30 dezembro, 2006

Déjà Vu

Pelos vistos, não é só o meu amigo Denzel Washington que os tem. Então não é que os jogos de hoje do Manchester United e do Chelsea na Premier League foram quase igualzinhos aos do Boxing Day?

Os blues, tal como tinha acontecido nos três jogos anteriores, sem John Terry, estiveram um desastre na defesa. Até Ricardo Carvalho, que, na sua insuspeita opinião, é “um excelente central” (agora fiquei convencido!), cometeu mais cagadas do que o costume - são 1 ou 2 por jogo, hoje foram 3 ou 4. Curiosamente nenhuma deu golo, ao contrário das de Paulo Ferreira e Essien. Tal como frente ao Reading, o Chelsea esteve a ganhar 2-1 e cedeu o empate nos minutos finais. E tal como contra o Reading, foi um resultado inteiramente justo, pois o Fulham nunca se escondeu e criou 6/7 oportunidades de golo. E vão oito golos sofridos em quatro jogos, e todos frente a equipas sem grandes ambições, desde que Ricardo Carvalho passou a liderar a defesa. Mourinho está no período mais crítico desde que é treinador principal, e não deixa de ser aliciante, para o próprio e para os amantes do futebol, ver como vai superar esta fase.

Já o Manchester, que tinha derrotado o Wigan por 3-1 na jornada anterior, venceu hoje o Reading por 3-2. Ronaldo, claro, foi o homem do jogo, voltando a marcar dois golos. E ofereceu o outro, da autoria da Solskjaer, que também tinha marcado ao Wigan. E vão seis pontos de diferença entre os dois primeiros. E Ronaldo já ameaça Drogba na lista de goleadores, com 12 contra 13. O meu amigo Porfírio não gosta da contagem decrescente que diz que a Imprensa lusa está a fazer até o puto ser o melhor do mundo. Tens razão, é escusado. Ele próprio está a fazer essa contagem, de cada vez que calça as chuteiras. E a acelerá-la cada vez mais.

Eusébio vs Figo

Nos primeiros 20 anos da minha vida (e tenho 30 neste momento), muita gente tentou, e até conseguiu, impingir-me a ideia de que um português, se fosse ao estrangeiro e dissesse de onde vinha, logo era confrontado com os nomes Eusébio e Amália. Segundo essas pessoas (muitas das quais nunca tinham saído de Portugal ou não saíam há muitos anos), só estes dois eram os portugueses conhecidos mundialmente, mais ninguém. Felizmente muito mudou nos últimos 10 anos: viajei mais que nos primeiros 20, surgiu a TV Cabo, surgiu a Internet, passei a consumir alguma Imprensa estrangeira. E hoje, como todos sabemos, felizmente, já há muitos portugueses conhecidos no mundo, incluindo nas áreas em que se distinguiram os dois acima citados. A questão é saber se surgiu algum melhor que eles, ou não. Em relação a Amália não me sinto habilitado a falar, pois não gramo fado, por isso se me dissessem que ela cantava mal, eu acreditava. Já sobre Eusébio tenho a minha opinião, que aqui já expressei: Figo, no mínimo, chegou ao seu nível e Cristiano Ronaldo tem tudo para ultrapassá-lo. Mas claro que esta é uma ideia difícil de ser difundida em Portugal, país iminentemente benfiquista, país muito conservador, país de fés, crenças e superstições, país que teve uma das mais longas ditaduras da História, país de salvadores da pátria, país com os níveis de alfabetização mais atrasados do mundo ocidental. Mas, pela primeira vez, não resisto a responder a uma posta de um meu colega de blog. No fundo, a posta dele também foi uma resposta a outras postas. O debate é sempre estimulante.

Em primeiro lugar, Figo afinal não vai ser reforço do tal clube saudita, segundo acabo de ler, pois renovou por mais um ano com o Inter. Deve ter sido um favor que o Moratti me fez, só para te contrariar ;-) Dizes que o Figo só foi indiscutível em Barcelona e nos primeiros tempos de Madrid. É peta, como sabes. Nos 10 anos que esteve em Espanha, só não foi indiscutível nos últimos meses no Real, com Vanderlei Luxemburgo, que, como sabes, não durou muito mais no Bernabéu. Figo foi o primeiro galáctico a sair, o que acaba por ser normal, pois também foi o primeiro a chegar. Desde que começou a jogar no Sporting, em 1991/92, só uma vez Figo fez menos de 30 jogos no campeonato. Foi na segunda época de Madrid, em 2001/02, onde fez 29. Como te lembras, foi a época da grave lesão dele, que o impediu de estar a 100% no Mundial. Mesmo na última época de merengue fez 33 jogos. No Inter fez 34 jogos na época passada e já leva 15 nesta, em 18 jornadas. Já não é sempre titular, mas o que exigir a um jogador de 34 anos num clube que joga campeonato, taça e Liga dos Campeões? Comparar esta prestação à de Rui Costa no Milan só se entende num plano humorístico. O maestro, príncipe, mágico, que jogou cinco anos de “rossonero”, entre os 29 e os 34, ou seja, ainda numa fase pujante da sua carreira, nunca fez mais de 27 jogos no campeonato, o que aconteceu em 2003/04. E quase sempre como suplente de Kaká, como se sabe. Portanto, comparação infeliz.

Em relação a Eusébio, nunca saberemos o que ele faria numa carreira internacional. Saiu do Benfica em 1975, após 15 anos, e em três anos jogou em oito clubes (!) de quatro países diferentes (EUA, México, Canadá e Portugal - Beira-Mar e União de Tomar). Espero sinceramente que Figo não se arraste desta maneira. Quando dizes que o King Pantera Negra ficou na Luz por estar num colosso mundial estás a ser meio irónico. O próprio já reconheceu que gostava de ter podido jogar no Inter, quando teve oportunidade, mas alguém não o permitiu. Claro que na altura não havia tantas transferências internacionais, mas havia algumas. Os nomes que citaste, Beckenbauer, Meazza, Pelé e Garrincha jogaram sempre nos seus países porque estavam nos melhores campeonatos do mundo, algo que Portugal nunca foi, como se sabe. Mesmo o campeonato brasileiro era uma coisa à parte, como mostrou o Santos de Pelé quando despachou o Benfica de Eusébio, por 5-2, em plena Luz, para a Taça Intercontinental. Já com Di Stéfano falhaste. Ele nasceu na Argentina, começou a jogar por lá, passou ainda pela Colômbia e só depois estacionou no Real Madrid. Aliás, chegou a ser internacional pelos três países, o que seria impossível hoje em dia.

Quanto aos títulos conquistados, tens razão. Não é só por eles que se vê a categoria de um jogador. Senão Nalitzis seria mais idolatrado que Balakov, no Sporting, enquanto Preud’homme seria um fiasco ao pé de Quim, no Benfica. Mas erras quando dizes que Eusébio tem mais títulos que Figo. Segundo a Wikipedia, versão inglesa, estes são os números dos dois:

Eusébio (19 títulos): Campeonato Português (11), Taça de Portugal (5), Taça dos Campeões (1), Campeonato Mexicano (1), Campeonato dos EUA (1).

