29 abril, 2006

Inglaterra? Não, obrigado.

Foi com muita alegria que ouvi, hoje, o "mister" Scolari a pôr os pontos nos i´s numa questão que já vem atormentando o seleccionador nacional há já várias semanas...
"Felipão" é, sem dúvida, o treinador que mais bons resultados trouxe à selecção das quinas nos últimos anos. Vejamos que, com Scolari a comandar a selecção, esta fez uma carreira ímpar no Europeu de 2004, sendo vice-campeã, face a uma Grécia que de tanto anti-jogo já metia nojo! E nesse mesmo campeonato europeu, a mobilização da população foi um fenómeno nunca antes visto no panorama desportivo nacional. Um dos responsáveis foi sem dúvida o nosso treinador, com os seus apelos às bandeiras e afins. Vejamos, também, que Portugal já não fazia uma campanha tão positiva numa fase de apuramento para o Mundial há já muitos anos, se é que alguma fez uma igual!

Quando Scolari chegou a Portugal, em 2003, fiquei um pouco apreensivo, pois por vezes peco por ser demasiado nacionalista e não via qualquer benefício em ter um brasileiro ao comando da selecção de todos nós. A minha opinião mudou, de forma acentuada, quando comecei a ver os frutos do seu tão aclamado "Projecto". A selecção não é a mesma de há 3 anos... Hoje, temos um estilo de jogo próprio e consolidado, uma equipa sólida e que raramente sofre mexidas e, acima de tudo, temos um líder! Scolari é, verdadeiramente, um líder, uma voz de comando para todos os jogadores que se foram habituando a jogar uns com os outros devido às poucas mexidas nas convocatórias o que permitiu transformar a selecção, até então um grupo de jogadores, numa equipa, na sua verdadeira acepção da palavra, e penso que este foi o ponto mais importante do trabalho do actual seleccionador, na minha opinião.

É óbvio que os excelentes resultados obtidos por esta equipa despertaram o interesse de muitos clubes e selecções em Scolari, que, segundo ele, recusou várias propostas de clubes importantes, em prol da selecção nacional. A Federação de Futebol inglesa foi a que mais se destacou, sem dúvida, mantendo um "namoro" com "Felipão" há já muito tempo, que culminou com o envio de um responsável da selecção britânica a Portugal para negociar os termos de um futuro contracto com o seleccionador. Tal situação originou uma polémica nada saudável antes do Mundial, a que Gilberto Madaíl reagiu com toda a naturalidade, e louvo, desde já, a sua atitude perante esta situação. Tal facto levou Scolari a fazer umas declarações um pouco desagradáveis, a meu ver, referindo que era alvo de xenofobia e que não tinha de provar nada a ninguém só porque era brasileiro, estilo Mourinho quando chegou a Inglaterra, só que por muito bom que o seleccionador seja, Mourinho é somente José Mourinho! Por fim, quando já todos nós tínhamos noção que a saída de Scolari de Portugal era inevitável, este veio afirmar publicamente que não está interessado em treinar a equipa de Sua Majestade, piscando o olho a uma eventual renovação com a selecção das quinas.

Eu, pessoalmente, aprendi a gostar de Scolari. Gosto do estilo da nossa selecção e aprecio o trabalho do seleccionador, mas há dois pontos essenciais que me desagradam profundamente: A arrogância do "Sargentão" quando se refere à própria selecção e à Federação para que trabalha e a sua forte teimosia, principalmente nas convocatórias em que persiste em certos jogadores! Já disse que é positivo, uma vez que contribui para a formação de uma equipa e sua consolidação, mas casos como o do Costinha não são admissíveis, por muito bom jogador que seja!

Em suma e em jeito de conclusão, devo dizer que até hoje, não tenho razão de queixa do trabalho do seleccionador, mas que há alguns factores na sua conduta que têm de mudar... Ai isso há! Mas deixo aqui, também, uma nota de regozijo pela decisão que Scolari tomou e penso que foi um acto de respeito pela selecção que deve ser levado em conta.

PS1: Na altura em que escrevo este post, exactamente às duas da manhã, leio a notícia que Soares Franco teve uma vitória esmagadora, deixando para trás Abrantes Mendes e Guilherme Lemos. Nunca fui grande apoiante da sua facção, mas face à realidade do meu clube, devo assumir que a lista de Franco se destacava pela qualidade dos profissionais. Espero, brevemente, postar sobre o futuro do Sporting e o que esperar dos próximos tempos, mas esperemos pelo fim da época, porque nem tudo está decidido. Limito-me a felicitar Soares Franco e a desejar-lhe boa sorte porque o sucesso dele é o sucesso do Sporting!

PS2: Deixo aqui outra nota de regozijo pelas finais europeias... Na UEFA, teremos um Sevilha vs Middlesbrough, em Eindhoven, equipas que bem merecem a presença na final. Na Champions vou ter a alegria de ver o meu clube espanhol favorito contra o meu clube inglês favorito(a seguir ao nosso Chelsea, claro), Barcelona vs Arsenal, em Paris. Tenho grandes expectativas quanto a estes jogos.

28 abril, 2006

Campeonatos do Mundo - Suécia 1958


A Suécia organizou o 6º Campeonato do Mundo. Foi feita, pela primeira vez, uma cobertura televisiva a nível internacional da prova, com o seu formato a mudar de novo. Desta vez, e à imagem do que hoje acontece, as quatro equipas de cada grupo tinham de jogar todas entre si. As equipas que ficassem empatadas na luta pelo 2º lugar disputariam um playoff. Cada agrupamento continha uma equipa da Europa Ocidental, outra da Europa de Leste e representantes do Reino Unido e América Latina. Pela primeira vez, Portugal teve uma participação nas eliminatórias minimamente decente. Num campeonato a três com Itália e Irlanda do Norte, a fúria lusitana empatou a um golo com os irlandeses católicos, em casa. Em Belfast saiu vergada a 3 bolas sem resposta, tal como aconteceu em Milão. Porém, os transalpinos não se livraram de uma derrota com resultado idêntico, em Lisboa. Vasques, Teixeira e Matateu fabricaram os golos da equipa das quinas, treinada por Tavares da Silva.
Podemos dizer que foi a partir deste Mundial que a selecção brasileira se afirmou definitivamente como nº 1 no futebol mundial. A jogar em 4-2-4, os canarinhos mostraram as fintas de Garrincha, o instinto matador de Vavá, o inventor dos pontapés “em folha seca” Didi e o jovem…Pelé. O miúdo de 17 anos não estava certo na convocatória de Vicente Feola, mas a pressão por parte dos colegas de equipa resultou e o técnico acabou por integrar o “rei” na comitiva. O mesmo aconteceu com Mané Garrincha, mas por motivos diferentes. O mágico das pernas tortas tinha um feitio diferente, demasiado dado à brincadeira e borga (viria a morrer na miséria, vítima do alcoolismo), o que quase o fez perder o lugar no “time”.
Waldyr “Didi” Pereira, era o patrão do meio-campo. Os seus colegas afirmavam que este “conseguia fazer com que a bola falasse”. Para provar as suas aptidões, colocava uma moeda em qualquer ângulo e a qualquer distância, para de seguida lhe acertar. Marcou 31 golos pela selecção nacional (12 deles através do pontapé “folha seca”), mas nunca se adaptou ao lado de Di Stéfano e Puskas num Real Madrid de luxo. Vavá, outro jogador influente, também não se habituou à vida na capital espanhola(neste caso, jogando no Atlético). Porém, os 15 golos em 22 jogos internacionais demonstram a eficácia deste ídolo no Vasco da Gama, Palmeiras e Botafogo.
Voltando ao Mundial propriamente dito, o grupo 1 foi dominado pela Alemanha Ocidental, que se apurava derrotando a Argentina, por 3-1, e empatando a 2 golos com Checoslováquia e Irlanda do Norte. Depois de um jogo de desempate, a Irlanda do Norte surpreendeu os checos, que viriam a ser finalistas quatro anos volvidos.
No agrupamento seguinte, a França humilhava o Paraguai por 7-3, batia a Escócia por 2-1 e só vacilava frente à Jugoslávia, perdendo por 3-2. Os homens dos Balcãs, obtendo igualdades por 1-1 e 3-3 com escoceses e paraguaios, seguia em frente juntamente com os gauleses.
Os Suecos souberam aproveitar o factor casa para mobilizar jogadores e adeptos. Bateram o México por 3-0 e a Hungria por 2-1, cedendo um empate sem golos somente frente a Gales, formação que acabaria por se qualificar batendo magiares por duas bolas a uma no playoff. A equipa do leste foi mesmo a grande desilusão da prova. Puskas, Kocsis, Czibor, entre outros, deixaram o país de origem após a invasão soviética, fragilizando o futebol da nação.
O Brasil qualificou-se sem sobressaltos. O empate frente à Inglaterra foi compensado com vitórias ante Áustria (3-0) e União Soviética (2-0), com os soviéticos a alcançarem o 2º posto depois do 1-0 frente aos britânicos num jogo suplementar. A eliminação inglesa obteve contornos escandalosos em terras de Sua Majestade. Curiosamente, as duas equipas do Reino Unido apontadas como as mais fracas foram exactamente aquelas que mais longe chegaram na competição.
Pelé marcou o único golo na vitória do Brasil frente ao País de Gales, nos quartos-de-final. O triunfo pela margem mínima deixou conformados os galeses, receosos de uma goleada que ficasse para a história. A Alemanha batia a Jugoslávia com um golo de Rahn, que já havia sido decisivo na Suiça, no Mundial transacto. Fontaine, que marcara 10 golos na 1ª fase(!), juntava outros dois à sua conta pessoal na vitória frente à Irlanda do Norte(4-0). A anfitriã Suécia seguia em frente depois de aproveitar o apoio do público para enviar a União Soviética para casa naquele que foi, naturalmente, o encontro com maior assistência desta etapa do Mundial (31.900 espectadores).
As meias-finais ficaram marcadas por alguma polémica. A Suécia defrontava a Alemanha Ocidental e Schaefer abriu o marcador aos 23 minutos a favor dos germânicos, com um remate de 20 metros. Os escandinavos empataram através de um golo irregular, pois Liedholm dominara a bola com a mão antes de Skoglund rematar. Juskowiak (quiçá parente do Andrej que jogou no Sporting) foi expulso aos 57 minutos, desfalcando os “panzers”. Gren e Hamrin aproveitaram para colocar a Suécia na final.
O Brasil colocou-se cedo em vantagem frente à França, mercê de um remate espectacular de Vavá aos dois minutos. Juste Fontaine empatava 7 minutos volvidos, mas Didi e 3 golos de Pelé resolveram a questão. Apesar do golo de Piantoni ao cair do pano, a França saía do Mundial de 1958.
No Estádio Rasunda, em Estocolmo, no dia 29 de Junho de 1958, jogou-se a final. O seleccionador brasileiro Vicente Feola foi teimoso em relação à titularidade de Didi, com 30 anos e em fase descendente da carreira para muitos, e optou por colocar Vavá em vez do jovem Mazzola de 19 anos. Di Sordi comandara a defesa em jogos anteriores, mas desta feita o dono do lugar era Djalma Santos. A arma secreta da final foi Garrincha, considerado pouco consistente em termos exibicionais. Mas o extremo-direito não deu hipótese aos suecos, oferecendo dois golos a Vavá.
A esperança de festejar o trunfo em casa parecia tornar-se realidade quanto Liedholm marcou aos 4 minutos. Pela primeira vez, o Brasil encontrava-se em desvantagem na prova. Aos 10 minutos, Garrincha corre pela sua ala e centra a bola para Vavá bater Svensson. De seguida, Pelé acerta na trave e Zagalo emenda para o fundo das redes. O principal ícone do futebol viria a sentenciar a partida aos 55 minutos, dominando a bola com a coxa dentro da área e, depois de passa a bolar por cima da sua cabeça, remata à meia-volta com força. Pelé bisou quase no final. Agne Simonsson, em fora-de-jogo, ainda encontrara uma forma de violar as redes de Gilmar, mas o tento era inconsequente. O melhor jogador do mundo acabava o evento a chorar de alegria. Não havia dúvidas de que o Brasil era a melhor equipa do mundo. Nem tão pouco se desmentiu que seria um dos maiores erros da História do desporto não levar o adolescente criado no Santos à fase final.


