15 maio, 2007

Benfica – Campanha Europeia 1989-90

Mais uma época marcada pelo insucesso dentro de portas com o Benfica, apesar de ter dado luta, a perder o título para o rival nortenho.
A Taça foi para a Amadora com o Estrela de João Alves a bater na finalíssima por 2-0, o Farense (2ª Divisão) de Paço Fortes.
A odisseia europeia começou na Irlanda do Norte com uma vitória por 2-1 sobre o Derry City. Na Luz os simpáticos irlandeses saíram vergados a concludentes 4-0.
Seguiu-se o Honved de Budapeste dos irmãos Diztel, que não fez mais do que confirmar a crise porque passava (e continua a passar) o futebol húngaro. 2-0 na Roménia e 7-0 na Luz não deixa margem para dúvidas sobre a diferença de poderia entre as duas equipas.
O sorteio dos 4ºs de final foi novamente favorável. O Dinepr não era um adversário fácil, mas estava longe de ser um gigante do futebol europeu.
A 1ª mão ficou marcada pela dificuldade dos encarnados em ultrapassarem a muralha defensiva da equipa da ex URSS. Magnusson fez o único golo da partida ao converteu um penalty que castigou um derrube sobre Vítor Paneira.
15 dias depois arrancámos uma grande exibição e vencemos facilmente por 3-0. Lima sonhou que ia marcar e marcou por 2 vezes.
O último obstáculo antes da final foi o Marselha de Bernard Tapie, uma das melhores equipas europeias no início dos anos 90 contando com Enzo Francescoli, Carlos Mozer, Boli, Jean Pierre Emanuel Amores Papin e Chris Wadle.
No Veloudrome, o Benfica marcou contra a corrente do jogo. Lima respondeu da melhor maneira de cabeça a um canto e fez o 1-0.
Os Marselheses lançaram-se ao ataque e ainda antes do intervalo Papin bisou.
Com alguma dose de sorte e algum engelho das suas linhas recuadas o Benfica conseguiu manter o 2-1 final que abria boas perspectivas para a 2ª mão.
A luz vestiu-se de gala para receber o encontro das meias finais, mas o jogo foi fraco, com os franceses a limitarem-se a gerir a vantagem abdicando quase do ataque.
Com Magnusson e Lima e serem completamente anulados por Mozer e Boli, Erickson tirou o brasileiro e meteu o angolano Vata. A 10 minutos do final, Valdo marcou um canto do lado esquerdo, Magnusson desviou ao primeiro poste e Vata com a ... o joelho inferior encaminhou a bola para as redes de Castaneda.
Golo do Benfica perante o espanto dos franceses que não queriam acreditar na decisão do árbitro da partida.
Antes do final Veloso carregou Wadle e viu o amarelo e não pode alinhar na final.
Lima que estava com veia goleadora lesionou-se antes da final e não seguiu viagem, a equipa viu-se privada de 2 titulares.
Depois veio o poderoso Milan, na minha opinião uma das melhores equipas de sempre do futebol europeu.
Os italianos eram mais fortes e confirmaram-no no campo, vencendo por 1-0 (golo de Frank Rijkaard aos 68 minutos) , mas não permitindo que o Benfica criasse perigo junto da baliza de Galli (podem confirmar aqui).
Pelo menos não fomos esmagados como o Steua de Bucareste um ano antes.



Foi a 23 de Maio de 1990 no Estádio do Prater em Viena, sob a arbitragem do também austriaco Helmut Kohl.
Perante 57500 espectadores as equipas alinharam com:
Benfica: Silvino; José Carlos, Ricardo, Aldair e Samuel; Hernâni e Thern; Vítor Paneira (Vata, 75), Valdo e Pacheco (César Brito, 58); Magnusson.
Treinador: Sven-Goran Eriksson (Suécia).


AC Milan: G.Galli; Tassotti; Costacurta; Baresi; Maldini; Colombo (F.Galli 89); Rijkaard; Ancelotti (Massaro 72); Evani; Gullit; Van Basten
Treinador: Arrigo Sachi

Plantel:
Na baliza Silvino continuava a ser o titular, o veterano Bento o suplente e um tal de Dias Graça o 3º.

Veloso era o dono do lado esquerdo da defesa:

José Carlos era o defesa direito, formando com Vítor Paneira uma boa ala. Era melhor a atacar do que a defender. Depois do Benfica ingressou no Vitória de Guimarães voltando a encontrar o colega de corredor.

Fonseca: Um azelha que actuou várias vezes no lado esquerdo da defesa.
Na final com Veloso castigado, Erickson optou por adaptar o central Samuel. Acho que está tudo dito.

Ricardo Gomes: Um grande jogador. Central, capitão da canarinha era um goleador ao bom estilo de Mozer e de Humberto Coelho.
Após uma aventura no PSG voltou em 1996 à Luz conquistando a Taça de Portugal na fase mais negra da história do clube.

Aldair: Só actuou uma época no Benfica, tendo-se revelado um central com qualidade mas demasiado macio.
Esteve no Mundial de Itália (juntamente com Ricardo e Valdo), onde apesar de não ter actuado um único minuto, acabou por lá ficar, assinando com a Roma (por 750 mil contos), equipa na qual permaneceu durante anos a fio.