Figo (20 títulos): Taça de Portugal (1), Campeonato Espanhol (4), Taça de Espanha (2), Supertaça Espanhola (3), Taça das Taças (1), Supertaça Europeia (2), Liga dos Campeões (1), Taça Intercontinental (1), Campeonato Italiano (1), Taça de Itália (1), Supertaça Italiana (2), Mundial de sub-20 (1).

Se Eusébio vai ficar por aqui, Figo ainda pode juntar mais uns títulos à sua colecção, com mais um ano e meio de contrato com o Inter.

Na selecção, pelo menos, admites a superioridade de Figo. Eusébio, em 15 anos ao mais alto nível, não conseguiu mais do que participar num Mundial, em 1966. Figo já leva dois Mundiais (2002 e 2006) e três Europeus (1996, 2000 e 2004). Eusébio ficou em 3º no Mundial e foi o melhor marcador, Figo foi 4º num Mundial e 2º num Europeu. Não há muito a contestar. Podemos argumentar que antes era mais difícil conseguir o apuramento, mas se Eusébio era um deus do futebol, tinha obrigação de ultrapassar isso. Maradona não levou, praticamente sozinho, a Argentina a duas finais do Mundial? Quanto à importância de Figo na equipa, estás a ser cruel. Tirando o Mundial 2002, onde ele não estava em grandes condições, como se sabe, foi sempre dos melhores jogadores da selecção. Pegares nos golos também não serve. Eusébio, como se sabe, não sendo um ponta-de-lança, era aquilo a que hoje se chama um “nove e meio”, isto é, joga a meio caminho entre o nº9 e o nº10. Figo é um extremo. E enquanto Eusébio defrontava 2, 3, no máximo 4 defesas, Figo defronta 4, 5, mais 1 ou 2 trincos. Mesmo assim o “Pastilhas” já leva 89 golos só em campeonatos e 32 golos na selecção. Juntando outras provas serão uns 140 golos oficiais. É mau, para um extremo?

A nível individual, Eusébio ganhou a “Bola de Ouro” da “France Football” em 1965 e Figo em 2000. Figo ganhou o prémio da FIFA para melhor jogador do mundo em 2001 e Eusébio nunca ganhou, nem podia, pois ele só existe desde 1991. Eusébio foi o melhor marcador do Mundial de 1966, coisa que Figo nunca conseguiu, pelas razões posicionais já descritas. Mas em compensação foi eleito pela UEFA o MVP do Euro 2000. Em resumo, neste aspecto, de galardões individuais, estão ao mesmo nível.

Resta um argumento. Figo terá tido mais êxitos na selecção porque estava integrado numa geração melhor. Se assim for, também aqui me enganaram durante estes anos todos. Sempre me venderam a ideia de que Costa Pereira, Germano, Coluna, José Augusto, Simões, José Torres e outros eram fantásticos jogadores de futebol, de classe internacional. Afinal não era assim? Então como se explica a primeira Taça dos Campeões do Benfica, ganha sem a participação de Eusébio?

Eusébio foi grande, mas já não é a grande referência do futebol português lá fora, por muito que isso custe a todo o mundo lampião. Figo e Ronaldo já merecem essa distinção. E ainda bem, digo eu, mal seria do futebol português se continuasse a viver de um jogador dos anos 60. O futebol húngaro ainda vive de Puskas e sabe-se a que nível eles estão, não é? Ainda há poucos meses conseguiram perder em Malta. Quanto à comparação basquetebolística que fizeste, não tenho resposta, pois não sou grande fã da bola ao cesto. Mas posso usar o ciclismo. Depois do que Lance Armstrong fez nos últimos anos, e confiando que não foi por ajudas químicas, ainda é possível dizer que Eddie Merckx foi o melhor de sempre?

29 dezembro, 2006

Em defesa do Pantera Negra

Desde o último mundial de futebol que oiço os camaradas de armas lagartos reivindicarem para Luís Figo o título de melhor jogador português de sempre, em prejuízo de Eusébio da Silva Ferreira.
Alegam eles (os lagartos, claro) que o actual reforço de um certo clube saudita, foi figura de proa em vários clubes de top europeu, enquanto que o Pantera Negra jamais saiu de Portugal.
Em Espanha Figo foi realmente grande (mais em Barcelona), mas terá sido assim tão nuclear no Inter de Milão? Sinceramente comparo a sua prestação à de Rui Costa no AC Milan, se bem que o maestro estava tapado por esse grande jogador que é o brasileiro Kaká.
Figo foi titular indiscutível em Barcelona e nos primeiros anos como Merengue. Luxemburgo apresentou-lhe a porta da saída e o “Pastilhas” foi o 1º do galácticos a sair. Fê-lo pela porta pequena, há que dizê-lo com frontalidade.
Se excluirmos as suas aventuras, já em final de carreira, à caça dos dólares, Eusébio não saiu para o estrangeiro, mas porque o haveria de fazer? O Benfica era no seu tempo um dos grandes colossos do futebol mundial. A cobiça abundava mas o “rei” por uma razão ou por outra permaneceu sempre na Luz.
Nos anos 60 as transferências de jogadores nacionais para o estrangeiro rareavam como a água na planície alentejana nos meses quentes de Verão.
Frankz Beckenbauer (Bayern de Munique), Alfredo Di Stefano (Real Madrid), Giuseppe Meazza (Inter de Milão e 1 ano no AC Milan), Pelé (Santos) e Mané Garrincha (Bota Fogo, são alguns exemplos de atletas que não precisaram de sair do seu país para serem grandes, qui ça os melhores de sempre.
Fala-se também nos títulos conquistados, mas não vamos por aí, Eusébio é certamente mais galardoado do que Figo, mas se formos por esse caminho, Vítor Baía é o melhor guarda redes de todos os tempos e Jorge Costa um dos melhores centrais da história do jogo.
Ao nível da selecção nacional sou obrigado a dar um pouco a mão à palmatória, mas não se pode comparar o grau de exigência para conseguir o apuramento para uma qualquer competição de selecções. No passado não havia Lichenstein, San Marino e todos os pequenos países resultantes do fim da União Soviética e Jugoslávia.
Figo esteve presente em 3 fases finais do campeonato da Europa, 1996, 2000 e 2004.
Em Inglaterra foi uma nulidade (com excepção do golo apontado contra a Croácia), 4 anos mais tarde (talvez na sua melhor época de sempre) foi fantástico, mas perdeu justamente face a Zidane.
No Euro 2004 esteve em bom nível, mas a alma da selecção foi a maravilhosa equipa do Nosso Porto que havia sido campeã europeia um mês antes. Duvidam? Ok, aqui vai: Luís Figo = 0 golos.
Em mundiais, o Coreia e Japão foi um fiasco com o 7 da selecção a não ganhar um único lance. Uma vez mais, Figo = 0 golos.
4 anos mais tarde esteve bem, mas a idade já pesava e as pernas não davam para aguentar os 90 minutos da partida. Golos? Nem vê-los!
Figo foi um grande jogador, mas dizer que suplantou Eusébio é o mesmo que um qualquer adepto dos Los Angeles Lakers afirmar que Kobie Bryant ultrapassou Michael Jordan.