Brasil:
Gilmar, D.Santos, N.Santos, Zito, Bellini, Orlando, Garrincha, Didi, Vava, Pelé, Zagalo.

Suécia:
Svensson, Bergmark, Axbom, Börjesson, Gustavsson, Parling, Hamrin, Gren, Simonsson, Liedholm, Skoglund

49.737 espectadores
Árbitro: Maurice Guingue(França)
Marcadores: Liedholm(4);Vavá(9;30);Pelé(55;89), Zagalo(68); Simonsson(80)

Melhores Marcadores:
- Juste Fontaine(França) - 13 golos
- Pelé(Brasil) - 6 golos
- Rahn(Alemanha) - 6 golos
- McParland(Gales) - 5 golos
- Vavá(Brasil) - 5 golos

À direita: O Dream Team do Mundial da Suécia

26 abril, 2006

Gott sei Dank! *

A Rádio Renascença anunciou hoje que Ricardo Sá Pinto será suspenso por dois jogos, depois da expulsão frente à Naval. A confirmar-se, isto significa que o número 10 do Sporting não voltará a jogar futebol a nível oficial. Eis a notícia que eu esperava há cinco anos. E, convenhamos, será um final de carreira apropriado para um arruaceiro que durante as nove épocas que jogou no Sporting enganou muito bem grande parte da nação leonina.

Há uns meses, numa das minhas primeiras intervenções neste blog, dediquei um post a Sá Pinto e a tudo o que de mau ele representou no Sporting nos últimos anos, no meu entender. Infelizmente, o tempo decorrido entretanto só confirmou as minhas ideias. Paulo Bento teve a coragem de afastar Beto, outro pseudo-símbolo leonino, e foi visível como a consistência defensiva da equipa melhorou rapidamente. E palpita-me que o balneário também terá melhorado. O mesmo não aconteceu a Sá Pinto que, pelo contrário, ainda ganhou mais importância na equipa. E esse é um mistério que nunca conseguirei entender.

Sá Pinto, na edição desta época da Liga, jogou sempre como avançado ou número 10. Estes são os seus números. Alinhou em 27 jogos e marcou dois golos (!), ambos de penalty. Falhou outros dois penalties e ainda cometeu três na área sportinguista. Viu 13 cartões amarelos e 2 vermelhos, que lhe valeram quatro suspensões durante a época. Números que envergonham qualquer Gattuso ou Petit, não tenho dúvidas.

Ao todo Sá Pinto realizou 174 jogos pelo Sporting na Liga, nos quais marcou 34 golos, números claramente modestos para um jogador de ataque. Venceu o campeonato em 2001/02 (fez apenas 7 jogos e 1 golo e no pior período da equipa, no início da época; depois lesionou-se). Ganhou ainda a Taça em 1994/95 e 2001/02 e as Supertaças em 1994/95, 1999/00 e 2001/02. Apenas na primeira Supertaça teve papel de relevo, ao marcar dois golos na vitória sobre o FC Porto por 3-0, no desempate, em Paris.

Para muitos sportinguistas (diria bem mais de 90%) Sá Pinto representa a garra leonina. Onde? Na agressão a Artur Jorge? Na chantagem que fez antes de regressar em 2001, quando andou a dizer que era do Porto desde pequenino? No penalty que roubou a Liedson o ano passado? Nas inúmeras expulsões? O leão é o rei da selva não pela sua garra, pois até passa a maior parte do tempo a dormir, a comer e a copular. O leão é o rei da selva pela sua classe e imponência. Daí que os meus ídolos sejam homens como Balakov e Pedro Barbosa, que representam essas qualidades. Sá Pinto não passou de um enorme bluff.

* Deus seja louvado!, em alemão

O 21º Título do FC Porto


Apesar de para a história isso pouco contar, o recente título do FC Porto não foi, nem de perto nem de longe, dos mais brilhantes do seu palmarés.

Com um futebol bastante ofensivo e dinâmico, o Porto de Co Adriannse cedo conquistou os adeptos nortenhos, ávidos de bom futebol e vitórias. Mas cedo também se notou que essa superioridade era ilusória – Se por um lado a equipa exibia classe frente a adversários mais fracos, contra adversários menos fracos (Rangers, Artmédia, etc) demonstrou uma debilidade preocupante.

Mais evidentes se tornaram estes problemas com a escandalosa eliminação na liga dos campeões, com um grupo extremamente acessível. No jogo contra o Artmédia, em casa, quando a equipa vencia por 2-0 e que acabou por perder por 3-2, ficou bem patente o lado mais negro da equipa: Ingénua, fraca psicologicamente e desequilibrada tacticamente.

Por estranho que pareça, esta forte machadada nas ambições desportivas acabaram por trazer consequências muito positivas. Co Adriannse (qual Scolari) apercebeu-se (Finalmente!) que jogar contra o Setúbal e Gil Vicente é bem diferente de jogar contra outros clubes, e adoptou uma postura de jogo mais rigorosa e competitiva – ajustando por vezes a equipa nos jogos mais importantes (como o fez contra o Sporting).

Curiosamente, e depois de ter sido acusado de não conseguir vencer nenhum dos embates contra adversários da mesma dimensão, é em dois destes jogos que o FC Porto ganha a época; é certo que foram os dois contra o Sporting (já destinado a estas coisas), mas, se no primeiro, para a taça, o Porto teve a sorte do jogo – num jogo em que, na minha opinião os Leões foram muitas vezes superiores – No jogo para o campeonato, em que o Sporting tinha obrigatoriamente de vencer, vimos um Porto extremamente sólido que, sem deslumbrar, não permitiu, sequer, que o adversário se acercasse da sua grande área.
Pela primeira vez na época, num jogo a doer, os dragões deixavam de lado os sentimentos nostálgicos e paravam finalmente de sonhar com Mourinho, Deco & Companhia.

O Porto conquistara em Alvalade, não só os 3 pontos mais importantes do campeonato e consequentemente o título, mas também a maioridade.


Depois de uma relação extremamente atribulada, e sabemos como estas coisas sempre serão extremamente voláteis, esta equipa (treinador incluído) conquista, com todo o mérito, o coração dos adeptos.

E se, como disse inicialmente, apesar deste não ter sido o título conseguido com maior brilhantismo (o Porto não foi, ao contrário de outras épocas, inequivocamente superior aos seus adversários directos ou jogou um futebol espectacular) este foi, no entanto, um dos mais importantes títulos conquistados nos últimos anos.

Porquê?

A exemplo de alguns clubes europeus de média dimensão (quando comparados com Reais Madrid´s, Chelseas e que tais) às grandes conquistas seguem-se períodos de seca. Isto deve-se ao facto de não conseguirem manter as suas principais estrelas, vendo-se assim obrigados a vendê-los aos gigantes. Natural. O Ajax, há anos que fornece os grandes europeus, e se a nível externo o clube funciona por ciclos, internamente, nunca deixa de lutar pelo título, mais, a saída das estrelas da equipa representa sempre a entrada de novos e talentosos jogadores formados no clube.

No Porto, esta transição não foi feita. Comprou-se mal, geriu-se mal, esbanjou-se muito. Ainda de bicos de pés pelas duas fabulosas e incontestáveis vitórias conquistadas em duas épocas o Porto julgou que poderia manter esse nível competitivo nos anos seguintes. A uma enxurrada de jogadores, de qualidade muito duvidosa e comprados a preços astronómicos (recordo-me, por exemplo, de Luis Fabiano) até à mudança de treinadores (3 numa época, nunca antes visto num clube que é também conhecido por ser extremamente protector dos seus treinadores) os erros foram mais que muitos e a estratégia aparentemente inexistente.

Num clube habituado, muito habituado mesmo, a ganhar, mais uma época sem vencer o campeonato, ainda para mais com uma campanha europeia desastrosa, poderia aumentar alguns focos de instabilidade que o clube inéditamente viveu no decorrer deste ano – a separação da SAD com os Super-Dragões e dos adeptos com estes últimos disso é exemplo.


Nota Final:

Não posso deixar de falar aqui no grande Jorge Costa, um verdadeiro símbolo do clube e um modelo de pura raça e coragem. Hoje, se calhar mais do que qualquer um, devias estar aqui a comemorar este título. Espero que voltes rapidamente.

O paradigma Belenenses

Quando faltam apenas duas jornadas para o final da Liga Betadine, dois clubes históricos do futebol português correm sérios riscos de descer de divisão. O Vitória de Guimarães dificilmente escapará a este destino, enquanto o Belenenses precisa de pelo menos mais uma vitória para assegurar a permanência. No entanto, estes são dois clubes com uma realidade social muito diferente.

