O Manel C´Ajuda
Joga-se, hoje, na Figueira da Foz, aquele que promete ser um jogo em não estão em causa somente 3 pontos. Os treinadores de Naval e Benfica, com José Veiga pelo meio, têm protagonizado uma forte guerra verbal nos últimos dias. Primeiro Koeman em medo da parte do seu adversário e Cajuda ripostou, falando do jogo em Manchester. O ex-empresário Veiga deitou mais achas para a fogueira, acusando o treinador da Naval de ser “o mais vaidoso e arrogante treinador da praça, que nunca chegará a um grande”.
Ora bem, temos o homem que destruiu a carreira a alguns jogadores (e só não o fez a outros porque foi trocado pelo rival Jorge Mendes); que está sob investigação devido a acções da SAD do Estoril; que viu penhorados os seus bens por dívidas de milhões ao fisco; que disse, na época transacta, que os administradores do Sporting não deviam falar à comunicação social porque ninguém os conhecia; que é director do clube que em tempos desrespeitou de forma reles e ordinária e que, na conferência de imprensa célebre Benfica – Porto da nova Luz, lançou indirectas baixas e desagradáveis a Pinto da Costa e à sua mulher, a tentar dar lições de moral a um homem que sempre se evidenciou pela sua simplicidade e honestidade. O que se seguirá? Avelino Ferreira Torres a dar lições de boas maneiras a Paula Bobone? “Muitos também nunca chegaram a presidentes do Porto…” foi a resposta ao que o ex-presidente da casa do F.C. Porto no Luxemburgo disse.
Manuel Cajuda é, para mim, um dos treinadores mais injustiçados, e um dos melhores sem sombra de dúvida, da geração anterior onde, como o Jorge Kataklinsmann disse no post anterior, a experiência se sobrepunha ao estudo, propriamente dito, do futebol. Sabe o que dizer para motivar os seus pupilos e não inventa desculpas na hora da derrota falando no passe lateral/central, na pressão alta ou na pressão baixa. E foi muito prejudicado pelo seu estilo sincero e pouco comum nas declarações à imprensa
O algarvio toma, muitas das vezes, posições que o levam ao destaque. Para exemplificar: ao contrário da nova vaga de técnicos, onde a esmagadora maioria afirma “eu sou um grande amigo do Mourinho”, “eu janto todas as semanas com o Mourinho” ou “eu e o Mourinho apanhávamos grandes cadelas juntos”, e dos mais experientes, como Manuel José e Octávio Machado, que afirmam que “Mourinho é um grande bandido”, Cajuda admite, com humildade, que não previa um grande futuro a um adjunto com pouca experiência de líder máximo do balneário, mas que obviamente é impossível ficar rendido ao seu trabalho ao fim destes 5 anos. E até brinca dizendo que, muito antes do setubalense aparecer, já ele usava sobretudo…
Manuel Ventura Cajuda de Sousa, 54 anos, fez carreira como jogador no Algarve, de onde é natural, no Farense e Olhanense. A sua primeira experiência como técnico no escalão maior deu-se na época de 1987/88, ao leme do Portimonense. Depois de passar por Olhanense, Louletano e “O Elvas”, comandou o Torreense na 2ª Divisão B, durante 3 épocas. Depois de orientar o Leiria na Divisão de Honra, cimentou a sua carreira na 1ª Divisão em Braga, onde, a partir de 94, estabelece classificações na 1ª metade da tabela e permanece mais 3 temporadas. Depois de passar pelo Belenenses,em 1997/98, volta à cidade dos arcebispos, de onde só sai em 2001. Vai para Leiria, substituindo Mourinho, e completa a obra do “Big Jose” na 2ª parte da temporada: qualifica a equipa para a Uefa e para a final da Taça de Portugal. Sai para a Madeira antes de jogar para as competições europeias e, mais uma vez, leva os insulares à Europa, mas os conflitos com o presidente Carlos Pereira impedem-no de continuar para além da 1ª jornada da época seguinte.
Um dos únicos pontos negativos da sua carreira foi a passagem por um Beira-Mar que, transformado numa multinacional, viria a descer após ter sido orientado por 4 técnicos.
Esta temporada, a Naval tem realizado um campeonato acima das expectativas. Ocupa o 10º lugar com um plantel recheado de jogadores talentosos, mas com pouca experiência de 1ª Liga. Bruno Fogaça, descoberto por Cajuda através da visualização de k7´s, é aquele que mais tem dado nas vistas, juntamente com o extremo cabo-verdiano Lito e o central Nelson Veiga, um dos mais maturos do plantel.
Ronald Koeman não conhece nem quer conhecer Manuel Cajuda. E esse é um erro que o poderá levar a um resultado negativo esta noite…
2 Comments:
Pois é, caro Gil. Para mim, Cajuda seria a escolha para treinador do Sporting. O homem, que realmente, é pouco apreciado por muita gente, entre jornalistas, adeptos e pessoas de clubes rivais, já prometeu que num grande seria campeão. A verdade é que ele tem uma carreira de sucesso nos clubes por onde passou, com as excepções de Belenenses e Beira-Mar. Porque não deixá-lo provar aquilo que afirma? Se conseguisse, maravilha. Se não seria apenas mais um fracasso, como Waseige, Octávio, Carlão, Cantatore, Jozic, Fernando Santos e Peseiro...
Caro Gonçalo, essa frase é acerca do Cajuda. O parágrafo foi confuso e pode levar a essa mesma interpretação, por ter enumerado aqueles episódios relacionados com o Veiga, mas a referência ao Papa foi só um aparte. Aliás, se eu dissesse que o PC era simples e honesto não estaria a escrever para este blog mas sim para o Levanta-te e Ri.
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