26 dezembro, 2006

Boxing Day

Como é da tradição, o dia 26 de Dezembro proporcionou mais uma jornada da Premier League. Depois de ter reduzido a desvantagem em relação ao líder Manchester United para dois pontos, o Chelsea voltou a perder terreno e está agora a quatro pontos do primeiro lugar. Mas apetece-me dizer duas ou seis coisas sobre os últimos jogos dos dois candidatos ao título inglês.

O Chelsea, que este ano tem o plantel mais rico desde que Mourinho e Abramovich chegaram, está a jogar um futebol cada vez mais parecido com o do Sporting. Uma das coisas que me aborrece na minha equipa é o facto de, muitas vezes, só tentar jogar futebol quando está empatado ou a perder. Quando se encontra a ganhar desiste de impôr o ritmo e permite ao adversário reagir. Como a defesa está firme, raramente se tem dado mal com isso. Mas provoca mais sofrimento que o necessário. O mesmo está a acontecer actualmente com o Chelsea. Tanto com o Wigan como com o Reading, os leões de Londres pararam de jogar após a vantagem. No primeiro caso tiveram a sorte de Robben marcar o golo da vitória em período de compensação, no segundo lixaram-se bem, sofrendo um autogolo cruel (mas merecido) perto do fim. Se no Sporting percebo algumas intermitências, pela juventude de muitos jogadores e até por algumas limitações no plantel, não consigo conceber que tal se passe num plantel como o dos blues.

Outra questão tem a ver com dependências. Tal como o Sporting depende muito de Liedson, o Chelsea está cada vez mais dependente de Drogba. Lampard ainda vai marcando alguns golos, mas de resto é quase o deserto. Outra dependência clara é de John Terry. Sem o capitão, o Chelsea sofreu dois golos em cada um dos últimos três jogos. No primeiro, com o Everton, a comunicação social tuga meteu as culpas em Boulahrouz, ilibando Ricardo Carvalho, e a verdade é que o “canibal” fez um jogo horrível. Depois, em Wigan, o Khalid esteve bem melhor, mas sofreram dois golos na mesma. Hoje o eixo da defesa foi constituído por Paulo Ferreira e Ricardo Carvalho, mais Hilário, mas na SportTV não se ouviu nenhuma crítica aos portugueses. Eu continuo a dizer que são jogadores banais, incluindo Carvalho, apesar dos orgasmos que os jornalistas portugueses têm com ele. E não é que a porra dos resultados têm-me dado razão?

Já o Manchester está a jogar um futebol mais bonito, mais ofensivo e mais fresco. Hoje poupou muitos jogadores e não marcou na primeira parte, mas teve oportunidades para isso. Ao intervalo entrou Ronaldo e cinco minutos depois já tinha marcado dois golos, tal como em Birmingham. O “andorinha” já é o segundo melhor marcador do campeonato dos bifes, com 10 golos, menos dois que Drogba. Com 21 anos já vai na quinta época no futebol sénior, e sempre em crescendo. Em 2002/03, ainda no Sporting, fez 25 jogos e 3 golos, só no campeonato. Depois, no Manchester, tem os seguintes números (só campeonato): 2003/04 - 29 jogos / 4 golos; 2004/05 - 33 jogos / 5 golos; 2005/06 - 33 jogos / 9 golos; 2006/07 - 18 jogos / 10 golos. A isto podemos juntar 43 jogos e 15 golos na selecção, onde já foi vice-campeão europeu e quarto no Mundial.

Nunca vi jogar Eusébio, mas vi alguns resumos na televisão e conheço bem o currículo dele. Para mim, Luís Figo talvez já merecesse o título de melhor jogador português de sempre, pela carreira que tem feito, sempre a alto nível, sempre a titular, sempre nos melhores clubes do mundo. Mas Ronaldo, cuja carreira ainda agora começou, tem tudo para ultrapassar o “pastilhas”. Técnica? Perfeita! Habilidade? Genial! Velocidade? Explosiva! Pé direito? Forte e colocado! Pé esquerdo? Um pouco pior que o direito! Jogo de cabeça? Excelente! Autoconfiança? Interminável! Influência na equipa? Cada vez maior! O que lhe falta, então, para merecer tudo e mais alguma coisa da parte dos portugueses, especialmente da Imprensa? O mesmo que falta a Figo: nunca jogou no Benfica. Por incrível que possa parecer a quem vem de fora, esse handicap é suficiente para não subir o último degrau de reconhecimento que lhe(s) falta. Quem vir a capa de A Bola de hoje, 26 de Dezembro, percebe o que quero dizer. Não é rei, príncipe, maestro, mágico quem quer, nem sequer quem pode, mas sim quem frequenta o sítio certo.

Balanço invernal

Durante muitos anos venderam-me a ideia de que Portugal era um país de clima temperado, com estações do ano agradáveis, se em comparação com muitos outros países. Raros são os fenómenos atmosféricos extremos, como nevões, ciclones e outros. Afinal, descobri este ano que somos um país do norte da Europa, com um clima terrível no Inverno. Foi isso que me ensinou a nossa Liga de Futebol Profissional, ao instituir uma pausa de Inverno na principal competição do nosso futebol. Entre a 14ª e a 15ª jornadas passam exactamente quatro semanas, quase um mês sem campeonato. Acho bem, isto de jogar com neve é muito perigoso.

Agora sem ironia, admito ter-me enganado quando pensei que a redução do número de equipas nos campeonatos profissionais ia trazer melhorias. Nem pensar. Infelizmente o futebol português tem pouquíssimos clubes capazes de garantir competitividade ao mais alto nível. Por isso, ou se fazia um campeonato com 6 ou 8 clubes (e se calhar já eram muitos), ou deixava-se estar nos 18. A qualidade seria a mesma, ou seja, baixa, mas pelo menos teríamos mais quatro jornadas de pé na bola e mais duas cidades na Liga Bine. Seja como for, já é possível fazer um balanço das primeiras 14 jornadas da prova, equipa a equipa:

1º FC Porto, 37 pontos: Como se esperava, o líder incontestável. Tem o orçamento maior e o plantel mais forte e isso tem bastado e deve continuar a bastar para manter a liderança. Se Jesualdo Ferreira é um óptimo treinador é difícil dizer. Com estas condições, difícil seria não ser campeão. Co Adriaanse conquistou os seus primeiros títulos no Dragão e Jesualdo vai conseguir o mesmo. Paulo Bento e Fernando Santos também o conseguiriam, estou certo. Mas o Porto tem mostrado fragilidades, por vezes. A derrota em Braga foi justa e o empate em Alvalade foi lisonjeiro. Das 12 vitórias, cinco foram pela margem mínima e três delas (Benfica, Académica e Nacional) perto do fim. Tal mostra força mental, mas também algumas dificuldades. Helton, Pepe, Lucho, Quaresma e Postiga têm sido das maiores figuras do campeonato e permitem disfarçar algumas deficiências (Bruno Alves, Cech...).