O Vitória, mesmo tendo no seu palmarés apenas uma Supertaça conquistada no final dos anos 80, é indiscutivelmente o clube português, a seguir a Benfica, Sporting e FC Porto, que tem uma massa adepta mais apaixonada e mais presente, tanto em qualidade como em quantidade. Os vimaranenses enchem o seu estádio e, ao contrário do que acontece noutros locais (Setúbal, por exemplo), os vitorianos são vitorianos em 17 jogos por ano e não apenas em 16 (quando um dos grandes visita o Bonfim, por exemplo, há sempre transformistas, em termos de preferência clubística).

O Belenenses é um caso distinto. Até certa altura o clube do Restelo era membro dos então denominados “quatro grandes”. Antes de aparecer o campeonato nacional existia o Campeonato de Portugal e os azuis venceram três, tantos quantos o Benfica e apenas menos um que Sporting e Porto. Depois, nos primeiros anos de campeonato nacional, o Belenenses venceu um título e podia ter ganho mais um ou outro. Depois, aos poucos, a chama vencedora foi desaparecendo e as gerações mais recentes já só têm memória de uma Taça de Portugal no final dos anos 80, a terceira do clube. Pelo meio, nos últimos 25 anos, o Belenenses sofreu três descidas de divisão, as primeiras da sua história. Com tudo isto, o clube motiva cada vez menos paixão e o Restelo torna-se muitas vezes no maior estádio do mundo, tantos são os lugares vazios. Daí que eu pense que o Belenenses é um clube em vias de extinção, pelo menos enquanto membro permanente do futebol profissional.

Quando o futebol surgiu em Portugal, no final do século XIX, logo foram formados inúmeros clubes. Lisboa foi disso exemplo, como mostram os inúmeros clubes que irromperam na capital e arredores: além de Benfica e Sporting, Carcavelos, Lisbon Cricket, CIF, Cruz Negra, União Belenense, Ajudense, Gilman, Campo de Ourique, Império, Lisboa FC, Cruz Quebrada e, finalmente, em 1919, o CF “Os Belenenses”. Depois surgiram ainda outros, como os Unidos de Lisboa, a União de Lisboa, o Carcavelinhos (os dois últimos deram depois origem ao Atlético), Casa Pia, Oriental, etc.

Há cem anos (e até menos), Lisboa, mais do que uma cidade, era um conjunto de aldeias. Muitas pessoas passavam semanas e meses sem saírem dos seus bairros, onde viviam e trabalhavam. Os clubes de futebol acabavam por representar esses mesmos bairros junto da cidade de Lisboa. Com o passar das décadas, a cidade foi-se tornando maior (cresceu em área), mas também mais pequena (com a evolução dos transportes). Dessa forma, as pessoas começaram a ter cada vez maior mobilidade e facilidade de deslocação e a identificação com o seu bairro foi perdendo força. Isso ressentiu-se a nível futebolístico e as pessoas, naturalmente, foram-se identificando com os clubes vencedores, como o Benfica, o Sporting e, até certa altura, o Belenenses. Clubes como Atlético e Oriental foram perdendo massa adepta e desapareceram do mapa profissional português. Hoje um jogo na Tapadinha ou em Marvila tem menos gente que um treino de um clube grande.

A meu ver, o Belenenses vai pelo mesmo caminho. O Restelo tem das piores médias de espectadores da Liga. O que motiva alguém, hoje, a tornar-se adepto do Belenenses? Só consigo ver duas razões: ou alguém que queira seguir as tradições familiares, ou alguém que tenha um espírito rebelde e escolha propositadamente um clube que não um dos grandes.

Pegando no exemplo dos campeonatos mais importantes da Europa ocidental, confirmamos que a mesma situação se verifica noutros países. Tirando a magnífica excepção de Londres, nenhuma outra cidade consegue ter mais que dois clubes na divisão principal. Em Espanha temos Madrid, Barcelona e Sevilha com dois clubes. Em Itália, Milão e Roma. Em Inglaterra, além da já citada capital, temos Manchester, Liverpool e Birmingham. Em França e Alemanha nenhuma cidade tem mais que um clube no escalão maior. Tirando Londres, repito, apenas nos países de leste acontece uma maior variedade de clubes numa só cidade, principalmente nas capitais. Moscovo, Budapeste, Bucareste, Atenas, Istambul (não é capital, mas é a maior cidade turca) são os melhores exemplos. Mas Portugal, embora por vezes não parecendo, é um país ocidental e por isso prevejo que nas próximas décadas o histórico Belenenses passe por muitas dificuldades para se manter à tona do futebol português. Até porque parece interessar cada vez a menos gente.

25 abril, 2006

Dois Pesos e Duas Medidas


«SLB, SLB, filhos da puta, SLB», foi o que cantaram alguns jogadores do FC Porto, na varanda do Estádio do Dragão. Nas imagens divulgadas pela TVI é possível ver e ouvir jogadores (Ricardo Quaresma e Paulo Assunção cantam de forma claramente perceptível) acompanharem os insultos dos adeptos.
Esta troca de palavras entre claques adversárias há muito que se tornou um (infeliz) hábito, mas não eram conhecidas semelhantes manifestações públicas por parte de futebolistas profissionais. "


Há um ano atrás, Petit e Simão cantavam, animadamente, "Pinto da Costa, vai pró caralho...". Poucos mencionaram o facto, ao que parece no meio da euforia tudo é desculpável. Porém, os senhores d´"A Bola" vieram defender as suas "madalenas ofendidas", desta vez. Por falta de memória, competência ou isenção, os mesmos jornalistas afirmam que nunca tinha sido visto nada do género. E ainda gozam com a parcialidade dos diários desportivos espanhóis...

24 abril, 2006

Há emoção na capital


O Porto podia ter selado a rota do título com uma goleada em Penafiel, mas venceu com um penalty “cavado” por Ibson. Confirma, assim, o estatuto de campeão que só a si se podia ajustar, como provam as fracas prestações dos outros grandes nos jogos de ontem. Adriaanse conquista o primeiro título aos 26 anos de carreira. Depois de explicar porque não joga Diego, o holandês falou, na Maia, das suas ideias para melhorar o futebol português, estando empenhado em erradicar a sistemática desculpabilização pelas derrotas em torno da figura do árbitro, o gajo de preto que só tá lá pra nos roubar. Um obrigado a quem quer ajudar o nosso futebol a melhorar.
Adriano revelou-se fundamental no Porto de 2006: compensou a falta de veia goleadora de McCarthy esta época e foi decisivo na recta final( passe para golo em Alvalade, golos com Leiria e Penafiel). Para além dos dois principais pontas-de-lança, os nortenhos contam no plantel com Hugo Almeida, que muitas alegrias poderá dar aos adeptos e que é, neste momento, o único homem de área da mais recente geração de talentos nacionais.
Os dragões nunca tiveram um adversário à altura, isto se abrirmos uma excepção para o Sporting ao longo de quatro ou cinco jornadas. Não estamos a falar de uma equipa ao nível do Porto de Mourinho, apesar de melhores individualidades, mas chega e sobra para as encomendas. Derrotas com clubes como Artmedia ou Rangers são impensáveis no futuro F.C.P. .


O Sporting, como vem sendo seu apanágio, esqueceu-se de jogar durante os primeiros 45 minutos, desiludindo quem esperava uma exibição completamente diferente daquela que se viu na Reboleira. Dois momentos cruciais que marcaram o jogo, ainda neste primeiro tempo: Sá Pinto, em posição privilegiada para marcar após jogada de contra-ataque, atrapalha-se e deixa que o central da Naval se antecipe a tempo de evitar o golo e Carlos Martins, após triangulação perfeita com Liedson, atira ao lado quando bastava contornar o guardião da Figueira.
O capitão leonino foi mesmo o espelho do desacerto, não abdicando de enterrar a equipa em mais dois momentos relevantes: isolado em frente da baliza, inverte a marcha em direcção à linha de fundo, na esperança de conseguir um penalty e, após passe de Nani, opta por se atirar para o chão e reclamar convictamente com António Resende, em vez de passar para o coração da área. Felizmente não mais irá actuar( se a Liga for coerente), o que abre boas perspectivas para as duas últimas jornadas da Liga. Em desespero, a equipa da casa começou a praticar o chamado “chuveirinho”, sendo complicado conseguir a vitória desta forma visto que raramente os homens do Sporting conseguem ganhar uma bola de cabeça na área adversária. Jogo muito fraco, em que Paulo Bento cometeu aquele que foi, para mim, o maior erro deste seu prometedor inicio de carreira: abdicar de um especialista em bolas paradas que até não estava a ser um dos piores de leão ao peito nesta partida, Carlos Martins, e insistir na presença em campo desse expoente máximo do “overacting” que é Sá Pinto. Dois penaltys claros não desculpam uma miserável exibição contra uma equipa limitadíssima.
O Benfica imitou os rivais e tomou a liberdade de dar um avanço de uma parte ao Nacional. Os encarnados mostraram,por momentos, uma defesa muito permeável, mas no segundo tempo, e após apenas dois remates à baliza de Hilário, “O pequeno Saúl” Miccoli abriu a contagem com um remate indefensável. Seria importante, para os lados da Luz, manter o italiano. Ricardo Fernandes carimbou um resultado que acaba por ser justo, tendo em conta a primazia do Benfica na etapa complementar e do Nacional numa primeira fase. O brinde das águias viria a ser retribuído duas horas mais tarde, devolvendo à Liga Betadine a emoção da luta entre os grandes de Lisboa que parecem querer continuar, teimosamente, a falhar…
O Sporting depende de si próprio e paira sobre si o fantasma dos pontos perdidos nas últimas jornadas, fabricado nas épocas de Fernando Santos e José Pesadeiro. O Benfica, pelo contrário, tem sabido aproveitar as escorregadelas dos leões. Vitória de Setúbal e Paços de Ferreira costumam ser presas fáceis para as águias. De Rio Ave e Braga não se pode dizer o mesmo no que toca aos jogos com a equipa de Alvalade. Paulo Bento afirma que o segundo lugar não irá fugir. Assim espero…

