08 maio, 2006

Momentos de angústia


O Vitória de Guimarães e o Rio Ave confirmaram um cenário que, de há semanas para cá, parecia inevitável. Algo vai muito mal para os lados dos minhotos quando os adeptos vimaranenses aplaudem os jogadores adversários (no caso, os do Estrela) à saída do estádio. Ficou mais uma vez provado que quanto maior a fasquia maior é a queda. Já o Braga do ano passado, a partir do momento em que se assumiu candidato ao título, começou a perder pontos sistematicamente e serviu como saco de boxe para Pinilla fazer uma das suas poucas exibições de jeito. Os rivais do “berço da nacionalidade” seguem o exemplo, mas numa versão mais “hardcore”, passo o termo. A equipa de Jaime Pacheco praticava um futebol vistoso na Taça Uefa (escândalo em S. Petersburgo, com uma arbitragem mais que vergonhosa), mas nas competições internas perdia fulgor. Não entendo para quê preterir a Liga em prol da Taça Uefa: estava mais que visto que Sevilha, Bolton, Besiktas e Zenit não eram presas fáceis. E deu no que deu, num falhanço em todos os níveis. E como Vítor Pontes de novo Mourinho não tem nada, sendo apenas um treinador ao nível da média e que eu aprecio especialmente somente por nunca perder com o Benfica, o caminho da Honra estava traçado com o alternar de resultados péssimos (empate em casa com a Académica e Rio Ave; derrota na Amadora e empate no último minuto com o Paços) com triunfos inolvidáveis(vitória na Luz e em casa com o Vitória de Setúbal por 4-0). Resta dizer que o plantel era de indiscutível qualidade, um dos 6 melhores da Liga. E que Saganowski, Svard, Benachour, Antchouet, Neca, Cléber e Paíto não são jogadores de trazer por casa...
Pimenta Machado construiu o Vitória que todos conhecemos. Apesar de não ser nenhum santinho, é a ele que se deve a exposição mediática de que o Guimarães tem sido alvo nas últimas décadas. Vitor Magalhães mostrou serviço no Moreirense, mas não conseguiu construir um plano de continuidade aquando da sua saída de Moreira de Cónegos.


O caso do Belenenses assume contornos semelhantes na medida em que Carvalhal também afirmava que podia chegar à Europa. O bracarense saiu com a equipa na 13ª posição e a descida era impensável. Mas, com José Couceiro, o pesadelo consumou-se e para isso contribuíu a controvérsia em torno da venda de Meyong, que não se chegou a concretizar. Este processo foi muito mal conduzido por parte dos responsáveis dos azuis do Restelo, que fomentaram o adiamento da decisão relativa à transferência do goleador camaronês, obrigando a equipa a jogar com um Romeu fora de forma. Nunca o melhor marcador da Liga, em 72 anos, tinha descido de divisão. Os homens da cruz de Cristo foram jogar a Barcelos com 97% de probabilidades de permanecer na 1ª Liga e foi muito provavelmente o seu excesso de conforto e confiança que selou a derrota. Couceiro vê a sua equipa descer de forma ainda mais dramática do que aquela que se verificou há dois anos no Alverca…
Imaginem que o melhor( ou será menos mau?) árbitro português, o major Pedro Henriques, tinha assinalado um dos penaltys que ficaram por marcar no Restelo contra o Benfica. Estaríamos agora perante um cenário diferente? Mesmo que o resultado desse derby tivesse sido um empate ou uma vitória para os da casa, um clube histórico não pode viver da bola que não entra e do lance que não é sancionado como devia.

O Rio Ave perdeu demasiado cedo a paciência com António Sousa. Os vila condenses tinham um plantel mais fraco do que na pretérita época, limitado pela saída de Miguelito e pela dependência de um Gaúcho em fase descendente da carreira, mas mesmo assim o pai de Ricardo Sousa conseguiu alguns bons resultados no princípio de época (triunfo no Restelo e em casa com o Guimarães). A saída de Cleiton, que apresentou qualidade, demonstrou que algo de mau se passou no balneário. Niquinha, um dos pilares da equipa, foi para o Brasil na etapa final e ameaçou não mais regressar. Os erros de Danielson são um dos exemplos da desconcentração que o grupo não conseguiu ultrapassar.



O Penafiel desistiu muito cedo de tentar a manutenção. Já antes da época natalícia António Oliveira tinha dito que ia sair da presidência do clube. Tudo foi mal planeado nesta época em que Luís Castro tentou fazer omoletes sem ovos. De forma quase humilhante, o clube foi um saco de pancada ao longo da época. Sempre que uma equipa estava em baixo de forma, lá vinha uma vitória com o Penafiel para animar( a derrota do Marítimo foi uma excepção). Ficou por entender a saída de Carlos Germano, que nem os pés em campo teve o privilégio de pôr. Três nomes a reter:

- o treinador Luís Castro, um verdadeiro senhor que aceitou continuar sabendo que não havia alternativa à descida, caindo no risco de manchar o seu nome futebolisticamente. Não me lembro de alguma vez se ter desculpado com as arbitragens e muito menos de saltar para o campo da má educação e da arrogância na relação com a comunicação social, o que tem vindo a ser cada vez mais usual.

- Bruno Amaro, o médio que marcou no Dragão e que foi o melhor penafidelense esta época;

- Welington, um central que destoou do resto da defesa.

4 Comments:

At 10:53 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Foi o Maritimo que perdeu com o Penafiel e não o Nacional.
A outra equipa que perdeu com o lanterna vermelha foi a Académica.

 
At 12:17 da manhã, Blogger André S. Machado said...

O trabalho de Couceiro e Pontes no Belenenses e Guimarães, respectivamente, só prova que por muito que tentem imitar José Mourinho, o "special one" é mesmo único e insubstituível. Acho que se fossem eles próprios fariam melhor figura... Luis Castro, para mim, teve uma atitude muito digna perante a situação do Penafiel, mas não justifica a fraca prestação dos penafidelenses esta época. Não é mau treinador, mas não é nada de especial. O Rio Ave não fez muito para se manter, diga-se, uma equipa fraca com técnicos que deixavam muito a desejar!

Deixo aqui, também, uma nota de regozijo pelo prémio de melhor treinador da Premier League para José Mourinho. Mais um reconhecimento do excelente trabalho do treinador tuga além fronteiras! Para o ano só falta a taça de Inglaterra Zé Mário! E a champions, claro, mas essa tá reservada para o meu clube ;)...

Gilberto, a ver se aceleramos os posts do Mundial... Senão o tempo não chega!

Para breve, no nosso blog, a análise da época dos três grandes e as perspectivas para o futuro... Mas esperemos pelo fim da época, já este Domingo, no Jamor!

 
At 1:01 da tarde, Blogger José Cavra said...

Se o Belem apresentou um péssimo futebol ao longo da época... o Guimarães foi bafejado pelo azar.
Prometo brevemente postar sobre o vitória.

 
At 7:32 da tarde, Blogger Tiago Gonçalves said...

Obrigado, amigo anónimo, a correcção já foi feita. Há que fazer justiça a esse clube sério que é o Nacional. Apesar de ter um presidente bandido e de jogar nesse "belo" estádio que é a Choupana, isso não justifica eu afirmar que foram derrotados pelo Penafiel.

 

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