2º Sporting, 32 pontos: Ao nível esperado. Com o orçamento mais baixo dos três grandes e o treinador e o plantel mais inexperientes, o Sporting é o principal candidato ao terceiro lugar. Não brilha muitas vezes, mas joga quase sempre de forma segura, na sequência do que fez na época passada. Empatou com o Porto quando merecia ganhar, mas perdeu bem com o Benfica. Perdeu com o Paços com um golo ilegal, mas devia ter dado a volta facilmente, tantas as oportunidades que criou na segunda parte. Em Aveiro teve o jogo mais ridículo, deixando-se empatar duas vezes nos minutos finais. Esse jogo pode ter sido decisivo na luta pelo título. Nenhum jogador tem brilhado a grande altura (Moutinho tem de ser mais decisivo, senão não vai passar da cepa torta) e as decepções têm sido as do costume (Carlos Martins, Romagnoli e um avançado, este ano é Bueno). O título vai ser difícil e o segundo lugar também, pois a segunda volta será mais complicada que a primeira.

3º Benfica, 29 pontos: Irregularidade a mais. Tem o segundo maior orçamento e um plantel com algumas vedetas, mas não consegue fazer mais que dois jogos seguidos de jeito. Faz lembrar o Sporting dos anos 90. Ninguém sabe qual é o verdadeiro Benfica. O que goleou em Leiria e ganhou em Alvalade ou o que saiu trucidado do Bessa e de Braga. Escusado será dizer que assim não se fazem campeões. Com uma segunda volta mais leve, é bem capaz de ainda garantir o segundo lugar, o que também é difícil dizer se é bom se é mau. Por um lado garante a Liga dos Campeões e é um lugar melhor que na época passada. Por outro é muito mau para quem já devia ser o maior clube do mundo nesta altura. A grande surpresa tem sido Katsouranis, que se integrou de imediato e tem marcado que se farta (era isto que eu pedia aos médios sportinguistas...). De resto, tudo normal: Simão ao seu nível, Nuno Gomes voltou à sua média de golos habitual, Miccoli vai alternando entre relva e enfermaria... Nada de novo.

4º Braga, 24 pontos: Alguma decepção. O Braga nunca partiu com tanta ambição como este ano, com um plantel reforçadíssimo e um treinador que se valesse tanto como as palavras caras que usa estaria no top mundial. Mas desde o início mostrou-se muito irregular, com belas vitórias frente a Porto e Benfica e derrotas claras frente a Sporting e Marítimo, por exemplo. Já está a 13 pontos da liderança, pelo que o desejado título para o Minho terá de esperar. Carvalhal bateu com a porta e Rogério Gonçalves comanda agora um navio depois de apenas ter capitaneado traineiras. Vamos ver como prossegue a campanha bracarense em 2007, com um plantel ainda mais reforçado. Adriano e Edgar estão garantidos.

5º Marítimo, 22 pontos: Salto qualitativo. Depois de um sensaborão 10º lugar na época passada, o Marítimo parece estar de volta às lutas europeias. Não é ainda uma equipa totalmente fiável, como provou na goleada sofrida em casa com o Belenenses, mas nota-se progressão em relação ao ano passado. E, no fundo, é isso que se pede quando se aposta no mesmo treinador. Para já, Ulisses Morais tem justificado a confiança de Alberto João Jardim, perdão, Carlos Pereira.

6º U. Leiria, 21 pontos: Normal. A União de Leiria, dando seguimento às suas excelentes e, aparentemente, até promíscuas relações com o Porto, apostou este ano numa antiga estrela das Antas, Domingos Paciência. Os resultados têm sido positivos, com a equipa do maior estádio do país a apenas um ponto da Europa. A continuar assim, Domingos pode orgulhar-se do seu ano de estreia como treinador de uma equipa profissional.

7º Nacional, 20 pontos: Ainda a tempo. Depois de na época passada ter assegurado uma presença europeia pela segunda vez na sua história, pela mão de Manuel Machado, o Nacional tenta agora não fazer pior. É Carlos Brito que tem a responsabilidade de não defraudar o presidente menos egocêntrico do futebol luso. Para já não vai mal, apenas a dois pontos de um lugar europeu, ocupado pelo rival Marítimo. Promete uma luta interessante para a segunda volta.

8º Naval, 20 pontos: Agradável. Na época passada salvou-se da descida à última hora. Este ano começou o campeonato de forma exemplar e não vacilou muito quando perdeu Rogério Gonçalves para o Braga. Se fizer mais 10/12 pontos garante a permanência e fica livre para fazer uma gracinha na luta pelo 5º lugar. Sem estrelas, mostra que é possível fazer uma equipa competitiva com capacidade de trabalho. Marca poucos golos, mas também não sofre muitos. Só Porto e Sporting têm defesas melhores.

9º Belenenses, 20 pontos: Outra das grandes surpresas. O Belenenses, como toda a gente sabe, devia estar a disputar a Liga de Honra, onde previa um ano de grandes dificuldades. Mas com um plantel limitado e sem avançados de qualidade, está a fazer um campeonato de qualidade, terminando a primeira volta em grande estilo (ou melhor, espero que não, pois ainda vai receber o Sporting na primeira volta). José Pedro tem sido a alma da equipa, a construir e a marcar, e Jorge Jesus mostra que é possível ter qualidade sem saber falar português.

10º P. Ferreira, 18 pontos: Dentro do esperado. O Paços é dos clubes mais previsíveis do futebol português. Luta sempre para não descer, nunca consegue fazer um brilharete. Só resulta com José Mota e José Mota só resulta no Paços. Gosta sempre de lixar o Sporting. Cumprida a tradição, nada mais se exige (e se espera) da equipa da Mata Real.

11º Boavista, 16 pontos: De volta à mediania. Se alguém esperava que o Boavista se tornasse num grande após o título de 2001, enganou-se bem. Se calhar para dar mais emoção à luta com o Belenenses pelo posto de quarto grande, os axadrezados imitam o seu rival: pouco público no estádio, resultados modestos, futebol pouco interessante. Mesmo assim, a seis pontos do 5º lugar, o Boavista ainda pode chegar à Europa. Veremos se consegue, pois Jaime Pacheco parece também já não ter o élan de 2001.