21 abril, 2006

Family Ties

Os irmãos Alves podiam ter formado um grupo, à imagem dos irmãos Rosado(os Anjos), fazendo vida da área musical, mas não. Estes gémeos( falsos, como mostram as fotos) quiseram marcar o futebol português nos anos 90 mostrando raça na lateral-direita. Consideradado durante anos a fio um dos pilares da defesa do Marítimo, Albertino Elói teve o confronto mais marcante com Fernando Nélson numa final da Taça de Portugal, na época 2000/2001. Do lado dos insulares pontificavam figuras como Hugo Porfírio(merecedor de um futuro post), Jorge Soares ,o emigrante Quim, ponta-de-lança com uma passagem inconsequente pelo Dundee United, da Escócia, e a esperança ex-Leiria Bakero.
Pela equipa de Fernando Santos, Pena, Ovchinnikov( ou Ovchinnika, como dizia Nuno Luz), Nuno Rocha Capucho, o guitarrista Carlos Paredes e Alenitchev era referências. O clube do norte ganhou por 2-0. Pena e Aleni resolveram a questão.
O defesa-direito ex-Sporting teve o seu momento de glória em 91 quando, juntamente com Figo, Rui "te odeio Ancelotti" Costa e João Vieira Pinto, fez um brilharete, ganhando o Campeonato do Mundo de Juniores desse ano. Abel Xavier era o parceiro com o qual alternava na posição.
Depois de despontar no Salgueiros, trocando bolas em Paranhos no saudoso Vidal Pinheiro com Ricardo Sá Pinto, carimbou passaporte para Alvalade. 5 anos de boa forma valeram uma experiência em Inglaterra, no Aston Villa. Em 98 regressou a Tugal, mas agora para a Invicta. Depois de acrescentar o título de Campeão Nacional às Taça de Portugal conquistadas nos 2 grandes por onde passou, a cidade do Sado foi a sua última grande etapa da carreira. O seu primeiro ano ficou marcado pela descida de Divisão. O grupo de trabalho viria a redimir-se com a subida imediata na época seguinte, levando o Vitória de Setúbal de volta ao escalão primodivisionário. No ano transacto actuava nesse símbolo do norte que é o Rio Tinto, mas acabou por se dedicar aos estudos.
Albertino jogou com o seu irmão no Salgueiros, cumprindo contrato até 95 e rumando a Coimbra para defender as cores da Briosa. Dois anos volvidos, o Marítimo viu na sua pessoa as qualidades necessárias para tapar o lado direito da defensiva. Só em 2004 deixou a ilha de Alberto João para ir para a terra de Avelino, Marco de Cananaveses. Porém, as dificuldades que o clube atravessava originaram a sua saída para Gondomar, onde hoje ainda actua.
Podiam ter optado por uma novela da TVI, muito dedicada à causa familiar quando se trata de estórias relacionadas com laços entre irmãos, mas não. Ficaram nos relvados para nos presentear com a sua classe. Um bem haja a esta dupla.

20 abril, 2006

E agora...os playoffs

Terminou mais uma "Regular Season" da NBA. Como prometido, vamos lá estar para a cobertura dos playoffs, analisando os embates no final de cada ronda.
Os Pistons de Detroit conseguiram o melhor registo da liga com 64 Vitórias e 18 Derrotas, conquistando a Divisão Central e o Título do Este.
Ainda nesta conferência, os Miami Heat das super-estrelas Wade e Shaq. O'Neil, venceram a divisão de Sudeste, enquanto os New Jersey Nets de Jason Kid e Vince Carter triunfaram na Atlantic.
O alinhamentos dos playoffs no Este será o seguinte:
1 - Detroit Piston vs 8 - Milwaukee Bucks
2 - Miami Heat vs 7 - Chicago Bulls
3 - New Jersy Nets - 6 - Indiana Pacers
4 - Clevland Cavaliers vs 5 - Washington Wizzards

Pela negativa destacamos a paupérrima prestração dos New York Knicks (23 V e 59D) e a ausência dos 76ers de Alen Iverson. Foi por uma unha negra, mas a época acabou para "The Asnwer" e seus companheiros.

No Oeste, os campeões San António Spurs conseguiram o melhor registo, vencendo a divisão do Sudoeste, apesar da grande réplica dada por Dallas.
Os Phoenix Suns de Steve Nash triunfaram na divisão do Pacífico, enquanto que o título do Sudoeste foi para os Denver Nuggets.
Nesta conferência encontramos talvez as maiores decepções da época, com os Houston Rockets de Yao Ming e T-Mac, os Minesota Timberwolves de Kevin Garnet e os históricos Utah Jazz a ficarem arredados da disputa do título.
Destacamos igualmente os Portland Trail Blazers de Rubben Paterson, que foram uma espécie de Penafiel da NBA com 21 Vitórias e 61 Derrotas.
Nos playoffs teremos:
1 - San António Spurs vs 8 - Sacramento Kings
2 - Phoenix Suns vs 7 - Los Angeles Lakers
3 - Denver Nuggets vs 6 - Los Angeles Clippers
4 - Dallas Mavericks vs 5 - Memphis Grizzelies

Para concluir destacamos as prestações individuais de Kobe Bryant, LeBron James, Steve Nash e Dirk Nowinsky. De entre eles irá saír o MVP da época.Nós vamos para Kobe, aqueles 81 pontos contra os Toronto Raptors podem pesar.

19 abril, 2006

As Voltas que o Mundo dá...

"É altura de os presidente de todos os clubes assumirem que à frente da Liga tem de estar um homem com um nome a defender. Vejo com bons olhos, se estiver disponível, que seja candidato a presidente da Liga. Mas isso ontem não foi discutido. É de certeza um homem sério e honesto" LFV, hoje de manhã.


"Agradeço essa manifestação pública de confiança nas minhas capacidades, mas está completamente fora de questão. Ele sabe que eu sou reformado e apenas quero sopas e descanso (...) É necessário colocar alguém na Liga com energia, capacidade e que dê garantias que as ideias do manifesto serão defendidas." Dias da Cunha, esclarecendo que não é candidato à Presidência da Liga.

Na minha modesta opinião, Dias da Cunha já anda a sopas e descanso há muito tempo! Acho, também, que ainda não interiorizou que já não é presidente do Sporting, mas enfim... Estas declarações só demonstram que a perigosa amizade entre Dias da Cunha e Luis Filipe Vieira mantêm-se e só me leva a perguntar: "O Bigodes pensa que manda em tudo, o doente de Parkinson continua a fazer só porcaria. Será que o futebol português pode continuar assim?" Acho que com pessoas destas... Não vamos lá. É uma opinião...

Afinal o Big Ben correu dopado

1988, Seul, Jogos Olímpicos de Verão. Final dos 100 metros planos.
Especial atenção às pistas 3 e 6. Frente a frente Carl Lewis campeão Olímpico em Los Angeles e Ben Johnson campeão mundial um ano antes, nos campeonatos de Roma com um tempo canhão de 9.83s.
Os restantes finalistas eram Desai Williams (Canadá), Calvin Smith (USA), Robson De Silva (Brazil), Ray Stewart (Jamaica), Dennis Mitchell (USA) e Lindford Christie (Grã-Bretanha).
Ao tiro de partida, Ben Johnson faz a diferença com o seu clássico "salto de pantera" ganhando de imediato 2 metros à concorrência. Bastante forte nos primeiros 60 metros, como era seu apanágio, o canadiano consegue uma vantagem tremenda, evitando o clássico regresso de Carl Lewis na parte final.
Ao cruzar a linha de meta, Ben ergue o braço e para a concorrência, num gesto de superioridade.
RECORD DO MUNDO: 9.79s!!!!!!!!!!!!! O estádio Olímpico estava estupefacto.
Lewis parecia conformado com o 2º lugar... Christie foi o melhor europeu conquistando a medalha de bronze. Ray Stewart completamente fora de forma acaba com 12 s (?!!?!). Dias depois, o escândalo: o Big Ben correu dopado. Lewis continuava a ser o "filho do vento".

17 abril, 2006

Um dos Momentos mais chocantes da história do boxe

Como campeão indiscutível de pesos pesados, Mike Tyson começou por derrotar,Terrel Biggs, campeão Olímpico em 1984, por KO técnico no 7º assalto.
Em 1988 Tyson enfrentou o lendário Larry Holmes, vencendo por TKO no 4º assalto. Nesse mesmo ano seguiram-se Tony Tubbs (KO no 2º round) e o antigo campeão daIBF Michael Spinks, que caiu ao fim de 92 segundos. O combate com M. Spinks é visto pelos críticos como a melhor performance da carreira de Mike Tyson.
Fora do ringue os problemas começavam a emergir. O divórcio com Robbie Givens, a disputa do seu contrato entre Don King e Bill Cayton e as desavenças com o seu treinador de longa data Kevin Rooney.
No combate contra o popular inglês Frank Bruno, realizado em 1989, Mike encaixou mais golpes do que em toda a sua carreira. Apesar da vitória por KO era visível que Iron Mike estava longe do fulgor de outrora.
Cada vez mais envolto em problemas pessoais, Tyson enfrentou em Tokyo, James"Buster" Douglas. Estavamos em 1990 e James Douglas afigurava-se como uma presa fácil ... contudo o canditado ganhou forças extra, devido ao sofrimento provocado pela morte da mãe 3 semanas antes do combate.
É certo que Douglas foi ao tapete no 8º round e por lá permaneceu durante sensivelmente 14 segundos. Uma contagem lenta por parte do árbitro permitiu que o candidato se levantasse aos 8.
No 10º round, Mike já com um olho praticamente fechado, sofreu uma combinação jab, upercut de direita, gancho de esquerda, cross de direita e gancho de esquerda. Ficará gravada para sempre na memória dos amantes da modalidade a imagem de um grogue Mike Tyson, tentando voltar a colocar a protecção dos dentes.
http://www.youtube.com/watch?v=InaaC2n2VTU
Visivelmente emocionado James "Buster" Douglas tornava-se no campeão indiscutível de pesos pesados, estatuto que viria a perder na primeira defesa face ao famoso Evander Holyfield.

