04 agosto, 2006

Uma época de exigências

Depois de largas semanas sem contribuir para o blog, e depois de instigado pelo meu “patrão” Gilberto Mandamil, venho agora divulgar as minhas impressões para a nova época do Sporting. A meu ver, a temporada 2006/07 vai ser umas das mais importantes da história recente do leão. Em caso de falhanço total, o Sporting poderá cair na ameaça de novo jejum prolongado de títulos.

Vários factores concorrem para esta minha ideia:
- Depois de um final de século XX e um início de século XXI bem sucedidos, o Sporting já soma quatro anos sem quaisquer títulos oficiais conquistados.
- Depois da tripleta de 2001/02, o Sporting já viveu de tudo, sendo que o “tudo” acabou sempre mal. Em 2002/03, ainda com Bölöni no comando, a crise psicológica de Jardel e o castigo a João Pinto colocaram desde logo em causa a época leonina. Ambos os dois ainda voltaram a jogar nessa época, mas os leões falharam todos os objectivos, num final de época penoso. Valeu a descoberta de Cristiano Ronaldo. Na época seguinte, com Fernando Santos no comando, apenas o novo estádio parecia dar alma nova ao clube. Depois de duas eliminações ridículas na Taça UEFA e na de Portugal, o Sporting encarrilou no campeonato e chegou a parecer dar luta ao FC Porto para o título. Mas três derrotas nos últimos quatro jogos significaram a não presença na Liga dos Campeões, e lá o engenheiro teve de ir outra vez tentar a sorte na Grécia. Em 2004/05 o treinador também não entusiasmava, e a época voltou a terminar de forma horrível. Perder o título, o acesso à Liga dos Campeões e a final da Taça UEFA numa semana devia ser motivo de empalamento, mas, sabe-se lá porquê, José Peseiro teve direito a continuar a destruir a equipa. Dessa forma, 2005/06 era uma época da qual eu não esperava nada de bom. E os meus receios confirmaram-se, com as três derrotas sofridas em sete jornadas e as inenarráveis eliminações da Liga dos Campeões e da Taça UEFA, frente a equipas de vão de escada. Mesmo assim, ninguém foi capaz de atirar Peseiro do sétimo andar do Edifício Visconde de Alvalade e lá foi o campino/campónio a demitir-se, no único acto positivo que fez no Sporting. Com o inexperiente Paulo Bento no comando, as coisas mudaram, como mostrarei na próxima alínea.
- Paulo Bento chegou à equipa principal do Sporting depois de um magnífico trabalho nos juniores do clube. A conjuntura nos seniores não era a melhor, com uma equipa destruída moral e tacticamente e um balneário onde cada jogador mandava em si mesmo. Com alguns acidentes de percurso pelo caminho, tanto a nível de resultados, como de indisciplina, Paulo Bento lá foi melhorando a equipa, tornando-a quase imbatível. E foi isso que permitiu aos leões lutarem pelo título até quase ao fim e chegarem às meias-finais da Taça. Em ambos os casos, a maior experiência e felicidade do FC Porto significaram as derrotas leoninas.


Para a nova época, o Sporting parte com novas responsabilidades. Depois do que fez na época passada, Paulo Bento, que construiu o plantel e trabalha a equipa desde o início, tem a obrigação de fazer (ainda) melhor que o ano passado. Melhor será o título, mas sabemos que isso depende de nós, mas também dos nossos rivais. Por isso, pede-se a Paulo Bento que faça, pelo menos, mais que os 72 pontos da época transacta, o que assegurará, no mínimo, nova presença directa na Liga dos Campeões. Para a Taça de Portugal, o objectivo é sempre ganhar, mas sabe-se que tudo depende dos sorteios, e nos dois últimos anos o Sporting não foi feliz, sendo eliminado na casa dos dois rivais nas grandes penalidades. Prova de fogo será a Liga dos Campeões. Desde que o actual modelo foi implementado, os leões apenas por duas vezes participaram na prova. E com resultados bastante maus: em 1997/98 terminaram em terceiro no grupo (ainda não dava acesso à Taça UEFA), com sete pontos e em 2000/01 fizeram ainda pior, com apenas dois pontos conquistados, terminando em último no grupo. Numa altura em que a Liga Milionária é a maior montra do futebol europeu, é lá que o Sporting tem que se mostrar à Europa, de forma a ser visto como um clube incómodo para os grandes e não como um “carapau” que de vez em quando aparece por ali, como o Sturm Graz ou o Thun. É difícil apontar objectivos, até porque ainda não se conhece o grupo em que vamos ficar, mas a meta mínima deverá ser lutar pelo apuramento até ao fim, sendo que o terceiro lugar, que dá acesso à Taça UEFA, pode ser um mal menor. Pior que isso será difícil de engolir.