12º E. Amadora, 15 pontos: Porreiro. Normalmente não tenho grande simpatia pelo Estrela, mas este ano é excepção. Depois do excelente 9º lugar da época passada, este ano a tarefa era mais complicada. Para além de ter de jogar fora os jogos em casa, o Estrela apresentou um treinador novo. Acompanho a carreira de Daúto Faquirá há uns anos e simpatizo com ele. No entanto, sempre foi alvo de um certo escárnio, não sei se pelo nome exótico, se por ser preto, se por ambos os dois... Mas já tinha mostrado competência no Sintrense, no Odivelas, no Barreirense e no Estoril, pelo que a oportunidade é merecida. Começou muito mal, mas começou a ganhar pontos discretamente e neste momento já tem quase o dobro dos dois últimos.

13º Académica, 13 pontos: Decepção. A Académica é hoje um clube de boa capacidade de investimento e que não tem hesitado em fazê-lo. Já era tempo da Briosa regressar às lutas europeias, mas continua agarrada à segunda metade da tabela. Com um treinador de provas dadas, Manuel Machado, tem sido uma desilusão. A segunda volta só pode ser melhor.

14º V. Setúbal, 9 pontos: De esperar. Depois de duas épocas muito boas o Vitória regressa à sua realidade actual. Sem conseguir segurar os melhores jogadores, resta apenas lutar para não descer. Quando o plantel é limitado, resta a atitude para tentar alcançar melhores resultados. Mas o Vitória, com uma cultura de futebol bonito, não tem jogadores comedores de relva. Se a permanência acontecer, a capela do Senhor do Bonfim vai encher, bem mais do que tem acontecido no estádio, cada vez mais frio e abandonado.

15º Aves, 8 pontos: Sem nível. Neca voltou a trazer o Aves para a I Liga e, provavelmente, vai levá-lo de volta para a II. Com um plantel fraco, um futebol defensivo, mas nem por isso eficaz, quase sem adeptos, o Aves é daqueles clubes que não faz falta nenhuma ao escalão principal. Há outros, é certo.

16º Beira-Mar, 8 pontos: Inesperado. Com vedetas como Jardel e Danrlei e um treinador campeão como Inácio, esperava-se, no mínimo, um campeonato tranquilo. Mas uma única vitória em 14 jogos mostra que algo vai mal para os lados da ria. É outro clube a viver acima das possibilidades, com um estádio gigantesco e jogadores com nome, mas sem rendimento. Saiu Inácio para o último da liga grega (aqui se vê como a qualidade de vida em Portugal é grande), chegou Carvalhal, mas a incapacidade continuou. Mas não seria de admirar que conseguisse a manutenção, até porque parece uma equipa melhor que Setúbal e Aves.

24 dezembro, 2006

O Pai Natal é de Braga













Maciel, Marcel, João Pinto, Zé Carlos e Césinha constituem um ataque de grande qualidade, como já se pôde ver nesta primeira metade da Liga BWIN. Qualquer um deles, em boa forma, tem lugar no 11 titular de um dos 3 grandes. Se Maciel e JVP já foram, em tempos, essenciais num clube de topo do futebol português, Marcel falhou incompreensivelmente no Benfica( e fica a sensação de teria capacidade para singrar facilmente se lhe tivessem dado mais tempo...) e Zé Carlos parece-me claramente melhor que Fonseca e Bueno.
O Natal é uma época de alegria, principalmente para Rogério Gonçalves. Ao que tudo indica, Adriano chega em Janeiro. O clube da cidade dos arcebispos contará ainda com um ponta-de-lança de 19 anos, internacional brasileiro de sub-20. Edgar notabilizou-se ao serviço do Joinville, representava o São Paulo e foi campeão no ano transacto, apesar das poucas oportunidades para se mostrar.
A quantidade e qualidade do plantel do Braga deve assustar Sporting e Benfica, principalmente. Com este enorme rol de profissionais com virtuosismo reconhecido, os jogos da UEFA não devem fazer o Braga claudicar nas competições internas. É impossível não destacar a competência da direcção de António Salvador na prospecção dos talentos disponíveis no mercado. Com o melhor ataque da Liga, esta equipa promete...

23 dezembro, 2006

Bom Natal e Feliz Ano Novo

A Malta da Tropa deseja aos seus leitores e não só, um santo Natal e um Próspero Ano Novo.
Que o menino Jesus vos traga muitas prendas.


Para 2007 apenas queremos um "Mundinho" melhor.

22 dezembro, 2006

Guinness?

Com o Benfica-Belenenses de ontem, terminou a primeira volta para os três grandes, no que respeita a jogos em casa. E há um dado muito relevante: as médias de assistências de FC Porto, Sporting e Benfica estão de acordo com a sua classificação. O que não deixa de ser surpreendente, visto que ao entrar no Guinness por ter mais sócios que qualquer outro clube do mundo, pensei que a Instituição não iria dar hipótese neste aspecto. Será que a malta gosta mais de hambúrgueres do McDonald (ou de outra das promoções que o kit garantia) do que de futebol?

Vamos aos números:

FC Porto:
- U. Leiria 40.728
- Beira-Mar 31.423
- Marítimo 33.023
- Benfica 50.223
- Académica 30.207
- Boavista 38.729
- P. Ferreira 38.203

Sporting:
- Boavista 34.330
- P. Ferreira 35.116
- U. Leiria 30.406
- FC Porto 37.136
- Braga 29.511
- Benfica 44.042
- Académica 41.411

Benfica:
- Belenenses 42.306
- Nacional 36.590
- Aves 32.079
- E. Amadora 26.084
- Beira-Mar 37.065
- Marítimo 34.377
- V. Setúbal 30.767

Médias:
- FC Porto 37.505
- Sporting 35.993
- Benfica 34.181

O que se pode dizer sobre isto? Em primeiro lugar, que estes números ainda se podem alterar, e o Benfica é que pode ganhar mais com isso. Porquê? Porque os encarnados são os únicos que ainda recebem os dois rivais em casa, enquanto o FC Porto ainda recebe o Sporting e os leões já não têm mais nenhum clássico em Alvalade. No entanto, se o Benfica continuar com este atraso em relação ao líder, ou até aumentá-lo, nada garante que esses jogos terão casa cheia.

Até agora, o FCP já conseguiu passar uma vez das 50 mil pessoas, outra das 40 mil e nunca baixou das 30 mil. O SCP passou duas vezes das 40 mil e baixou uma vez das 30 mil, mas pouco. Já o SLB apenas uma vez passou das 40 mil (ontem, no derby com o Belenenses) e uma vez baixou das 30 mil, de forma significativa.

Isto leva-me a confirmar o que já suspeitava. O número recorde de sócios não é uma coisa consistente e não me parece que vá ser o início da subida a melhor clube do mundo. Claro que é melhor ter 160 mil sócios do que 80 mil (acho que este é o número do Sporting). Mas em que condições? Por um lado, como é sabido, os sócios têm um papel e uma importância diferentes nos vários países. Ser sócio em Inglaterra ou na Alemanha não é tão importante como em Portugal ou em Espanha. Depois, não me lembro de algum clube, daqueles que “perseguem” o Benfica nesse ranking, alguma vez terem feito uma campanha tão agressiva e tão cheia de vantagens para os sócios. Nem o FC Porto e o Sporting. Recordo-me que, talvez há uns 10 anos, o Vitória fez uma campanha arrojada, ao enviar uma proposta de sócio para cada habitação de Setúbal. Muita gente seguiu então o impulso de se tornar sócia. Mas não passou muito tempo até o número começar a afundar outra vez. Algo me diz que, se o Orelhas não continuar a ir impingir o kit a todas as partes do mundo, o mesmo vai acabar por acontecer no Benfica.