15 abril, 2006

11 económico



Este é o meu "11 dos pobrezinhos", ou seja, a minha equipa ideal excluíndo os jogadores dos grandes e também os do Benfica. "The next big thing" das balizas portuguesas, Bruno Vale, um gigante que se tem vindo a revelar essencial na estratégia do já practicamente salvo Estrela e que será, daqui a alguns anos, titular das redes nacionais; Miguelito, lateral-esquerdo do Nacional que passeou durante anos classe em Vila do Conde mas ignorado pelos mais poderosos da nossa praça; Manuel José, pilar do Vitória de Setúbal na conquista da Taça e membro fulcral do Boavista, é exímio a atacar e eficaz a defender; Marcos António, central que já marcou alguns golos neste campeonato e que forma, com Gregory, uma muralha difícil de bater; Zé Castro, a grande esperança da Briosa que parece ter passaporte carimbado para a Corunha no próximo ano.
No centro do terreno, a consistência de Andrés Madrid torna-se fundamental para libertar Filipe Teixeira nas suas incursões pelo terreno. O médio-centro argentino, contratado em Dezembro de 2004 pelo Braga, foi sem dúvida escolha obrigatória, enquanto o luso-francês tem dado pontos aos estudantes com passes magistrais e golos(há 2 semanas, na Reboleira, fintou meia-equipa para finalizar com classe). No extremo-direito temos Pape Amadou Sougou, senegalês ex-Leiria e nunca aproveitado por Vitor Pontes. Já conhecido como o "Douala do Sado", foi influente na equipa com Norton de Matos e, apesar de ter perdido algum fulgor com a entrada de Hélio, merece uma menção. Na ala oposta temos Semedo que, juntamente com Manu, tantas alegrias tem dado ao pessoal da Amadora. Um homem da casa que já fez o gosto ao pé por 5 vezes.
O sector mais adiantado dispensa apresentações. Meyong já marcou 17 golos e é o melhor marcador da Betadine 2005/2006. Esteve para ir para o Lokomotiv de Moscovo mas, para gáudio dos "pastéis", ficou no Restelo. Saganowski tem menos 11 golos, ou seja, quase metade dos marcados pelo Vitória de Guimarães(23). Ex- Légia de Varsóvia, o polaco já desperta o interesse dos "tubarões". Há quem fale no Dragão...há quem fale na Luz...
O inevitável Prof. Jesualdo comandaria esta equipa. 2 vezes "campeão dos pequenos" (4º lugar) justificam a opção. Manuel Machado também se podia sentar no banco, mas a recente má prestação do seu Nacional fez com que o treinador do Braga fosse o escolhido.

Muitos outros craques ficaram por mencionar:Diego Benaglio, Paulo Santos, Rubinho,Zé Gomes, Tony, Ávalos, João Paulo, Pelé, Paíto, Rui Borges, Zé Pedro, Manu, Bruno Amaro, Paulo Sousa, Chidi, André Pinto...E vocês, quem escolhiam para um "11 económico"?

14 abril, 2006

O mais jovem campeão mundial de sempre

Michael Gerard Tyson, ou Malik Abdul Aziz (após a conversão ao Islamismo), nasceu a 30 de Julho de 1966 em Brooklyn, New York. A sua infância foi marcada pela pobreza e pela tristeza. A mãe Tyson teve o encargo de sustentar toda a sua família, uma vez que o pai abandou-os quando Mike tinha somente 2 anos.
Cresceu nas ruas de Browsville (Brooklyn), envolvendo-se em vários problemas com a polícia, ou por vandalismo ou por crime. Famosos os espancamentos infligidos a todos aqueles que gozavam com a sua voz.
Várias vezes em Centros de Detenção Juvenil e expulso dos liceus, acabou por ser descoberto por Bobby Stewart que lhe notou enorme potencial para a prática do boxe. Durante alguns meses Stewart treinou o jovem leão, acabando por apresentá-lo a Cus d'Amato, antigo treinador de Floyd Patterson e José Torres.
O lendário treinador acabaria por se tornar numa espécie de pai para Mike Tyson, preparando-o mental e fisicamente para a vida de pugilista.
Cus faleceu em 1985, pouco depois de Tyson ter começado a sua carreira profissional, num combate realizado em Albany, New York e que venceu por KO no 1º assalto. Com a qualidade dos seus adversários a aumentar e as vitórias fulminantes a sucederem-se, o jovem Mike começou a atrair a atenção dos média que viam nele o futuro campeão mundial.
Em 22 de Novembro de 1986, Mike fez o seu 1º combate para o título defrontar o então campeão da WBC, Trevor Berbick. No 2º assalto o campeão tombou. Mike Tyson tornava-se o mais jovem campeão mundial de sempre (20 anos e 4 meses).
As expectativas para o novo campeão eram extremamente elevadas e ele acabou por não nos desfraudar.
A 7 de Março de 1987, em Las Vegas, Nevada, bateu James "Bonecrusher" Smith, por decisão unânime ao fim de 12 assaltos, conquistando o título da WBA.
4 meses mais tarde foi a vez de Tony Tucker ser derrotado também aos pontos por decisão unânime, perdendo o titulo da IBF.
Mike Tyson era o campeão indiscutivel de pesos pesados.
http://www.youtube.com/watch?v=kc2XGKYZ2Ms

13 abril, 2006

Os Super Atletas

Imaginei que o meu primeiro post fosse diferente, mas, vendo bem, parece-me que não poderia ter começado melhor.

Escrevo sobre aqueles que vão muita mais além do que o comum mortal naquilo que fazem. Aqueles que não são simplesmente muito bons naquilo que fazem, mas que estão bastante acima desses. Falo dos atletas de eleição, daqueles que criam novas categorias para aquilo que fazem e novas formas de ver o desporto, que rasgam um inesperado sorriso de prazer até na cara dos adeptos adversários.

Ao domínio exímio da técnica, aliam capacidades físicas únicas, uma mentalidade vencedora e uma forma de ver o jogo que só encontra similaridade com a maneira como o Keanu Reeves via os lentos movimentos dos seus adversários de luta no Matrix.

Naturalmente que estes prodígios rareiam.

Se no basket tivemos Michael Jordan, no rugby o gigante e imparável John Lomu, no ciclismo Amstrong e, no futebol, Pélé, Maradona e, agora recentemente, Ronaldinho.

Bom, agora que cheguei aqui, confesso que a ele se deve este post, o resto foi só para adornar.

Acabei de ver este vídeo e ainda não consegui fechar a boca.

É possível um futebolista estar à frente do seu tempo?

11 abril, 2006

Campeonatos do Mundo - Suiça 1954


A Suiça foi escolhida, de forma natural, para organizar a 5ª edição do Campeonato do Mundo de Futebol. O país do queijo, dos relógios e do chocolate era morada(e ainda é) da sede da FIFA e o organismo máximo do futebol decidiu festejar o seu 50º aniversário em casa. A competição foi um sucesso financeiro. Pela primeira vez, o torneio teve cobertura televisiva e foi implementada uma forte campanha de marketing. Durante 8 anos, foram construídos novos estádios que, apesar de uma escassa capacidade de lotação, apresentavam condições mais que necessárias.
O novo presidente da FIFA, o belga Rudolphe Seeldrayers, decidiu que o formato da prova iria consistir numa primeira fase, com 4 grupos de quatro equipas, sendo que a partir dai seriam disputadas partidas a eliminar. Na fase de grupos, cada equipa só defrontaria outras duas. Por exemplo, a França jogou com Jugoslávia e México, mas ficou isenta de um jogo com o Brasil, presente no seu agrupamento. As formações que terminassem esta etapa com igual número de pontos encontrar-se-iam numa partida de desempate.
Este Mundial revelou uma nova potência do futebol mundial: a Hungria. A prestação inolvidável dos Jogos Olímpicos de 1952 celebrizou os “Magiares Mágicos” Kocsis, Hidegkuti, e Puskas. O futebol apresentado era de uma beleza nunca antes vista.
Os húngaros despacharam, sem qualquer problema, a Coreia e a Alemanha Ocidental, por 9-0 e 8-3, respectivamente. Kocsis(na foto) marcou 4 golos aos germânicos e o médio Werner Liebrich lesionou Puskas para o resto da competição. Depois de vencerem o seu agrupamento, seguiram em frente juntamente com a Alemanha, que derrotou a Turquia no jogo de desempate, por 7-2.
No grupo 3, Áustria e Uruguai deixaram a Checoslováquia e a Escócia pelo caminho. Os austríacos (que humilharam Portugal na qualificação, com resultados de 9-1 em Viena e 0-0 em Lisboa) golearam os checos por 5-0 e, com os britânicos, venceram por 1-0. O Uruguai derrotou as mesmas selecções por 2-0 e 7-0.
Mais equilibrados foram o 1º e 4º grupos. O Brasil não se fez rogado frente ao México (2-0) e empatou frente à Jugoslávia(1-1). A França competia pelo 2º lugar com os homens dos Balcãs, mas estes levaram a melhor, derrotando os gauleses pela margem mínima.
Depois de começar por empatar com a Bélgica num jogo emocionante(4-4), os ingleses passaram depois de não cederem pontos frente à Suiça(2-0). Os anfitriões derrotaram os italianos e seguiram-lhes os passos.
Nos quartos-de-final, Áustria e Suiça foram protagonistas do jogo com mais golos de sempre nesta competição: 12(!). Num confronto espectacular, os homens da casa mexeram com o marcador por 3 vezes em vinte minutos. Os austríacos marcaram o mesmo número de tentos num espaço de 3 minutos e acabaram por sair com uma vitória. 7-5 foi o avolumado resultado. O Uruguai bateu a Inglaterra por 4-2. Os sul-americanos de Schiaffino não vacilaram frente ao lendário Stanley Matthews.
“A Batalha de Berna”. Foi assim apelidado o encontro entre Hungria e Brasil. Num jogo feio e duro, três jogadores foram expulsos e os confrontos continuaram nos balneários, após o apito final. Os magiares levaram a melhor (4-2).A Alemanha derrotou a Jugoslávia por 2-0.
Hungria-Uruguai foi uma final antecipada. A jogar um “World Cup” em terras europeias pela primeira vez, os sul-americanos viram a sua caminhada interrompida ao perderam por 4 bolas a 2.Surpreendentemente, a Alemanha recuperou animicamente após uma primeira fase sofrida. Assim, não deram qualquer hipótese aos vizinhos austríacos e saíram de campo de papo cheio após 90 minutos, com um esclarecedor 6-1. Os derrotados conquistaram a medalha de bronze, ao vencer o Uruguai por 3-1.
No Wankdorf Stadium, em Berna, Hungria e Alemanha encontraram-se sob condições climatéricas não propicias à prática do futebol espectáculo, como diria Gabriel Alves.
Pensou-se que o embate seria uma repetição do jogo da fase de grupos, o que atribuía total favoritismo aos magiares. Porém, o técnico germânico Sepp Herberger avisava que tudo seria diferente e que a sua equipa não queria ser o bombo da festa.
Um lesionado Puskas insistiu em jogar mas, tal como Ronaldo no Mundial de 98, a decisão não deu bom resultado. O Major Galopante(que raio de alcunha) até abriu o marcador, aos 6 minutos. Dois minutos depois, Czibor aumentava a contagem após passe “à-la Secretário” do trinco alemão Kohlmeyer.
Parecia que a selecção do leste europeu apenas necessitava de um “passeio” em Berna para erguer o Troféu Jules Rimet.
O tornozelo de Ferenc Puskas começou a ceder e Morlock reduziu a diferença. Aos 18 minutos, Grosics cometeu um erro grava e possibilitou o empate a Rahn.
A Hungria pressionava e rematava muito, mas sem resultados práticos. Hidegkuti e o goleador Kocsis atiraram aos ferros, Turek executou um punhado de grandes defesas e Kohlmeyer salvou um golo em cima da linha.
O espectro do prolongamento pairava no ar quando o extremo alemão Rahn decidiu marcar pela segunda vez. Apanhou um bola vinda de um alivio de Lantos e rematou rasteiro à entrada da área. Puskas ainda introduziu a bola na baliza contrária, mas estava em posição irregular.
Apesar dos muitos protesto que se prolongaram após o apito final do inglês Bill Ling, a Hungria perdia depois de 30 jogos sem qualquer derrota. A crítica foi unânime ao considerar que o técnico Sepp Herberger tinha dado um banho táctico ao seu congénere.



