Sanguessugas
Quando, na última Quarta-Feira, vi a capa do jornal Record, ocupada em 80% da sua totalidade pela demissão de José Veiga do Benfica, reparei principalmente na barra superior que alimentava outra polémica: "Queiroz ataca Scolari". Cá está mais um arrogante a minar o ambiente da nossa selecção, pensei eu, talvez ressentido pelo título perdido, que Robson dificilmente deixaria escapar.
Ao ler a notícia referente a esta troca de galhardetes, folheei novamente o jornal, uma vez que não seria possível criar tanto alarido à volta de declarações tão banais do adjunto de Fergunson, que dizia estar preocupado com forma física de Cristiano Ronaldo, falando de lesões e sobrecarga de jogos, etc. Nada que Mourinho não faça sempre que existem paragens de campeonato, para dar lugar às rondas das selecções ( e fá-lo com toda a legitimidade).
Mas aquilo que parece banal para os ignorantes é um tesouro no fim do arco-íris para os iluminados das redacções dos jornais desportivos. Queiroz tentou pressionar Scolari, isso sim, mas nunca teve a intenção de o criticar. O que seria, então, um bate-boca como o que envolveu Mourinho e Domenech se passado neste nosso Portogalito? Se o campeão do mundo de esperanças atacou o seleccionador nacional com tão monótonas palavras, então talvez o Record apresentasse qualquer coisa como " Queiroz tentado a cometer homicídio contra Scolari" ou " Queiroz sodomiza verbalmente Scolari". Às inofensivas e ridículas manchetes como "Proibido tocar nos craques do Benfica" ou "Nani tem música" já estamos habituados. Impensável são as que atentam contra as relações entre dois profissionais que são referências no futebol nacional. E é uma pena eles não entenderem que tudo não passou de uma consequência da gula de um bando de sanguessugas...
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