Como aproveito todas as oportunidades para promover o meu glorioso Eintracht Frankfurt, faço aqui a comparação. O Eintracht, que fica situado numa cidade de dimensão média, com cerca de 650 mil habitantes, dos quais cerca de 25% são estrangeiros, tinha, no início desta época, 10.100 sócios. No entanto, a média de assistências é, até agora, de 46.781 espectadores por jogo, num estádio que leva 51.000. E ainda falta receber o Bayern, o Schalke, o rival Mainz e alguns outros adversários interessantes. Em termos financeiros e de apoio à equipa, o que é melhor? Ter “bueda” sócios e só meia-dúzia deles irem ao estádio? Ou ter poucos e ter o estádio sempre cheio? O Guinness que responda.

A propósito, a foto que ilustra este artigo é da bancada onde fica a claque do Eintracht, no jogo de terça-feira frente ao Colónia. Foi um jogo dos oitavos-de-final da Taça, entre o 10º da Bundesliga e o 10º da II Bundesliga. Estavam 50.700 espectadores, incluíndo 6.000 do Colónia. E não me venham com a treta da melhor qualidade de vida. Eles gostam é mais de futebol, e do seu clube, do que nós, essa é que é essa.

21 dezembro, 2006

"Buenas" Festas

Não é normal eu fazer isto, mas esta tem piada.
Pah hoje é dia de festa, até o Kikin marcou...

Cortesia do Futebloguês

20 dezembro, 2006

Os 10 mais de 2006

10º Lugar - Ivan Basso
No ano negro do ciclismo o italiano venceu com cerca de 10 minutos de vantagem o exigente Giro. Sem rival à altura passeou classe pelas ruas da bela Itália.
Acabou por ser afastado do Tour poucas horas antes da partida devido à operação Puerto. Foi a pior Volta a França dos últimos anos, sendo os amantes da modalidade privados de assistir ao muito antecipado duelo entre Ulrich e Basso
Como nada ficou provado é digno de figurar no nosso Top 10.
Em 2007 vai correr pela Discovery Channel, apostando tudo na dobradinha (Giro e Tour).

9º Lugar - Ronaldinho Gaúcho
Nós não esquecemos os primeiros 6 meses do ano, onde Ronaldinho de Assis foi dono e senhor do jogo.
Por momentos questionei-me se não estaria na presença do melhor jogador de todos os tempos.
Foi campeão espanhol, campeão europeu de clubes e vencedor da taça das Confederações com o Brasil.
Já bastante fatigado por uma época deveras exigente falhou no campeonato Mundo e os incautos não lhe perdoaram.
Parece a pouco e pouco estar a voltar á sua boa forma.
Adversários tremei!

8º Lugar - Paul Gasol
Depois de uma época de sucesso onde levou Memphis pela 1ª vez aos playoff, Gasol foi o heroi na conquista do título mundial por parte de nuestros hermanos.
Melhor marcador da competição acabou por falhar a final devido a uma maldita lesão no pé.
Os colegas redobraram esforços e acabaram por lhe dedicar a vitória esmagando a Grécia.
Ficou uma vez mais patente que não basta aos Estados Unidos enviaram uma selecção de jogadores da NBA. É preciso recrutar os melhores e mesmo assim...

7º Lugar - Nicky Hayden
Apesar de não "ir à bola" com o motociclismo, Hayden é presença imperativa na nossa lista.
O simples facto de interromper a série de 5 títulos mundiais por parte de Valentino Rossi é merecedor de honras militaristas.
Como não domino modalidade, nem tenho carta de moto, nem de lambreta, vou estabelecer paralelismos com o feito do norte-americano.
Imaginem o que seria se alguém impedisse o Lyon de se tornar hexa-campeão francês?
E que tal recuar no tempo e recordar Beto "tenho cara de tio" Acosta e Cª, quando impediram o nosso Porto de vencer o campeonato pela 6ª vez? Está certo que o treinador era um tal de Fernando Santos, mas a proeza é digna de registo.

6º Lugar - Semmy Shilt
Em 2006, o gigante holandÊs (2,12 mts) conquistou o título mundial de K1 pela 2ª vez consecutiva.
Quando, no ano passado, Semmy venceu no TokyoDome, a Malta da Tropa preveu que seria bastante difícil num futuro próximo surgir alguém capaz de ombrear com este antigo praticante de karaté. Estávamos certos.
Quem vence numa noite Jerome Le Banner, Ernesto Hoost e Peter Aerts só pode ser um grande atleta.
Se cá estivermos para o ano ( o Diabo seja cego, surdo e mudo), Semmy Schilt será novamente parte integrante deste top 10.

5 º Lugar - Fernando Alonso
Outro campeão mundial que confirmou o título conquistado no ano anterior.
Se no ano passado ficou a ideia de escassez de competição valorosa, em 2006 o asturiano teve que "lutar" contra aquele que é tido como o melhor piloto de todos os tempos.
David venceu Golias e o alemão teve que se retirar do grande circo com o vice-campeonato.
Para o ano irá correr na Mclaren adivinhando-se dias difíceis para a Renault e Ferrari.
Será que o record de "Schumi" está ameaçado?

4 º Lugar - Jeremy Wariner
Confirmou o domínio nos 400 metros planos, dividindo o Jackpot da Liga Dourada com o também congratulado Asafa Powell e Sandra Richards
Já há algumas épocas que permanece invicto na especialidade, pelo que este "prémio" é um reconhecimento justíssimo da nossa parte. Talvez peque por não estar nos 3 primeiros, mas falta o record mundial.
Talvez em 2007 o sucessor de Michael Johnson seja o primeiro da lista.

3º Lugar - Fabio Cannavarro
Sob pena de perdermos o estatuto de utilidade publica para a representação do futebol no exército, marinha e afins, somos obrigados a colocar Cannavarro no Top 3.
Não entendo o que fez Fábio de tão transcendente para vencer a bola de ouro da France Football e ganhar o prémio para melhor jogador mundial da FIFA.
Foi decisivo no mundial mas terá sido assim tanto? Buffon, Grosso, Pirlo e tantos outros "azurri" também o foram
Podemos comparar Fabio Canavarro aos grandes deuses do estádio?
Muito sinceramente nem o considero o melhor central da actualidade, quanto mais o melhor jogador do Mundo?