Alemanha Ocidental:
Turek, Posipal, Kohlmeyer, Eckel, Liebrich, Mai, Morlock, O. Walter, F. Walter e Schafer.



Hungria:
Grosics, Buzanszky, Lantos,Bozsik, Lorant, Zakarias, Puskas, Kocsis, Hidegkuti, Czibor e J. Toth.


Árbitro: Bill Ling(Inglaterra)
60 mil espectadores
Marcadores: Puskas(6),Czibor(8),Morlock(10),Rahn(18;84)



Melhores Marcadores do Mundial:
- Sandor Kocsis (Hungria) - 11 golos
- Max Morlock (Alemanha) - 6 golos
- Josef Hugi (Suiça) - 6 golos
- Erich Porbst (Áustria) - 6 golos

09 abril, 2006

Justo


Como já todos esperávamos antes de Paulo Bento ter oleado a máquina sportinguista e recuperado uma série de pontos, só um gigantesco hecatombe poderá impedir o Porto de ser campeão. Co Adriaanse deixa para trás o fantasma de, em muitos anos de carreira, nunca ter ganho nada e vence pela 1ª vez um clássico em tempo regulamentar. Os embates contra rivais não são especialidade do holandês (enquanto treinador do Ajax só ganhou uma partida em seis, contra o Feyenoord, em Roterdão), mas desta vez conseguiu demonstrar a superioridade da sua equipa em relação aos mais directos adversários. A vitória de ontem não deixou dúvidas.
Paulo Bento tem uma atitude ao nível dos grandes técnicos. Não tenho quaisquer dúvidas de que Peseiro, empatando com o Porto 0-0 aos 80 minutos, era capaz de manter Koke no banco e Abel na lateral direita, considerando-se satisfeito com um empate que deixasse o Sporting à mercê de uma escorregadela do dragão. O ex-trinco dos leões quis decidir o campeonato no seu estádio. E todos os factores apoiavam a sua decisão: a comunicação social apontou durante a semana o encontro como “o jogo do título”; o Porto dificilmente perderá pontos até final do campeonato(só a deslocação ao Bessa poderá complicar a vida a Pinto da Costa); o ambiente em Alvalade era fantástico para os jogadores do Sporting e… os vencedores gostam de depender apenas de si na hora dos triunfos. Muitos apontaram e apontarão a ambição de Bento como bode expiatório do desaire, mas o homem do risco ao meio fez o que devia: arriscou para tentar dar uma grande alegria a milhares de sportinguistas. "Medo" não consta no seu dicionário. E por isso merece que lhe renovem o contrato depressa, estabilidade precisa-se para garantir a entrada directa na Champions.
Depois de ser eliminado por equipas inferiores como Artmedia e Rangers, era difícil encontrar um campeão que não o Porto. O Benfica desistiu da Liga para perseguir um sonho europeu, o Sporting reconstruía uma equipa sem rumo e o Braga, assim como qualquer outro “não-grande”, não tem estrutura para assumir uma séria candidatura. Co Adriaanse não é um génio do futebol mas não é tão mau como alguns o pintavam. O carimbo de campeão chegou pela autoria de dois “patinhos feios”. Jorginho é um excelente jogador, que por acaso adora lixar o Sporting (foi a 4ª vez), incompreendido por parte dos adeptos e Alan, que não vinha a demonstrar futebol suficiente para figurar no onze inicial, conseguiu desiquilibrar.
Sá Pinto (Jorge, o homem deu-te razões para bateres nele de novo) apareceu por 2 vezes em jogo e por 2 vezes varreu o meio-campo azul-e-branco. Porém, a impossibilidade de jogar o esférico valeu-lhe duas cartolinas amarelas. Mau de mais, este último grande jogo da sua carreira. Quaresma passou incólume depois de pisar barbaramente Tonel e saiu assobiado. Pelo meio ainda tentou saber se Co Adriaanse percebe bem a língua de Camões. Com pulso firme não treina, nos próximos tempos, juntamente com o plantel principal. Duarte Gomes mostrou falta de classe e condicionou a beleza do espectáculo. Amarelos a torto e a direito, com faltas a meio-campo ou junto da grande área adversária a valerem admoestações excessivas. Os amarelos a Deivid e Quaresma nascem de faltas perfeitamente normais. Sinal menos para o homem de negro.
A experiência de Lucho e Paulo Assunção, aliadas à grande forma de Raul Meireles, levaram a melhor sobre a irreverência de Moutinho(protagonista da única oportunidade de golo do Sporting), Carlos Martins(os únicos lances de brilho do meio-campo leonino partiram dos seus pés) e Custódio(discreto e eficaz como sempre).
O Sporting morre, mais uma vez, à beira da praia. Porém, desta vez isso só foi possível devido a 10 vitórias seguidas que deram ao clube a possibilidade de lutar até à última hora. O jogo na Reboleira irá traçar o lugar em que a equipa irá terminar.O Porto confirma a supremacia evidenciada desde a pré-época. Tem o melhor plantel e a sua estrutura é a mais estável. E não necessita de golos ilegais para ostentar o escudo na camisola…

08 abril, 2006

Mein Kampf

“No varandim que dá para o gabinete presidencial, Luís Filipe Vieira desdobrou-se em poses para a objectiva do Miguel Nunes, com a réplica da Luz que A BOLA vai lançar a partir de hoje nas mãos. «O que acho disto? Acho bem, tudo o que sejam iniciativas para expor a marca Benfica é fantástico. É bonito, julgo que os benfiquistas vão aderir com entusiasmo à vossa ideia de lhes porem em casa a réplica da Catedral, desta Catedral que é, certamente, motivo de orgulho para todos nós.»”

In A Bola, 8/4/2006

Todas as ideologias precisam de bons veículos de propaganda para poder chegar ao público-alvo. O Benfica, honra lhe seja feita, deve ser das poucas entidades que consegue ter esse veículo sem gastar um tostão na redacção, impressão e distribuição. Merece que lhe tirem o chapéu por isso. Eu, sportinguista, não compro o jornal do meu clube por não gostar de propaganda, mas sim de informação. Suponho que, desse ponto de vista, os benfiquistas prefiram comprar o jornal do seu clube, sempre deve ser mais informativo e menos faccioso do que outros que circulam por aí.

07 abril, 2006

O Jogo do Título(?)

Amanhã joga-se mais um clássico, mas não é apenas um jogo como tantos outros... Este jogo pode decidir o futuro campeão nacional!
Os clássicos geram sempre uma enorme ansiedade e expectativa nos adeptos, nos jogadores, nos técnicos... Mas o jogo de amanhã pode ser decisivo para as duas equipas. A derrota do Sporting deixa o clube verde e branco a cinco pontos do 1º lugar, o que torna as contas do título bem mais complicadas; Caso o Porto perca cai para o 2º lugar, ficando a um ponto do lugar cimeiro. Matemáticamente é possível, mesmo com uma derrota, qualquer equipa vir a sagrar-se campeã mas a vitória neste jogo confere uma motivação muito grande para os jogadores.

O duelo entre Paulo Bento e Co Adriaanse também será interessante, na medida em que poderemos ver dois sistemas tácticos muito diferentes em confronto e veremos qual a filosofia de jogo que sairá vencedora.
Paulo Bento construiu uma equipa vencedora a partir da defesa e, hoje, a defesa leonina é um dos pontos fortes da equipa, não sofrendo golos à 7 jogos para o campeonato. Ricardo aproxima-se do record de Moretto na liga e pode batê-lo caso não sofra golos até ao minuto 29 da partida.
Adriaanse tem outra filosofia de jogo, mais virada para o ataque, é certo. Quando o Porto ataca, normalmente, fá-lo sempre em superioridade numérica, devido ao posicionamento inteligente dos jogadores da frente portista. Veremos se a defesa sólida de Paulo Bento leva a melhor ao ataque maciço de Co Adriaanse...

Após o clássico, as duas equipas ainda têm que se preocupar com uns incómodos adversários... Sporting tem duas deslocações bastante acessíveis: Estrela da Amadora e Rio Ave, e recebe Naval e o sempre difícil Sp. Braga. Quatro jogos relativamente fáceis, com excepção do Braga, último jogo, que pode ditar a sorte dos leões no campeonato. Porto tem duas deslocações: Penafiel e Boavista, o segundo é claramente mais complicado, sendo o primeiro para encher calendário, praticamente. Recebe Leiria e Guimarães.
Quem quer que vença o clássico fica em posição privilegiada, mas tem de se preocupar bastante com estes jogos, pois este campeonato cheira-me que vai durar até ao último minuto.

Alvalade vai encher para ver os seus craques... 52 mil espectadores vão vibrar! Da minha parte espero que seja um bom jogo, com oportunidades de golo, sem casos e com fair-play. Enfim, a mesma conversa de sempre só para não dizer que espero que o meu Sporting ganhe e que o árbitro não faça o mesmo que o Olegário para a taça, porque desse nem me quero lembrar. Digam o que disserem, o Sporting foi roubado!

