HISTÓRIAS DO BESSA – Cafu, a gazela

Olá pessoal, estou de volta, o mister (pronuncia-se como se lê) Alexi, para a minha primeira reportagem oficial do blog, pertencente a um conjunto denominado de Historias Do Bessa, nas quais vou-vos brindar com as maiores lendas que o meu clube da invicta alguma vez conheceu!
Mas por onde começar? Isso era o grande problema! Cheguei noutro dia a casa, dorido de uma rija disputa do jogo contra os Amigos da Tropa... e digo-vos, o um-‘pra-um com o Paulinho Santos não é brincadeira, e olhar de frente para o Antonio Borges pode ser bem mais violento que o confronto físico. Mas vá, até me desenrasquei com uns passes longos de belo efeito e uns cortes in-extremis que até funcionariam se não tivesse a usar as chuteiras que o Veiga tanto insistiu que eu usasse... Deixei claro ao Liedson que não gosto de meninas em campo, ele por esta altura está ainda a interrogar-se quem o pisava tantas vezes quando caía ao chão... (Agradecimentos ao Petit que foi determinante em muitos derrubes ao brinca n’areiazito...).

Bem, já estou a derivar...

Após uns dias de repouso, e uns outros tantos de ressaca da Gala Anual da Malta da Tropa que Curte Bola After Party (ganda borga com o Anelka, o Jocivalter e a Victoria Beckham, o Bosingwa quis-nos levar a casa, mas valeu o Anelka dizer que era má ideia...), consegui finalmente lembrar-me de quem era, e achei melhor voltar ao trabalho. Surgiu a ideia das Historias do Bessa, falar no Manel do Laço, na Dona Fernandinha... mas porque não começar pelo.... Cafu!!!

Sim, porque antes de ser ficar conhecido a nível nacional com o primeiro golo vitorioso forasteiro no Estádio do Dragão, já o jovem Cabo-Verdiano se tornara uma lenda viva entre os adeptos Boavisteiros!
Ainda me lembro da primeira vez que o rapaz pegou na bola no Bessa, contra o Belenenses, 2002/03, perante todos os socios presentes. Iniciou uma impressionante arrancada, pasou por varios jogadores, o publico foi-se levantando numa de “tu queres ver?”, acreditando que tinhamos alí um diamante bruto... ele foi avançando, avançando... e é então, que após um slalom maradoniano, Cafu consegue o impossivel! Descaído sobre o lado esquerdo da área, consegue um incrivel cruzamento (ou talvez uma abertura), para o lado... esquerdo! Até á data todos nos interrogamos sobre o que é que o rapaz queria fazer afinal... temos aqui um pequeno esquema da jogada:
(o traço branco é o trajecto do Cafu, o vermelho a bola após ess cruzamento magnífico...)

Sem palavras, sem duvida...

Mas o mais glorioso momento de Cafu foi sem dúvida na deslocação do Xadrez ao Chipre, para defrontar o modesto Anorthosis Fagusta! Segunda mão da primeira eliminatória da Taça UEFA, tendo o Boavista uma vantagem de 2-1 trazida do Bessa. Estávamos no minuto 88’, mantinha-se o nulo no marcador. Pontapé de canto a favor dos Cipreotas (ou Cipreanos, como o carismático Alfredo se referiu ao adversario na conferência de imprensa após o final do jogo...), o Famagusta sobe no terreno, deixando apenas dois jogadores sobre a linha do meio campo, e o guarda-redes no lugar devido. Bola na área tirada a soco por Ricardo (era Pré-Labreca, de muito boa qualidade), sobra para os pés de... Cafu! O “Gazela” não tem mais nada! Fixa os olhos na baliza contrária... e arranca! Parte com uma velocidade impressionante em direcção aos dois defesas posicionados sobre a linha de meio campo e não olha a meios! Um forte pontapé faz a bola passar por cima dos dois cipriotas, e por entre eles passa um Cafu imparável, que recupera a bola que chutara para a frente! Como podemos ver no seguinte esquema, é uma jogada de uma rapidez e prontidão impressionantes! (Boavista de preto)

E o que se passa a seguir é ainda mais fenomenal... reparem: Cafu parte para o 1-on-1 com o Guarda Redes...

...tenta fintá-lo... e perde a bola...
...recupera a bola...
...tenta fintá-lo... e perde a bola...
...recupera a bola...
...tenta fintá-lo... e perde a bola...
...recupera a bola...
...tenta fintá-lo e .... PENALTIE!

Silva facturava, e Cafu tornava-se o herói axadrezado no Chipre! Um momento histórico, marcado para sempre nos corações dos adeptos que tanto gostam dele, e que a tantas vezes se referem a ele com um carinhoso “aquele preto que só sabe correr”...

Espero que tenha sido do vosso agrado a primeira Historia do Bessa (e bem demorada...), e fiquem por perto para mais... quem sabe um dia... irei desvendar o mistério... do Erivan de Glasgow... mas quem era ele?...quem?...