, Sutton, Larsson. Suplentes: Hedman, Sylla, McNamara, Maloney, Fernandez, Laursen, Smith.

A final de Sevilha foi um hino ao futebol, com direito a invasão de campo por um homem nu e tudo. O Porto claramente mais forte foi importunado pelos escoceses que fizeram valer o empenho e o querer. O sueco Larson marcou por 2 vezes de cabeça, contrariando os golos de Derlei e Alenitchev.
Com 2-2 no período regulamentar, o jogo foi para prolongamento. O defesa central francês Balde foi expulso, logrando o Porto o 3-2 num lance onde Marco Ferreira foi grande abrindo o caminho ao golo de Derlei. O golo de prata que valeu ouro.
O Ninja estava estafado mas foi uma vez mais decisivo. Para recordar os 3 golos do FCP com direito a hino tripeiro.

Plantel:
Vítor Baía: Depois de uma aventura de certa forma falhada em Barcelona, voltou ao Porto com o joelho num 8.
Pensava-se que estava acabo, mas conseguiu atingir a sua melhor forma de sempre.
Inicialmente entrou em rota de colisão com Mourinho, mas o Special One mostrou-lhe quem mandava, conferindo a titularidade a Nuno Espírito Santo.
Resolvidos os conflitos, tudo foram rosas.

Paulo Ferreira: O defesa direito internacional sub-21 que Boloni quis um dia levar para o Sporting. Acabou por ir para o Porto por valores bem mais baixos aqueles que foram pedidos aos leões.
Era um “ironman” capaz de jogar 50 jogos numa época com uma regularidade impressionante.

Jorge Costa: O capitão que Octávio correu, voltou após 6 meses no Charlton. Ele e Baía eram os líderes do balneário, os guardiães da mística azul e branca. Dificílimo de ultrapassar.

Ricardo Carvalho: Na altura já era o melhor central português e um dos melhores do mundo. Scolari demorou muito tempo em reparar nele.

Pedro Emanuel: O 3º central da equipa. Foi chamado por várias vezes (uma delas na final) cumprindo sempre com distinção. Um senhor que anos antes havia sido campeão pelo Boavista.

Ricardo Costa: Defesa central era muitas vezes adaptado ao lado esquerdo da defesa. Viveu com Mourinho os melhores momentos da sua carreira. Parece que desde que foi lançado com 19 anos, a sua evolução foi nula.

Nuno Valente: Um dos 3 que Mourinho levou consigo de Leiria.
Discreto, mas de grande utilidade era melhor jogador do que parecia.
Foi um erro o Sporting, clube que o formou, ter dispensá-lo.

Mário Silva: Na ausência de Nuno Valente, Mourinho preferia adaptar Ricardo Costa ao lado esquerdo da defesa. Penso que está tudo dito.

Costinha: O ministro era uma peça fundamental no esquema de Mourinho que raramente abria mão do seu médio defensivo.
O antigo jogador do Mónaco, tinha o hábito de marcar nos grandes jogos.
A época seguinte seria ainda mais proveitosa em termos individuais.

Tiago: Outro dos que foi com Mourinho de Leiria para a invicta. Em tempos trocou o Marítimo pelo Benfica, alegando medo de andar de avião.
Fez uns bons jogos de águia ao peito, mas foi estranhamente dispensado por Souness quando Michael Thomas chegou ao clube.
Era utilizado sobretudo no campeonato, dando descanso a Costinha.

Maniche: A grande surpresa da época. Depois de um ano de interregno onde por castigo se limitou a treinar no Benfica-B, o médio ingressou no rival nortenho pela mão de um treinador que já havia apostado nele a quando da sua fugaz passagem pelo emblema da águia.
Só por incompetência o Benfica deixou escapar um jogador assim.

Deco: O que foi dito para Maniche é aplicado a dobrar.
Veio para Portugal, proveniente do Corinthians Alagoano para jogar no Benfica, mas nunca actuou com a camisola encarnada do auto denominado Glorioso.
Só Simões reparou nele, mas nada pode fazer.
Vale e Azevedo ameaçou inclusive prendê-lo a uma árvore.
Foi emprestado ao Alverca e após uma “ponte” em Vidal Pinheiro, ingressou no Porto.
Jackpot.

Capucho: Médio ala direito, campeão do Mundo de sub-20 em Lisboa, formado nas escolas do Sporting.
Em tempos chegou a remeter para o banco de suplentes o genial Luís Figo.
Deve ter tido um abaixamento de forma e foi dispensado.
Ingressou no Vitória de Guimarães e depois foi para o Porto onde ganhou muito.
Era fino a jogar. Na final actuou como ponta lança, posição que não lhe era completamente estranha e cumpriu.
Teve o azar de escolher sair para Espanha no final da época.

Marco Ferreira: O suplente de Capucho que o Porto foi contratar a Setúbal.
Actuou alguns minutos na final e a sua persistência permitiu o golo da vitória.
Esforçado mas um pouco limitado, não caberia no Porto 2003-04.
Depois de um ano no Penafiel, ingressou no Benfica e quase não se houve falar nele.

César Peixoto: Na época anterior marcou um grande golo, na vitória por 3-0 dos azuis do Restelo sobre um Porto destroçado.
Tinha muita qualidade, mas passou a época quase toda no estaleiro.

Alenitchev: O “Joker” que Mourinho insistia em lançar nos grandes jogos europeus. Foi fulcral na carreira europeia, como também o seria um ano depois.
A gestão do plantel fez com que o russo encontra-se o seu espaço no plantel azul e branco e o russo correspondia. Marcou na final.