Samuel: Era a 3ª escolha como central. Mostrava competência sempre que era chamado.
No 2º jogo das meias finais, actuou ao lado de Ricardo Gomes, fruto do castigo de Aldair. Esteve muito bem.
Na final foi defesa esquerda.
Jogou também no grande Boavista de Manuel José, onde continuou a fazer belas exibições.
Paulinho, internacional português mas que não tocava na “xixa” e o ex júnior Paulo Madeira completavam o grupo de centrais

Thern: Médio defensivo sueca era uma autêntica carraça. Trabalhador incansável e um dos jogadores preferidos do treinador.
Concluída a aventura no Benfica, transferiu-se para o Nápoles.

Hernâni Madruga: Médio defensivo proveniente do Vitória Sadino.
A sua carreira ficou marcada por um controlo anti doping, que alguns juram a pés justos que foi incriminado para “salvar” Carlos Mozer.
Depois do futebol de 11, tornou-se num dos melhores jogadores mundiais de futebol de praia.

Vítor Paneira: Quando veio do Vizela para o Benfica foi alvo de chacota por parte do Sr. Jorge Nuno. Numa das raras vezes, o imperador do Porto teve que engolir as suas palavras.
Paneira era um grande jogador, sendo um regalo vê-lo jogar. Erickson por vezes dava-lhe todo o corredor, mas ele rendia mais como médio ala direito.
Saiu em 1996 depois da limpeza de balneário levada a cabo por essa besta que foi Artur Jorge de Melo Braga Teixeira.
Jogou ainda no Guimarães e na Académica.

Abel Campos: Era o protótipo do jogador africano. O futebol estava-lhe no corpo, mas era indisciplinado tacticamente.
As suas fintas levantavam o 3º anel.
Uma boa alternativa a Paneira.

Pacheco: Continuava a ser o médio ala esquerdo. Estava mais maduro.

Valdo: Um número 10 de se lhe tirar o chapéu era o motor do meio campo.
A “Bailarina”, como era apelidado pelos adeptos dos clubes rivais, jogava que se fartava.
Depois de uma aventura no PSG, voltou à Luz juntamente com o companheiro Ricardo Gomes.

Diamantino: Estava a perder influência na equipa sendo raramente chamado.
Sairia pouco depois para o Vitória de Setúbal.

Lima: Avançado que no Grémio era o complemento de Valdo em termos de concretização.
Chegou à Luz rotulado de craque (e com um penteado super pós moderno), mas só após o 1º jogo com o Dinepr é que mostrou algo.
Quando estava em super-forma lesionou-se e não seguiu viagem para Viena.
Consta-se que não era muito bem visto no balneário, fruto das suas preferências sexuais.

Mats Magnusson: Continuava a ser o homem de área da equipa e na final foi uma nulidade, o costume nos grandes jogos.

Vata: O herói da meia final já teve honras de post aqui.

César Brito: Viveu o seu grande momento de glória um ano mais tarde no estádio das Antas, ao marcar, de rajada, os 2 golos da vitória do Benfica.
Tinha muita qualidade, mas um acidente de viação prejudicou-lhe de certa forma a carreira, igualmente marcada pelas lesões.
Veio do Portimonense e depois do Benfica ainda actuou no Belenenses e no Salamanca.

6 Comments:

At 10:59 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Recordo perfeitamente este percurso do Benfica, é certo que nem me recordo de todos os jogadores, José Carlos é um deles.
mas o que fica na memória é o célebre trocadilho da mão de Vata, e o golo do actual treinador do Barça, que um ou dois anos antes era dado como reforço do meu clube.

 
At 1:59 da tarde, Anonymous Anónimo said...

O actual treinador do Barcelona é conhecido como o médio invisivel do Sporting.

 
At 3:45 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Em Marselha fomos pura e simplesmente esmagados pelo ritmo do Marselha. Se a coisa desse para o torto, teríamos morrido logo ali com uma enorme goleada. Miraculosamente aguentámo-nos toda a segunda parte sem papar nem mais um golinho. Só o Zé Carlos cortou duas bolas sobre a linha. Vacaria total.
Na Luz jogámos bem e beneficiámos de um clamoroso erro de arbitragem que nos projectou para a final.

Final na qual jogámos melhor que há dois anos contra o PSV, mas que, no meio daquela marinada tactico-calculista (de parte a parte)acabaríamos por perder na única jogada de perigo em todo o jogo.
O Rijkaard era melhor jogador do jogador do mundo (eu detestava-o!). Dar-me-ia o piquenino prazer de o ver, pouco tempo depois, a fazer um Mundial de merda, com direito a escarreta no tio Völler.
Fraco consolo.

Apenas uma correcção: o colega de serviço do Mozer era o Sauzée e não o Boli.
No ano seguinte, sim, o Mozer contou, pela única vez na sua carreira, com alguém mais violento que ele a seu lado.

 
At 9:01 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Porfírio grande memória.
Eu vi a 2ª parte do Benfica-Marselha na Eurosport, mas relativamente pequeno.

Não me recordo dos 2 lances que o Zé Carlos cortou no Velodroume, mas tb tenho parcas memorias sobre esse jogo.

 
At 9:01 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Agora vão seguir-se 3 finais do Porto.

 
At 4:34 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Primeiro tenho de honrar essa equipa do Benfica, que pese embora tenha tido algum, como chamar... "cepos", tinha jogadores de grande qualidade. Mas, o que é certo é que nunca mais o Benfica foi a uma final da Taça dos Campeões Europeus (aka. Champions).

Em segundo lugar tenho de dizer que o ex-treinador do Nazarenos se chama Armando Velhinha e não Armando Varina como erradamente mencionaram. Este "senhor do futebol" é uma personagem a conhecer. Digo-vos que vale a pena...

Saudações

 

Enviar um comentário

<< Home