2º Lugar - Dwayne Wade
Quando os Mavs fizeram 2-0 a tarefa dos Heat afigurava-se como hercúlea. Só por duas vezes uma equipa, recuperou na final após perder as 2 primeiras partidas.
Com Shaq O'Neil longe do fulgor de outrora o jovem Dwayne Wade chamou a si a responsabilidade operando uma fantástica reviravolta nas séries.
Ficam na retina as grandes jogadas e os duelos tremendos com Lebron James e Dirk Nowitzki.
Não se pode comparar com Michael Jordan, Magic ou Larry Bird, mas é o melhor jogador da actualidade.

1º Lugar - Asafa Powell
No ano em que Francis foi o rei da velocidade na Europa, os 100 metros foram dominados a nível mundial por 2 senhores, Justin Gatlin e Asafa Powell.
Com Gatlin a evitar sistematicamente o jamaicano, os 2 permaneceram invictos durante grande parte da época.
Powell mostrava ser mais forte igualando o record mundial do norte-americano com o tempo de 9,77 s.
Depois veio a "bomba"!
Justin Gatlin acusou positivo pela 2ª vez na sua carreira sendo banido do atletismo. Mais um escândalo no desporto mundial!
2006 foi o ano do Calcio Caos, da Operação Puerto, do caso Veiga" e do famigerado livro de Carolina Salgado.
Asafa Powell por tudo o que fez e por se ter mantido "limpo" merece encabeçar a nossa lista.
Faltam os títulos mundiais e olímpicos mas é uma questão de tempo.

14 dezembro, 2006

Recordar é Viver

Para recordar, uma grande equipa do Benfica, época 1982-83.
Estes jamais empatariam na Figueira da Foz. Estes foram campeões nacionais.
Não havia lugar para jogadores de qualidade duvidosa (Beto, Fonseca, Karagounis, Miguelito, Manu...), a classe e a mística abundavam no plantel e, claro, o bigode.
Partindo do princípio que Shéu tinha bigode, o onze encarnado era composto por 8 bigodões, um sueco, Nené e Diamantino.
Em cima: Shéu, Nené, Humberto Coelho, Bastos Lopes, Stomberg e Bento
Em baixo: Pietra, Veloso, Diamantino, Fernando Albino Chalana e Carlos Manuel.

O treinador era um gentleman, agora convertido em polémico pervertido, danado para a brincadeira, Sven Goran Erickson.

Continuando no romantismo dos anos 80, pedimos a foto seguinte ao amigo do Benfica Imagens Retro, blog mui nobre do qual sou leitor assíduo. É a visita do Benfica ao terreno do Amora.
A última vez que os encarnados pisaram um pelado foi em finais dos anos 80 numa eliminatória da Taça de Portugal, contra o Cartaxo (colectividade merecedora de 4 ou 5 posts).
Empatámos 0-0 lá e vencemos na Luz por 4-0.
Em cima: Bento, Nené, César, António Bastos Lopes, Frederico Rosa, Alberto Bastos Lopes
Em baixo: João Alves, Shéu, Carlos Manuel, Nando Chalana e Pietra

12 dezembro, 2006

Dinheiro há muito, seu palerma!


Notícias fresquinhas vindas do México dão conta de uma operação algo invulgar no nosso futebol: o Benfica está interessado na compra do passe do extremo-esquerdo do Atlas, Guardado, por 4 milhões de euros, para o emprestar, de seguida, ao Braga. O dirigentes da cidade dos Arcebispos foram pioneiros nesta recente abordagem ao jogador, mas o fraco poder económico do clube não lhes permite fechar negócio sem ajuda financeira. O processo seria financiado pela venda de Simão ao Atlético de Madrid, por 10 milhões de euros.
Para além disso, Luis Filipe Vieira negoceia ainda a compra dos Tiburones Rojos, um clube do meio da tabela do campeonato azteca, com a ajuda do MSI. O presidente do Braga acompanhou-o também nestas negociações, uma vez que é dono de uma empresa de construção civil que pode vir a ser hipótese para assumir a responsabilidade da construção do novo estádio deste emblema mexicano. O intermediário é, nesta fase, o agente de Fonseca.

1 - Será que o sucesso de Kikin Fonseca em território português entusiasmou LFV para a aposta no mercado mexicano?

2 - Supondo que o Benfica não nada em dinheiro, uma vez que o seu orçamento para transferências é apenas 25% superior ao do Sporting(que, como se sabe, só compra a custo zero ou por empréstimo), para quê fazer um investimento tão avultado que só poderá trazer benefícios a longo-prazo, como a compra do jovem Guardado, quando é uma prioridade reforçar o plantel para que o clube possa competir nas 3 frentes?

3 - O que ganha o Benfica com a compra de um clube mexicano de médio-baixo nível?

4 - Porque não é este dinheiro usado para diminuir o fosso que existe, em termos de formação, entre o Benfica e os seus rivais?

5 - Que contrapartidas exigem os investidores do MSI? Mais passes de actuais jogadores do Benfica?

6 - Luis Filipe Vieira "tirou" Simão de um avião porque o Liverpool só dava 15 milhões. Ao que parece, 18 milhões uns meses depois também não chegaram para o homem de Alverca ceder. Ainda nem estamos em época de saldos e já se fala em apenas 10 milhões. Será isto salvaguardar os interesses do Benfica?

7 - Existem empresas de construção civil neste país da América do Norte?


11 dezembro, 2006

Fernando Santos, Leonel e Constantino

Na boa senda dos posts que fizeram a face do blog nos seus primórdios, convido-vos a recordar mais 3 militaristas do passado futebolístico lusitano.
Começamos com o homem, o engenheiro, Fernando Santos.
Na foto, o visual intemporal do actual treinador do Benfica contraste com o"look" à 80´s de Minervino Pietra.
O encontro terminou com uma igualdade a uma bola, tendo os canarinhos empatado a sensivelmente 15 minutos do final por intermédio, salvo erro, de José Pedro.
Apesar de na altura ser um miúdo de 6 anos, recordo-me de ouvir o senhor meu pai soltar um sempre pós moderno "foda-se" quando os da Amoreira marcaram.
Não era normal o Benfica perder pontos, muito menos em casa.
Graças a Deus, acabámos por vencer o campeonato... o último bi-campeonato.

Em 2º lugar, mais um homem que não conhecemos de lado nenhum. Seu nome Leonel, defesa penafidelense no início da década de 80.
28 anos, que mais parecem 48, bigode lusitano e uma farta cabeleira encaracolada em clara profecia a Carlito Caribbean Cool, lutador da WWE.
De realçar o pelado do 25 de Abril. Belos tempos, onde Miguel Garcia jamais simularia uma grande penalidade.
Concluímos com o abnegado Constantino, também conhecido por "matador de Leça da Palmeira". O ponta de lança era a figura de proa numa equipa que continha Vladan, Serifo, Zé da Rocha, Cao e tantos outros.
Presença constante nos lugares cimeiros da lista dos melhores marcadores, viria a eclipsar-se quando abandonou o clube em busca de mais altos voos.
Tal como Hassan Nader só marcava ao serviço do Farense, Constantino sentia-se como peixe na água no Leça.