Clayton: Avançado brasileiro que em tempos foi o abono de família do Santa Clara.
No Porto nunca se afirmou, mas marcou alguns golos no início da campanha europeia. Os adversários também ajudavam.

Derlei: O ninja que foi a par de Deco o grande jogador portista da época. Mourinho confidenciou que Derlei terá sido ainda mais preponderante.
Veio de Leiria com o mister para se tornar no melhor marcador da Taça Uefa.
Na final bisou, como já havia bisado na meia final contra a Lazio de Roma.

Hélder Postiga: Terá feito a sua melhor época de sempre.
Não jogou a final por castigo.
Rumou a Londres para uma aventura mal sucedida nos Spurs.

Jankauskas: Um dia disse que o Benfica era uma espécie de religião. Na semana seguinte assinou pelo Porto.
Foi perdendo preponderância na equipa.
NA final Mourinho preferiu adaptar Capucho a ponta de lança deixando o lituano no banco.

9 Comments:

At 3:14 da manhã, Blogger Mats Jagunço said...

Lembro-me dessa passagem da religião... Quando, depois de já ter assinado pelo FCP, foi confrontado com essas declarações, lembro-me dele dizer que sim, que o Benfica era uma religião mas não era pra ele! lol
Em relação a ele não ter jogado a final, tenho quase a certeza que teve a ver com uma lesão que teve no pé...
Já agora, uma curiosidade relativamente ao Deco... Lembro-me de estar a ter uma aula na faculdade e estar lá o Deco a fazer os testes físicos. Recordo-me de comentar com um colega que "o gajo era um minorca e não corria nada"!

 
At 10:44 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Grande jogo de Derlei, muito longe do Derlei desta época. os jogadores Porto parece que se transformam, ainda estou para perceber estas metamorfoses.
Ah, e Mourinho no seu melhor.

PS - Amigo Cavra, finalmente tive oportunidade de conhecer a tua cidade,(provavlemnte até nos cruzamos) muito bonita, muito jovem e cheia de cultura ( o que muito me agradou visto trabalhar nesta área).
Só tive pena de assistir à festa do Nosso Porto na tua cidade, existem bués portistas. na minha vila que é Palmela, a maior parte das pessoas são Sportinguistas, depois benfiquistas, depois do Vitória de Setúbal, depois do Belenenses e só depois do nosso Porto.

 
At 4:22 da tarde, Blogger cj said...

Folgo em saber que há uma conterrânea com a mm paixão clubística que a minha.


Grande Campanha Europeia 02/03 do FCPorto... ainda me está na memória os minutos vividos após o golo do Derlei.



P.S:
Se não estou em erro o golo da Lázio foi apontado pelo Cláudio Lopez.

 
At 9:42 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Não Heidi, eu normalmente não estou aos fds em Aveiro. Rumo ao Liz.
Aveiro é bonito sim sr. Tem encanto, pena ter perdido o clube na 1ª divisão.

Qto aos portistas de Aveiro, esta nova geração é toda do nosso Porto man.
Só os velhos baladeiros como eu e o Mats é q sou Benfiquistas.
Sportinguistas há poucos, mas bons... pelo menos tirando os arruaceiros da minha aldeia gosto dos lagartos aveirenses.
Adeptos do Beira-Mar? Nem vê-los... eu pelo menos não aqueci nem arrefeci...

 
At 11:55 da tarde, Blogger Jesus said...

O jogador da Lazio que marcou o golo contra o nosso Porto foi o Claudio Lopez, o Jankauskas não foi convocado para a final poque tava lesionado e o Balde não foi expulso, quem foi expulso na final foi o Nuno Valente.

Grande Porto, o dessa época, talvez o Porto com o futebol mais espetacular que eu ja vi, tambem me proporcionou o melhor jogo do Porto que eu vi ao vivo contra Lazio, podia ter ficado 7-1 que não se estranhava, nesta época o Porto foi um verdadeiro rolo compressor.

 
At 8:43 da manhã, Anonymous Anónimo said...

amigo CJ, eu não sou portista, sou sportinguista, "o nosso Porto" é uma brincadeira a que me habituei neste blog, sem ofensa para os adeptos e instituição. Fico satisfeito por saber que és meu conterrâneo. Beijinhos :)

Amigo Cavra, realmente não me dei conta de adeptos do simpático Beira Mar, mas eu como cidadão do Distrito de Setúbal e como deves calcular fiquei satisfeito com a permanência do Vitória Sadino, apesar de reconhecer que era a equipa mais fraca das 3 que lutavam por não descer. na minha vila tirando o Octávio Malvado, a existência de portistas é quase inexistente.

Em relação á campanha europeia do Porto de 2002/2003, era de facto uma equipa fantástica, com um treinador fantástico, e só quem não conhecia o valor daquela equipa é que poderia ficar surpreso com a vitória do clube do Norte na competição.

 
At 8:44 da tarde, Blogger José Cavra said...

O Balde foi expulso sim senhor.
Tenho 99% de certeza.

 
At 8:57 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Heidi, nós na minha aldeia tb temos um carinho especial pelo mister Carlos Cardoso.
Não sei pk mas algum iluminado lembrou-se de gozar com o homem e pronto... nasceu o mito.
Eu pessoalmente so nao curto o vitória por causa das´falta de competitividade nos jogos contra o nosso Porto.

 
At 9:21 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Cavra quanto á questão da pouca competitividade do Vitória nos jogos contra o Porto é verdade, são sempre seis pontos ganhos pelo
clube da 2ª cidade do país.

 

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