PS: Quero deixar aqui o meu reconhecimento para com Arséne Wenger, treinador que muito admiro e que referi no meu primeiríssimo post neste grande blog. Finalmente o trabalho do francês está a ter a glória que merece na Europa do futebol.

06 abril, 2006

Balanço de uma época semi-trágica

Com a eliminação do Benfica da Liga dos Campeões termina igualmente a participação portuguesa nas competições da UEFA deste ano. Estamos apenas nos quartos-de-final, o que sabe a pouco, depois de três anos consecutivos a marcar presença em finais. Foi a pior época europeia de Portugal nos últimos cinco anos, terminada com uma pontuação final de 5,5 pontos. Nas quatro épocas anteriores Portugal somou sempre mais de 8 pontos. A Roménia, por exemplo, esta época já leva mais de 15 pontos (!). No entanto, para já, o sexto lugar no ranking da UEFA não está em perigo. A Holanda está a uma distância de 3,948 pontos, o que ainda dá alguma tranquilidade a Portugal. O oitavo classificado, a Grécia, está a quase 12 pontos de distância e não constitui ameaça imediata. Neste post vou fazer um balanço da participação portuguesa na época uefeira de 2005/06.

Benfica

Começo pelo Benfica, campeão nacional da época passada. Os encarnados, na minha opinião, eram a equipa portuguesa mais pressionada nesta temporada europeia. Há uns três ou quatro anos Luís Filipe Vieira tinha afirmado: “O Benfica vai ser o maior clube do mundo dentro de três anos.” No início da temporada disse: “O Benfica quer ser campeão europeu.” No fim da primeira fase da Liga dos Campeões gritou: “Quem vier morre!” Ora, tendo em conta estes objectivos, torna-se claro que o clube da Luz acabou por fazer uma campanha europeia medíocre. Das duas uma: ou os adeptos da águia levam a sério as afirmações do seu presidente e agora têm o direito e o dever de lhe pedir contas pela precoce eliminação ou então os adeptos entendem que tais frases enquadram-se num estilo populista a que muitos dirigentes não resistem e aí o mínimo que podem exigir é que o homem cale a boca de uma vez por todas. Problemas para benfiquista resolver.

Na fase de grupos, o Benfica não teve os adversários mais acessíveis, apesar de os encarnados serem os únicos campeões nacionais presentes. Os outros eram Lille, vice-campeão francês, Manchester United e Villarreal, terceiros classificados de Inglaterra e Espanha, respectivamente. As coisas começaram bem, com uma vitória feliz sobre o Lille, na primeira jornada, por 1-0, com um golo marcado em tempo de compensação. Depois, o Benfica não conseguiu vencer os quatro jogos seguintes. Empates com Villarreal (fora) e Lille (fora) e derrotas com Manchester United (fora) e Villarreal (casa). Na última ronda só a vitória interessava aos encarnados. E eles derrotaram o Manchester, na Luz, por 2-1 e garantiram o segundo lugar, com escassos oito pontos. O United foi a grande decepção, terminando em último lugar, com apenas uma vitória, frente aos portugueses.

Nos oitavos-de-final, o Benfica teve de defrontar o Liverpool, campeão europeu em título. Não era dos adversários mais difíceis, tendo em conta o historial recente entre equipas portuguesas e inglesas. Das grandes nações europeias, é claramente com Inglaterra que nos damos melhor a nível futebolístico, tanto em termos de clubes como de selecções. A primeira mão, na Luz, foi o típico jogo em que as duas equipas jogam para o 0-0. Que foi desfeito perto do fim a favor das águias, num lance de bola parada. Em Anfield Road o Benfica começou por ser feliz ao não sofrer golos no início do jogo e foi ganhando confiança. Tanta que nos três ataques perigosos que fez atirou uma bola à trave e marcou dois golos. Os quartos-de-final estavam aí. O adversário sorteado era o mais temido, o Barcelona. Esperava-se nova superação encarnada, mas desta vez não deu. Os catalães, mesmo desfalcados a nível defensivo e com problemas de concretização, foram claramente superiores, mais que o 2-0 final demonstra. Podem os benfiquistas argumentar o penalty por marcar na primeira mão ou o falhanço de Simão na segunda, mas muito mais aconteceu em 180 minutos e a verdade é que o Barcelona teve, ao todo, cerca de 20 ocasiões claras de golo (!). Portanto, não há nada a dizer quanto ao desfecho da eliminatória.

FC Porto

O FC Porto foi uma das grandes decepções europeias da época. Vencedor da Taça UEFA há três anos e da Liga dos Campeões há dois, o ano passado tinha caído nos oitavos-de-final, aos pés do Inter Milão. Mas nada fazia prever o que aconteceu esta época, até pelo grupo em que os dragões calharam. O Inter era o natural favorito, mas tanto o Glasgow Rangers como o estreante Artmedia Bratislava eram adversários claramente inferiores. Não sei se por sobranceria se por desconhecimento da sua equipa e dos adversários, Co Adriaanse colocou o FC Porto a jogar em ataque deliberado nos dois primeiros jogos, em Glasgow e em casa com o Artmedia. Os dragões jogaram um futebol bonito e ofensivo, mas foram punidos com duas derrotas por 2-3. Depois, frente ao Inter, no Dragão, a táctica foi mais realista e os portistas conseguiram ganhar por 2-0 e continuaram a sonhar com a qualificação. Esse sonho sofreu um golpe com a derrota em San Siro, por 1-2, com dois golos sofridos na parte final do jogo. Nada estava perdido, mas o FC Porto tinha de vencer os últimos dois jogos. Falhou. A equipa de Adriaanse não conseguiu mais que dois empates e falhou inclusivamente o apuramento para a Taça UEFA, ao ficar em último no grupo, com míseros cinco pontos.

Sporting

Tal como o FC Porto, o Sporting não tem desculpas para o que lhe aconteceu esta temporada. Depois de ter perdido o título e o segundo lugar na Liga nas duas últimas jornadas de 2004/05, os leões tiveram de disputar a 3ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões. O sorteio não foi o mais simpático, mas também não foi o mais terrível e o Sporting teve de defrontar a Udinese, que tinha ficado em quarto no Calcio, na época anterior. Em Alvalade, os portugueses não jogaram mal, mas as falhas na finalização valeram uma derrota por 0-1. Em Udine o Sporting nunca mostrou capacidade para dar a volta e a derrota por 2-3 acabou por ser lisonjeira. A Udinese tinha um ou outro bom jogador, como o guarda-redes De Sanctis e o avançado Iaquinta, mas era uma equipa acessível. Na fase de grupos ficou em terceiro e foi recambiada para a Taça UEFA, onde não foi longe.

A Taça UEFA era a esperança do Sporting para o resto da temporada. Passado o desgosto da eliminação da Champions, os leões acreditavam que desta vez era possível conquistar o título que o ano passado lhes tinha escapado de forma inglória. O adversário inicial prenunciava um bom início de caminhada. O Halmstads era um velho conhecido leonino, que o tinha despachado da prova sem problemas há quatro anos. A vitória por 2-1 na Suécia confirmou o favoritismo luso. Nada fazia prever o que aconteceu na segunda mão, onde o Sporting perdeu por 2-3 após prolongamento e disse adeus à prova. Foi mais um capítulo do pesadelo Peseiro. O Halmstads mostrou estar tão preparado para a fase de grupos que nem um ponto somou, sofrendo derrotas por 0-1, 0-5, 1-3 e 0-3. Foi claramente uma das grandes vergonhas europeias da história do Sporting.

Vitória de Guimarães

O Vitória de Guimarães deixou na Europa uma imagem muito semelhante à que tem mostrado na Liga portuguesa: bom futebol e fracos resultados. Se há equipa que tem sido infeliz nesta temporada é a de Jaime Pacheco (primeiro) e Vítor Pontes (depois). Os vimaranenses tiveram de defrontar na 1ª eliminatória o Wisla Cracóvia, equipa que tinha sido eliminada da Liga dos Campeões pelo Panathinaikos, com muita dificuldade. Pela experiência europeia do adversário esperava-se uma tarefa difícil para os portugueses, mas estes ultrapassaram-na com distinção, com vitórias por 3-0 e 1-0.

Na fase de grupos, o sorteio não foi o mais favorável, com o Vitória a apanhar equipa experientes e de categoria acima da média. Os dois primeiros jogos marcaram o percurso vimaranense. Tudo começou com uma derrota no terreno do Zenit S. Petersburgo por 1-2, num dos jogos com arbitragem mais deplorável que pude ver nas provas europeias. O Vitória nunca ganharia aquele jogo, e muito fez por isso. Em seguida, o Guimarães recebeu o Bolton e voltou a jogar bem. Chegou à vantagem perto do fim e, quando já ninguém esperava, sofreu o empate, num grande golo do português Vaz Tê. As hipóteses da passar à fase seguinte tornaram-se muito remotas e o Vitória acabou por perder os dois últimos jogos, frente a Sevilha e Besiktas, ambos por 1-3.

Sporting de Braga e Vitória de Setúbal

O Sp. Braga voltou a participar na Taça UEFA, tal como na época anterior. E mais uma vez falhou logo na primeira eliminatória. E novamente frente a um adversário acessível. Primeiro o Heart, da Escócia, agora o Crvena Zvezda, da Sérvia e Montenegro. Os sérvios já foram um nome grande na Europa (foram campeões europeus nos anos 90), mas agora constituem um adversário ao alcance das melhores equipas portuguesas. E o Braga, que se tem vindo a consolidar como uma das mais fortes equipas da nossa Liga, não foi capaz de passar este adversário. O 0-0 de Belgrado era prometedor, mas o 1-1 de Braga deitou tudo a perder.

O Vitória de Setúbal chegou à Taça UEFA enquanto detentor da Taça de Portugal. O sorteio foi pouco simpático e reservou para os sadinos a Sampdoria, quinta classificada do último campeonato italiano. O favoritismo da equipa genovesa era notório, mas o Vitória esteve ao seu melhor nível e só deixou o adversário descansar após o apito final da segunda mão. Depois de um empate a um golo no Bonfim, a Sampdoria venceu a segunda mão por 1-0.

05 abril, 2006

Em que é que ficamos?


