14 outubro, 2006

Juan Ferreyra

Sou daqueles que pensam que Portugal devia pertencer a Espanha. E não é um desabafo momentâneo, como muitas vezes acontece quando a vida nos corre mal. É uma opinião amadurecida*. Por um lado porque teríamos um nível de vida bem superior, por outro porque a nossa maneira de ser não é assim tão diferente dos espanhóis. Ou melhor, as diferenças que há entre portugueses e espanhóis não é maior do que a que há entre galegos e catalães, ou entre bascos e andaluzes, por exemplo.

Uma das semelhanças acontece precisamente no futebol. Descobri isso in loco há três anos, quando assisti a um Atlético de Madrid-Albacete, no Vicente Calderón. Logo no primeiro minuto, Fernando Torres tentou ganhar um penalty, mas o árbitro não foi na conversa. Mas foi o suficiente para a afición colchonera desancar no árbitro pelo jogo fora. O ambiente era muito semelhante aos dos estádios portugueses, descontando o pormenor de estarem umas dezenas de milhar de espectadores a mais do que acontece por cá.

E tal como cá, também em Espanha existem árbitros capazes de coisas incríveis. Acabei de assistir ao Atlético-Recreativo pela TV e, apesar de ser adepto colchonero convicto, no que respeita ao futebol espanhol, não deixei de ficar impressionado pela forma como o árbitro decidiu o resultado do jogo, vitória madrilena por 2-1. Na última meia hora, o colegiado conseguiu fazer isto: inventar um penalty a favor do Huelva; não assinalar um penalty claro a favor da mesma equipa; marcar um penalty duvidoso que permitiu o empate ao Atlético; validar o 2-1 marcado por Agüero, uma fotocópia do golo de Ronny em Alvalade; mostrar dois amarelos a um jogador visitante e esquecer-se de o expulsar, só o fazendo depois de alertado pelo quarto árbitro. O nome do senhor do apito? Não me recordo ao certo, talvez Juan Ferreyra.

* Claro que preferia que Portugal pertencesse à Alemanha, à Suíça, à Suécia ou à Noruega, mas não tenho ilusões, não só por dificuldades geográficas, mas sobretudo pela enorme diferença de culturas entre Portugal e os países citados.

9 Comments:

At 1:31 da tarde, Blogger José Cavra said...

Terronismo à parte, a Espanha é em tudo superior (quase tudo) a Portugal.
Nós somos melhores na corrupção, chico espertice e no chamado desenrascanço.
Arrisco tb q a nossa selecção nacional de futebol é mais forte... ou era!

 
At 2:12 da tarde, Blogger Tiago Gonçalves said...

Acho que somos mais patriotas. Penso que seria difícil convencer grande parte de "nuestros hermanos" a pôr bandeiras nas janelas e a andar na rua com roupa com as cores da bandeira ou com posters no carro. Aliás, o grande sonho de bascos e catalães é vencer a selecção espanhola com uma equipa formada por jogadores da sua provincía. Já em questões de higiene somos muito superiores: sempre que há algum problema lavamos logo as mãos.

 
At 3:08 da tarde, Blogger Mats Jagunço said...

LOLOLOL Gostei da parte do lavar as mãos! lol
Quanto ao sermos mais patriotas, tenho algumas dúvidas. Se no caso que indicaste até acredito que seja verdade, no que realmente importa tenho as minhas dúvidas. Por exemplo, o portuguesinho procura sempre o produto mais baratinho. Já o espanholito, tendo dois produtos de igual qualidade opta sempre pelo de marca espanhuela. Isto é um mero exemplo, mas penso que se reflecte no resto.

 
At 4:19 da tarde, Blogger José Cavra said...

É verdade!
Em Espanha, as lojas de chinocas nao teriam tanto sucesso como têm cá.

Agora um à parte.
O módulo 1 da caixa MT (Renault-Nissan) foi para a fábrica de Sevilha pq o governo do Aznar chegou-se à frente com o carcanhol.
O módulo 2 seria para ver para Portugal... mas acabou por ir parar à Roménia (Lacatus, Camatarus e Hagis).
O nosso Governo deixou andar e lixamo-nos...

 
At 6:32 da tarde, Blogger André S. Machado said...

Espanha?
Nunca, Jamais, em tempo algum!

 
At 12:02 da tarde, Anonymous Anónimo said...

É de ciência histórica que a decadência começou em 1640.

Hoje o desemprego será das poucas coisas em que eles(ainda)são piores que nós(otros).

Mesmo assim, continuo, quiçá estupidamente, a considerar-me um patriota.

 
At 12:08 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Como habitante deste pedaço de terra esquecido nos confins da Europa, não posso estar mais de acordo com o "Seu" Jorge. Maldita a hora que o D. Afonso se zangou com a mãe e decidiu partir à conquista.

Como já aqui foi citado, as diferenças culturais entre tugas e espanhóis é grande. Apesar de parecer uma paradoxo aquilo que vou dizer, julgo que os "nuestros hermanos" têm uma mentalidade muito mais aberta que a nossa. Muitas vezes, os espanhóis são acusados de serem snobs e de terem o nariz empinado. No entanto, se forem beber um copo a uma qualquer cidade espanhola podem constatar que são um povo bem mais afável e receptivo. Por exemplo, se tentarem "hablar con una chica" provavelmente irão ter uma resposta, uma boa conversa e quem sabe...algo mais. Se forem beber um copo com nas Docas ou outro ponto turistico da capital e tentarem meter conversa "com uma gaja", muito provavelmente ela irá virar-vos as costas.

Quanto ao jogo falado pelo Jorge, apenas vi o resumo, mas os erros do árbitro espanhol estão ao nível de um qualquer Paraty, João Ferreira ou Bruno Baixão. A grande diferença é que esse senhor não apitará, nos tempos mais próximos, um jogo da liga espanhola. Se fosse cá, recebia uma nota excelente do observador e, como prémio, estaria em Alvalade a dirigir o Sporting-FC Porto.

 
At 11:20 da tarde, Anonymous Anónimo said...

PARABENS SLB, pela gloriosa noite da ESCOCIA.

 
At 1:02 da tarde, Blogger José Cavra said...

Igualmente para o Sporting Tsunami.

 

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