Uma época de exigências
Depois de largas semanas sem contribuir para o blog, e depois de instigado pelo meu “patrão” Gilberto Mandamil, venho agora divulgar as minhas impressões para a nova época do Sporting. A meu ver, a temporada 2006/07 vai ser umas das mais importantes da história recente do leão. Em caso de falhanço total, o Sporting poderá cair na ameaça de novo jejum prolongado de títulos.
Vários factores concorrem para esta minha ideia:
- Depois de um final de século XX e um início de século XXI bem sucedidos, o Sporting já soma quatro anos sem quaisquer títulos oficiais conquistados.
- Depois da tripleta de 2001/02, o Sporting já viveu de tudo, sendo que o “tudo” acabou sempre mal. Em 2002/03, ainda com Bölöni no comando, a crise psicológica de Jardel e o castigo a João Pinto colocaram desde logo em causa a época leonina. Ambos os dois ainda voltaram a jogar nessa época, mas os leões falharam todos os objectivos, num final de época penoso. Valeu a descoberta de Cristiano Ronaldo. Na época seguinte, com Fernando Santos no comando, apenas o novo estádio parecia dar alma nova ao clube. Depois de duas eliminações ridículas na Taça UEFA e na de Portugal, o Sporting encarrilou no campeonato e chegou a parecer dar luta ao FC Porto para o título. Mas três derrotas nos últimos quatro jogos significaram a não presença na Liga dos Campeões, e lá o engenheiro teve de ir outra vez tentar a sorte na Grécia. Em 2004/05 o treinador também não entusiasmava, e a época voltou a terminar de forma horrível. Perder o título, o acesso à Liga dos Campeões e a final da Taça UEFA numa semana devia ser motivo de empalamento, mas, sabe-se lá porquê, José Peseiro teve direito a continuar a destruir a equipa. Dessa forma, 2005/06 era uma época da qual eu não esperava nada de bom. E os meus receios confirmaram-se, com as três derrotas sofridas em sete jornadas e as inenarráveis eliminações da Liga dos Campeões e da Taça UEFA, frente a equipas de vão de escada. Mesmo assim, ninguém foi capaz de atirar Peseiro do sétimo andar do Edifício Visconde de Alvalade e lá foi o campino/campónio a demitir-se, no único acto positivo que fez no Sporting. Com o inexperiente Paulo Bento no comando, as coisas mudaram, como mostrarei na próxima alínea.
- Paulo Bento chegou à equipa principal do Sporting depois de um magnífico trabalho nos juniores do clube. A conjuntura nos seniores não era a melhor, com uma equipa destruída moral e tacticamente e um balneário onde cada jogador mandava em si mesmo. Com alguns acidentes de percurso pelo caminho, tanto a nível de resultados, como de indisciplina, Paulo Bento lá foi melhorando a equipa, tornando-a quase imbatível. E foi isso que permitiu aos leões lutarem pelo título até quase ao fim e chegarem às meias-finais da Taça. Em ambos os casos, a maior experiência e felicidade do FC Porto significaram as derrotas leoninas.
Para a nova época, o Sporting parte com novas responsabilidades. Depois do que fez na época passada, Paulo Bento, que construiu o plantel e trabalha a equipa desde o início, tem a obrigação de fazer (ainda) melhor que o ano passado. Melhor será o título, mas sabemos que isso depende de nós, mas também dos nossos rivais. Por isso, pede-se a Paulo Bento que faça, pelo menos, mais que os 72 pontos da época transacta, o que assegurará, no mínimo, nova presença directa na Liga dos Campeões. Para a Taça de Portugal, o objectivo é sempre ganhar, mas sabe-se que tudo depende dos sorteios, e nos dois últimos anos o Sporting não foi feliz, sendo eliminado na casa dos dois rivais nas grandes penalidades. Prova de fogo será a Liga dos Campeões. Desde que o actual modelo foi implementado, os leões apenas por duas vezes participaram na prova. E com resultados bastante maus: em 1997/98 terminaram em terceiro no grupo (ainda não dava acesso à Taça UEFA), com sete pontos e em 2000/01 fizeram ainda pior, com apenas dois pontos conquistados, terminando em último no grupo. Numa altura em que a Liga Milionária é a maior montra do futebol europeu, é lá que o Sporting tem que se mostrar à Europa, de forma a ser visto como um clube incómodo para os grandes e não como um “carapau” que de vez em quando aparece por ali, como o Sturm Graz ou o Thun. É difícil apontar objectivos, até porque ainda não se conhece o grupo em que vamos ficar, mas a meta mínima deverá ser lutar pelo apuramento até ao fim, sendo que o terceiro lugar, que dá acesso à Taça UEFA, pode ser um mal menor. Pior que isso será difícil de engolir.
