24 abril, 2006

Há emoção na capital


O Porto podia ter selado a rota do título com uma goleada em Penafiel, mas venceu com um penalty “cavado” por Ibson. Confirma, assim, o estatuto de campeão que só a si se podia ajustar, como provam as fracas prestações dos outros grandes nos jogos de ontem. Adriaanse conquista o primeiro título aos 26 anos de carreira. Depois de explicar porque não joga Diego, o holandês falou, na Maia, das suas ideias para melhorar o futebol português, estando empenhado em erradicar a sistemática desculpabilização pelas derrotas em torno da figura do árbitro, o gajo de preto que só tá lá pra nos roubar. Um obrigado a quem quer ajudar o nosso futebol a melhorar.
Adriano revelou-se fundamental no Porto de 2006: compensou a falta de veia goleadora de McCarthy esta época e foi decisivo na recta final( passe para golo em Alvalade, golos com Leiria e Penafiel). Para além dos dois principais pontas-de-lança, os nortenhos contam no plantel com Hugo Almeida, que muitas alegrias poderá dar aos adeptos e que é, neste momento, o único homem de área da mais recente geração de talentos nacionais.
Os dragões nunca tiveram um adversário à altura, isto se abrirmos uma excepção para o Sporting ao longo de quatro ou cinco jornadas. Não estamos a falar de uma equipa ao nível do Porto de Mourinho, apesar de melhores individualidades, mas chega e sobra para as encomendas. Derrotas com clubes como Artmedia ou Rangers são impensáveis no futuro F.C.P. .


O Sporting, como vem sendo seu apanágio, esqueceu-se de jogar durante os primeiros 45 minutos, desiludindo quem esperava uma exibição completamente diferente daquela que se viu na Reboleira. Dois momentos cruciais que marcaram o jogo, ainda neste primeiro tempo: Sá Pinto, em posição privilegiada para marcar após jogada de contra-ataque, atrapalha-se e deixa que o central da Naval se antecipe a tempo de evitar o golo e Carlos Martins, após triangulação perfeita com Liedson, atira ao lado quando bastava contornar o guardião da Figueira.
O capitão leonino foi mesmo o espelho do desacerto, não abdicando de enterrar a equipa em mais dois momentos relevantes: isolado em frente da baliza, inverte a marcha em direcção à linha de fundo, na esperança de conseguir um penalty e, após passe de Nani, opta por se atirar para o chão e reclamar convictamente com António Resende, em vez de passar para o coração da área. Felizmente não mais irá actuar( se a Liga for coerente), o que abre boas perspectivas para as duas últimas jornadas da Liga. Em desespero, a equipa da casa começou a praticar o chamado “chuveirinho”, sendo complicado conseguir a vitória desta forma visto que raramente os homens do Sporting conseguem ganhar uma bola de cabeça na área adversária. Jogo muito fraco, em que Paulo Bento cometeu aquele que foi, para mim, o maior erro deste seu prometedor inicio de carreira: abdicar de um especialista em bolas paradas que até não estava a ser um dos piores de leão ao peito nesta partida, Carlos Martins, e insistir na presença em campo desse expoente máximo do “overacting” que é Sá Pinto. Dois penaltys claros não desculpam uma miserável exibição contra uma equipa limitadíssima.
O Benfica imitou os rivais e tomou a liberdade de dar um avanço de uma parte ao Nacional. Os encarnados mostraram,por momentos, uma defesa muito permeável, mas no segundo tempo, e após apenas dois remates à baliza de Hilário, “O pequeno Saúl” Miccoli abriu a contagem com um remate indefensável. Seria importante, para os lados da Luz, manter o italiano. Ricardo Fernandes carimbou um resultado que acaba por ser justo, tendo em conta a primazia do Benfica na etapa complementar e do Nacional numa primeira fase. O brinde das águias viria a ser retribuído duas horas mais tarde, devolvendo à Liga Betadine a emoção da luta entre os grandes de Lisboa que parecem querer continuar, teimosamente, a falhar…
O Sporting depende de si próprio e paira sobre si o fantasma dos pontos perdidos nas últimas jornadas, fabricado nas épocas de Fernando Santos e José Pesadeiro. O Benfica, pelo contrário, tem sabido aproveitar as escorregadelas dos leões. Vitória de Setúbal e Paços de Ferreira costumam ser presas fáceis para as águias. De Rio Ave e Braga não se pode dizer o mesmo no que toca aos jogos com a equipa de Alvalade. Paulo Bento afirma que o segundo lugar não irá fugir. Assim espero…