«Nunca disse que o Nacional era igual ao Sporting, ainda tenho o juízo todo. O que disse foi que, a dado momento, poder-se-ia considerar o Sporting um concorrente do Nacional para um lugar europeu» Rui Alves

Que pena...era tão bom estar 20 pontos à frente de um rival!

04 abril, 2006

Campeonatos do Mundo - Brasil 1950

Depois da II Guerra Mundial, o Brasil acolheu o Mundial. O país foi o único candidato à organização do evento, sendo considerado uma boa escolha, pois o entusiasmo pelo futebol estava a aumentar progressivamente na Pátria de Pelé e os países da Europa apresentavam ainda marcas visíveis da Grande Guerra. A Inglaterra fez a sua primeira participação, a Argentina recusou-se a jogar no país rival, enquanto Checoslováquia e Escócia não quiseram participar.
O formato teve semelhanças com aquele utilizado no Uruguai 1930, ou seja, a primeira fase foi disputada em grupos. Porém, estes não apresentavam um número igual de equipas. Os grupos 1 e 2 continham 4 equipas cada, enquanto o terceiro tinha 3 e o 4 somente duas equipas.
Os anfitriões venceram o México, por 4-0, a Jugoslávia(2-0) e cederam um empate a duas bolas frente à Suiça, qualificando-se no seu grupo. No último agrupamento, em que apenas se apresentavam duas formações, o Uruguai manietou a Bolívia por 8-0.
Nos grupos 2 e 3, Itália e Inglaterra não confirmaram o seu favoritismo.
Os britânicos tinham derrotado uma selecção do Resto da Europa, por 6-1, o que lhes conferia importante estatuto. Começaram por vencer o Chile(2-0) e o jogo contra os E.U.A., em Belo Horizonte, parecia destinado a novo triunfo. Apesar disso, os americanos conseguiram facturar aos 37 minutos. Gaetjens respondeu, de cabeça, a um cruzamento de Bahr. Os ingleses tudo fizeram para promover a reviravolta no marcador, mas o guarda-redes contrário mostrou-se intransponível. Os “bifes” viriam a ser eliminados, após derrota por 1-0 frente à Espanha, vencedora do grupo.
A Itália teve o seu momento fatídico frente à Suécia. Os transalpinos até começaram bem, com um golo de Riccardo Carapellese aos 7 minutos. Ainda antes do fim dos primeiros 45 minutos, os suecos marcaram por duas vezes, por intermédio de Jeppson e Sune Andersson. Jeppson viria a bisar, com Muccinelli a fixar o resultado em 3-2 a favor dos nórdicos.
Brasil, Uruguai, Suécia e Espanha formaram um grupo final, do qual sairia o vencedor da prova e, por isso, é correcto afirmar que este Mundial não teve uma final propriamente dita, mas antes um jogo claramente decisivo.
Os canarinhos venceram os dois primeiros jogos, com claros 7-1 frente à Suécia e 6-1 contra a Espanha. O Uruguai venceu a Suécia(3-2) e cedeu um empate frente à Espanha(2-2). Os dois países sul-americanos eram, portanto, as únicas equipas que podiam chegar ao título.
Os canarinhos lideravam o grupo final com 4 pontos, necessitando apenas de empatar com os uruguaios(2 pontos) para manter o caneco em casa.
Perto de 200 mil pessoas assistiram de perto à partida, num Maracanã sobrelotado.
Mesmo precisando apenas de um empate, os brasileiros atacaram mais e encostaram o adversário às cordas. O tridente atacante Ademir, Zizinho e Jair bem tentava inaugurar o marcador, mas o “keeper” Maspoli fez o jogo da sua vida. Dois minutos após o inicio da 2ª parte, Friaca marcou, a passe do goleador Ademir. Os anfitriões faziam a festa.
O treinador Flávio Costa, em posição privilegiada para conquistar o troféu, mandou Jair jogar perto da defesa. O avançado ignorou o treinador e o Brasil não alterou o seu sistema de jogo. O experiente capitão uruguaio Varela não atirou a toalha ao chão e levou a sua equipa à vitória. O ala direito Ghiggia não deu descanso ao lateral brasileiro Bigode e , aos 66 minutos, cruzou para a estrela da companhia, Schiaffino(na foto), que facturou de cabeça.
O Brasil procurava nova vantagem, mas o Uruguai equilibrou a partida. A vitória podia pender para qualquer um dos lados. Ghiggia continuava a fazer o que queria do defesa-esquerdo do “escrete” e, quando todos esperavam um cruzamento, o extremo, com um remate em corrida, colocou a bola entre o poste e o guarda-redes Barbosa. 10 minutos depois o árbitro apitava para o final. 1-2 era o resultado final.
O impossível tinha acontecido. Num nobre gesto de “fair play”, os ainda atarantados adeptos da casa aplaudiram os vencedores. Foi o renascer da maior competição mundial de futebol, após um período negro para o globo.


Brasil: Barbosa, Augusto, Juvenal, Bauer, Danilo, Bigode, Friaca, Zizinho, Ademir, Jair, Chico.


Uruguai: Maspoli, M.Gonzales, Tejera, Gambetta, Varela, Andrade, Ghiggia, Perez, Miguez, Schiaffino, Moran.

Marcadores: Friaca(47), Schiaffino(66), Ghiggia(79)
Árbitro: George Reader( Inglaterra)
199.854 espectadores

02 abril, 2006

Houssine Kharja

Estava eu tranquilamente instalado no sofá a assistir em directo ao Fiorentina-Roma, jogo grande da 32ª jornada da Liga italiana, quando, por volta dos 70 minutos de jogo, a equipa romana, a perder por 0-1, fez uma substituição. Não me lembro quem saiu, mas reparei em quem entrou: Houssine Kharja. A minha primeira reacção foi de indiferença, mas de repente caiu um raio sobre a minha cabeça: eu conheço este gajo!

Terminado o encontro (by the way, acabou 1-1), fui aos meus arquivos e vim à internet e comprovei as minhas suspeitas. Houssine Kharja, médio marroquino nascido em França a 11/09/1982 já jogou no Sporting. Estávamos na época de 2000/01 e o clube de Alvalade tinha acabado de formar a sua equipa B. Um dos atletas que fez parte desse primeiro plantel foi precisamente Houssine (hoje é conhecido por Kharja). Então com 17 anos, o marroquino foi uma peça importante da jovem equipa que terminou a Zona Sul da II Divisão B em 14º lugar. Nessa equipa jogaram ainda, durante a época, nomes como Hélder Rosário, Jorge Vidigal, Carlos Martins, Vargas, Santamaria, Lourenço, Quaresma, Nuno Santos, Afonso Martins, Kirovski e Hugo Viana, bem como os hoje ilustres desconhecidos Osório, Tomás, João Filipe, Luís Dias, Pedro Miguel, Pedro Fonseca, Cáceres, Rodolfo e Cuco, entre outros.

Voltando a Houssine, que jogava um pouco à frente do trinco (uma espécie de Manuel Fernandes), participou em 28 jogos e marcou 4 golos. A um deles assisti ao vivo, em reportagem. Foi em Rio Maior, num jogo em que o Sporting derrotou o Oriental por 1-0, com um golo de cabeça do marroquino. Terminada a época, nunca mais ouvi falar de Houssine. Pois bem, o rapaz transferiu-se para o Ternana, da Serie B italiana, onde esteve quatro anos. No total realizou 119 jogos no campeonato, com 9 golos apontados. No início desta temporada foi contratado pela AS Roma por, segundo o site http://www.transfermarkt.de/, 4 milhões de euros (!). Verdade ou mentira, o que é facto é que Houssine já realizou 8 jogos na Serie A pela equipa da capital italiana e estreou-se a marcar na semana passada, e logo no terreno do líder Juventus, golo esse que valeu o empate 1-1. Houssine jogou ainda 8 vezes na Taça UEFA e 2 na Taça de Itália. E desde 2004 já leva 17 jogos pela selecção principal de Marrocos, com um golo apontado.

É assim o futebol. Não só os resultados são imprevisíveis como as próprias carreiras dos jogadores sofrem por vezes reviravoltas que ninguém se atreveria a prever. Por falar nisso, esta semana descobri outro jogador que passou por Portugal sem se dar por ele. Lúcio Wagner, um defesa esquerdo que chegou a ter contrato com o Benfica, é agora titular no Levski Sofia, equipa que chegou aos quartos-de-final da Taça UEFA.

01 abril, 2006

Fight Club


Nunca um avançado tinha sido espancado em campo tão descaradamente, nas barbas de milhares de adeptos. Mas nesse dia, como em 95% das vezes, o senhor Bruno Paixão estava com azia. Por isso é que o mundo do futebol (e o do boxe também) assistiu a um espectáculo nunca antes visto, um duelo que deixaria Ali, Foreman,Tyson ou Hollyfield corados de vergonha.
José Soares, talvez pouco esclarecido acerca da existência de um esférico dentro das 4 linhas, protagonizou uma verdadeira batalha campal com Mário Jardel em Campo Maior, na época de 99/2000. Não foi isso que impediu o brasileiro de se sagrar mais uma vez melhor marcador do campeonato, mas a sequência de lances de clara falta não assinalados por parte do central formado no Benfica é hilariante. De referir, entre muitos outros, a chapada (bem dada) a Jardel, o “gancho” com a direita do Super Mário em resposta ao “headlock” de Soares e um em que, após um cruzamento para a área, o central aparece às cavalitas do avançado. Nenhum destes lances foi sancionado por esse visionário da arbitragem portuguesa que é o senhor Paixão, para mim um dos 3 piores homens do apito que por cá andam. O Campomaiorense acabaria por vencer por 1-0.
José Soares foi internacional dos escalões jovens da selecção e depois da sua saída do clube da Luz actuou no Alverca e Aves(numa equipa onde pontificavam Douala, Abílio, Quinzinho e o guarda-redes mítico Tó Luis), para além do clube alentejano. Fora de portas, passou pela 3ª divisão da Alemanha e ultimamente tem estado ligado ao futebol árabe. Jogou no Al Ahly e, segundo informações mais recentes, o Al Shamal do Quatar é a sua casa. Tinha algum potencial e qualidade, mas este jogo acabou por marcar negativamente a sua carreira, como afirmou em entrevista ao Terceiro Anel.”Essa confusão nao foi boa para mim nem para o Jardel, mas sobretudo não foi boa para o futebol”. Hoje é natural que seja confundido por muita gente com Jorge Soares, o ex-central do Benfica e Marítimo.

Video: Soares vs Jardel