Analisados os objectivos, vamos ver agora o plantel com que o Sporting vai atacar a temporada. Aparentemente, os leões já desistiram de contratar um novo central, pelo que o grupo deverá estar fechado com os actuais 24 jogadores. O plantel parece-me mais forte que na época passada: não saíram jogadores importantes, chegaram alguns novos e os jogadores mais jovens têm maior maturidade. Vamos ver como é sector a sector:
Baliza:
Ricardo vai manter a titularidade e parece mais forte que nunca, depois de um Mundial que lhe correu bem. Tiago vai ser o suplente, que garante alguma tranquilidade, devido à sua experiência. Nélson deixou o clube, devido ao fim do contrato. Pessoalmente, preferia Nélson a Tiago como segundo guarda-redes, mas penso que não é grave. E ter três guarda-redes na casa dos 30 anos não faz muito sentido. Rui Patrício, de 18 anos e recém-campeão de juniores, será o terceiro guardião, numa época de aprendizagem. Dizem que tem grandes qualidades, mas nunca o vi jogar.
Defesa:
Em princípio, Paulo Bento não abdicará do quase intransponível quarteto da segunda volta da época passada: Abel, Tonel, Polga e Caneira. Miguel Garcia é solução para a direita e para o centro da defesa, enquanto os jovens Miguel Veloso (central) e Ronny (defesa-esquerdo), que já estavam no clube, terão certamente algumas hipóteses de se mostrarem. A qualidade existe, a quantidade nem por isso. Talvez não fosse má ideia sempre ir buscar o tal central. Da época passada saíram seis elementos do sector defensivo, mas nenhum deles essencial: Rogério, Paíto, Edson e Beto deixaram Alvalade no mercado de Inverno, enquanto André Marques e Hugo saíram no final da época.
Meio-Campo:
Está mais forte. Da época passada saíram Rochemback, logo no início, e Luís Loureiro. Entraram Paredes, um reforço seguro, e Farnerud, um desconhecido, apesar de ser internacional sueco. De resto manteve-se a estrutura, com Custódio, Moutinho, Nani, Carlos Martins e Tello um ano mais velhos, logo mais experientes. Há que contar ainda com Romagnoli e João Alves, que pouco mostraram na época passada e que, portanto, só podem melhorar. É um meio-campo interessante, que mistura trabalho e qualidade técnica em doses altas, no entanto sem que haja um Petit para partir pernas e um maestro, um mágico, um príncipe como Rui Costa (esqueci-me de algum adjectivo?).
Ataque:
Igualmente mais forte. Dos jogadores que alinharam na época passada saíram oito (!), mas nenhum deles relevante. Varela e Silva jogaram pouco e saíram durante a época, Tomané e David Caiado foram emprestados pelos juniores apenas num jogo. Wender voltou ao Braga a meio da época e por lá continua, Pinilla foi despachado de vez para o Hearts e Koke regressou de onde veio. Por último, e para minha grande alegria, Sá Pinto lá descobriu finalmente a porta de saída, embora com dificuldade. Os liègeois que o aturem agora. Como se vê, nada se perdeu no ataque leonino. Em contrapartida manteve-se o abono Liedson, com salário revisto e aumentado. Deivid também fica e acredito que vai fazer melhor que na época passada. Qualidade ele tem, falta-lhe alguma alegria a jogar. Outro que se mantém, talvez contrariado, é Douala. Mas pode ser que a Liga dos Campeões lhe permita mostrar o que tem de bom, como fez na Taça UEFA de há dois anos. Chegou ainda Carlos Bueno, um internacional uruguaio. É desconhecido, o que pode significar duas coisas: sairá um novo Liedson da cartola ou teremos mais um Mota ou um Koke? Se fosse um meio-termo não seria mau de todo... E finalmente Yannick / Djaló. Se mantiver o nível da pré-temporada, já temos revelação do ano. É cedo para falar, mas parece-me mais jogador que Lourenço e Varela.
Pré-Época:
Para já, apenas três jogos, todos eles concluídos com vitórias. Depois de um natural 6-1 ao Real Massamá, seguiram-se duas vitórias indiscutíveis frente a rivais mais fortes, que valeram a conquista do Torneio do Guadiana, onde somos bicampeões, carago! No futebol tudo pode mudar de um momento para o outro, mas a minha ideia actual é: o Sporting está mais forte que na época passada e vai fazer uma temporada melhor, de preferência com a conquista de títulos. Que os deuses do pé-na-bola me ouçam!
6 Comments:
Epá um dia destes vi no Record, num artigo sobre o Sporting, qualquer coisa do género "Paulo Bento não acredita em picos de forma, há que manter um ritmo constante durante todo o campeonato." Parece uma frase retirada do livro que os 4 estudantes fizeram sobre o Mourinho...
Sois os favoritos, há que reconcê-lo e lamentá-lo. Da-se.
e amanha e' passarinhos fritos para o jantar!
O meio-campo é o sector mais reforçado. Paredes é um jogador que não tem que enganar. Acrescenta bsatante qualidade. Indiscutivelmente.
Tiago, realmente os teus comentarios sao qualquer coisa de mto valiosa. parabens man!
tu podias ser um membro da malta da tropa para postar sobre o benfica.
Cool blog, interesting information... Keep it UP » »
Enviar um comentário
<< Home