Analisados os objectivos, vamos ver agora o plantel com que o Sporting vai atacar a temporada. Aparentemente, os leões já desistiram de contratar um novo central, pelo que o grupo deverá estar fechado com os actuais 24 jogadores. O plantel parece-me mais forte que na época passada: não saíram jogadores importantes, chegaram alguns novos e os jogadores mais jovens têm maior maturidade. Vamos ver como é sector a sector:


Baliza:

Ricardo vai manter a titularidade e parece mais forte que nunca, depois de um Mundial que lhe correu bem. Tiago vai ser o suplente, que garante alguma tranquilidade, devido à sua experiência. Nélson deixou o clube, devido ao fim do contrato. Pessoalmente, preferia Nélson a Tiago como segundo guarda-redes, mas penso que não é grave. E ter três guarda-redes na casa dos 30 anos não faz muito sentido. Rui Patrício, de 18 anos e recém-campeão de juniores, será o terceiro guardião, numa época de aprendizagem. Dizem que tem grandes qualidades, mas nunca o vi jogar.

Defesa:

Em princípio, Paulo Bento não abdicará do quase intransponível quarteto da segunda volta da época passada: Abel, Tonel, Polga e Caneira. Miguel Garcia é solução para a direita e para o centro da defesa, enquanto os jovens Miguel Veloso (central) e Ronny (defesa-esquerdo), que já estavam no clube, terão certamente algumas hipóteses de se mostrarem. A qualidade existe, a quantidade nem por isso. Talvez não fosse má ideia sempre ir buscar o tal central. Da época passada saíram seis elementos do sector defensivo, mas nenhum deles essencial: Rogério, Paíto, Edson e Beto deixaram Alvalade no mercado de Inverno, enquanto André Marques e Hugo saíram no final da época.

Meio-Campo:

Está mais forte. Da época passada saíram Rochemback, logo no início, e Luís Loureiro. Entraram Paredes, um reforço seguro, e Farnerud, um desconhecido, apesar de ser internacional sueco. De resto manteve-se a estrutura, com Custódio, Moutinho, Nani, Carlos Martins e Tello um ano mais velhos, logo mais experientes. Há que contar ainda com Romagnoli e João Alves, que pouco mostraram na época passada e que, portanto, só podem melhorar. É um meio-campo interessante, que mistura trabalho e qualidade técnica em doses altas, no entanto sem que haja um Petit para partir pernas e um maestro, um mágico, um príncipe como Rui Costa (esqueci-me de algum adjectivo?).



Ataque:

Igualmente mais forte. Dos jogadores que alinharam na época passada saíram oito (!), mas nenhum deles relevante. Varela e Silva jogaram pouco e saíram durante a época, Tomané e David Caiado foram emprestados pelos juniores apenas num jogo. Wender voltou ao Braga a meio da época e por lá continua, Pinilla foi despachado de vez para o Hearts e Koke regressou de onde veio. Por último, e para minha grande alegria, Sá Pinto lá descobriu finalmente a porta de saída, embora com dificuldade. Os liègeois que o aturem agora. Como se vê, nada se perdeu no ataque leonino. Em contrapartida manteve-se o abono Liedson, com salário revisto e aumentado. Deivid também fica e acredito que vai fazer melhor que na época passada. Qualidade ele tem, falta-lhe alguma alegria a jogar. Outro que se mantém, talvez contrariado, é Douala. Mas pode ser que a Liga dos Campeões lhe permita mostrar o que tem de bom, como fez na Taça UEFA de há dois anos. Chegou ainda Carlos Bueno, um internacional uruguaio. É desconhecido, o que pode significar duas coisas: sairá um novo Liedson da cartola ou teremos mais um Mota ou um Koke? Se fosse um meio-termo não seria mau de todo... E finalmente Yannick / Djaló. Se mantiver o nível da pré-temporada, já temos revelação do ano. É cedo para falar, mas parece-me mais jogador que Lourenço e Varela.

Pré-Época:

Para já, apenas três jogos, todos eles concluídos com vitórias. Depois de um natural 6-1 ao Real Massamá, seguiram-se duas vitórias indiscutíveis frente a rivais mais fortes, que valeram a conquista do Torneio do Guadiana, onde somos bicampeões, carago! No futebol tudo pode mudar de um momento para o outro, mas a minha ideia actual é: o Sporting está mais forte que na época passada e vai fazer uma temporada melhor, de preferência com a conquista de títulos. Que os deuses do pé-na-bola me ouçam!

6 Comments:

At 4:48 da tarde, Blogger Tiago Gonçalves said...

Epá um dia destes vi no Record, num artigo sobre o Sporting, qualquer coisa do género "Paulo Bento não acredita em picos de forma, há que manter um ritmo constante durante todo o campeonato." Parece uma frase retirada do livro que os 4 estudantes fizeram sobre o Mourinho...

 
At 4:31 da tarde, Anonymous Anónimo said...

Sois os favoritos, há que reconcê-lo e lamentá-lo. Da-se.

 
At 5:40 da tarde, Blogger pumba no piu piu said...

e amanha e' passarinhos fritos para o jantar!

 
At 5:21 da tarde, Blogger Rotura de ligamentos said...

O meio-campo é o sector mais reforçado. Paredes é um jogador que não tem que enganar. Acrescenta bsatante qualidade. Indiscutivelmente.

 
At 10:39 da manhã, Blogger José Cavra said...

Tiago, realmente os teus comentarios sao qualquer coisa de mto valiosa. parabens man!
tu podias ser um membro da malta da tropa para postar sobre o benfica.

 
At 9:03 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Cool blog, interesting information... Keep it UP » »

 

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