10 dezembro, 2006

Mudam-se os tempos...


Longe vai o tempo em que o Bonfim era problemático para um grande. Vitores Baptistas, Aparícios, Chiquinhos Condes, Yekinis e Kasumovs não tiveram sucessores à altura, acumulando-se actualmente jogadores que, apesar de algum talento, são jovens que não têm uma estrutura sólida, que permita integrá-los da melhor maneira. Amuneke, Varela e Mbamba parecem ser as únicas opções válidas para o ataque, tendo em conta aquilo que Mário Carlos e Lourenço têm vindo a revelar. Mas, quando estes não jogam bem, como é possível fazer uma chamada de atenção?! Não existem alternativas! Os miúdos da equipa B também são lançados às feras, na esperança de que tenham algum rasgo no meio daquela barafunda…
O Vitória foi, assim, o adversário ideal para a ressaca da série de derrotas mais traumatizante da era Paulo Bento. Apesar disso, acho que é inegável que o Sporting jogou melhor do que nos últimos 5/6 jogos. O 2º golo nasce num trabalho perfeito de Liedson, que pareceu o Levezinho de 2004/2005 durante os 90 minutos, com o Nani versão “inicio de época” a confirmar que queria mesmo fazer um grande jogo. Notou-se maior consistência defensiva com Caneira na direita e um Bueno que, apesar de se esforçar, ainda não aprendeu que, no futebol europeu, é preciso fugir às marcações para tocar na bola mais vezes.
Toni montou uma estratégia com 3 centrais e não teve sorte: os primeiros dois golos do Sporting nascem graças à falta de pressão sobre João Moutinho, na esquerda, e sobre Nani, no lado direito. Por aqui se construiu a vitória leonina. Nelson viu-se sozinho com Liedson à frente no primeiro golo e estava tapado por um defesa sadino no 2º, sendo difícil efectuar uma defesa em qualquer um dos casos. Amuneke, um dos jogadores do Vitória com futebol mais práctico, foi dos únicos a criar relativo perigo, normalmente apoiado pelo esforçado La Paglia. Mbamba e Varela foram ainda mais inconsequentes, apesar do segundo ter estado mais em jogo.
Nota negativa para o baixo número de espectadores no estádio. Um jogo à tarde evitaria o frio brutal que se fez sentir num estádio arcaico, bem como preços mais razoáveis (25 euros para uma lateral é um roubo enorme num jogo destes) facilitariam a melhoria de um cenário que não chega aos calcanhares daquele que era o Bonfim há 20 anos atrás. Nota ainda mais negativa para Juve Leo, uma nódoa para um clube que se diz diferente. Consolidando a sua condição de energúmenos, provocaram os adeptos do Vitória recorrendo ao insulto gratuito, numa altura em que ganhavam por 3-0(não é que tivessem desculpa se não tivessem a ganhar, mas o contexto ainda torna a sua atitude mais absurda). Responderam bem os sadinos, com os cânticos "Spartak!".
O Sporting encontrou um trampolim para a recuperação e resta saber se a equipa conseguirá fazer um campeonato regular, esperando pelos deslizes (que não deverão ser muitos) do Porto. Já o Vitória vai à Luz na próxima semana com a vontade de acabar o ano fora da linha de água. Mas a esta equipa falta muito mais que vontade…

07 dezembro, 2006

A Grande Arbitrgem Portuguesa

Num qualquer blog li um post e acho que bem merece ser publicado neste local de pós-modernismo da blogosfera... Afinal estamos perante um pré-destinado para a arbitragem e, pelos vistos, para a Língua Portuguesa!

Extracto do relatório do árbitro Carlos Xistra relativo à apresentação do cartão amarelo ao jogador Micolli do Benfica:«O jogador da equipa visitada, Micolli, desmandou-se em velocidade tentando desobstruir-se no intuito de desfeitear o guarda-redes visitante. Um adversário à ilharga procurou desisolá-lo, desacelerando-o com auxílio à utilização indevida dos membros superiores, o que conseguiu. O jogador Micolli procurou destravar-se com recurso a movimentos tendentes à prosecução de uma situação de desaperto mas o adversário não o desagarrava. Quando finalmente atingiu o desimpedimento desenlargando-se, destemperou-se e tentou tirar desforço, amandando-lhe o membro superior direito à zona do externo, felizmente desacertando-lhe. Derivado a esta atitude, demonstrei-lhe a cartolina correspectiva».

05 dezembro, 2006

Semmy Schilt Bi-Campeão de K1

O ano passado fizemos a antevisão e estivemos lá.
Este ano a crise obrigou-nos a conter despesas pelo que não fomos ao Tokyo Dome para ver a vitória de Semmy Schilt na Final do Grande Prémio de K1.
O colosso holandês (2,12 mts) derrotou sempre por decisão unânime 3 históricos, o francês Le Banner e os compatriotas Ernesto Hoost (4 vezes campeão) e PeterAerts (3 vezes campeão).
Foi a 11ª vez em 13 edições que o título foi para a Holanda.
Desejamos do fundo do coração que Semmy acerte uma das suas célebres joelhadas bem na tromba de Rio Ferdinand.
Talvez sob o efeito do pó branco (facto que já levou à sua punição) o defesa central do United disse que perder contra o Benfica seria um crime.
A juntar aos problemas acima referidos Ferdinand já conta com 1 crime no seu Curriculun.
Será que o rapaz tem memória curta?
Não quero dizer com isto que o Benfica vai vencer, longe disso, mas devemos respeitar os adversários.
Simplesmente lamentável.

04 dezembro, 2006

The Special Joke

Que José Mourinho é o melhor treinador português e um dos melhores do mundo não é novidade para ninguém. Mas o Special One está a tornar-se igualmente numa figura de anedotário, devido às constantes queixas que faz publicamente, ao bom estilo “contra tudo e contra todos”. A última polémica surgiu este fim-de-semana e teve a ver com o adiamento do jogo com o Newcastle. Tudo porque as regras dizem que entre um jogo europeu e um da Premier League têm de mediar pelo menos 72 horas. Se o Newcastle jogou na quinta-feira com o Eintracht Frankfurt para a Taça UEFA e o Chelsea joga terça-feira com o Levski Sófia para a Liga dos Campeões, torna-se óbvio que seria impossível as equipas terem-se defrontado neste fim-de-semana.

Em seguida transcrevo um texto satírico sobre Mourinho, à maneira do “Inimigo Público”, que mostra que o sadino cada vez vai encontrando mais dificuldades para ser levado a sério. Foi publicado na edição de Dezembro da excelente revista “When Saturday Comes” (autodenominada “The Half Decent Football Magazine”) e é da autoria de Brian Powell. Colocados estes dados relevantes, para não ser processado, aqui vai o texto, na versão original:

Mourinho Fury At “Conspiracy”

Other teams deliberately “trying to beat” champions

Chelsea Supremo Jose Mourinho has launched a fierce attack on forces inside football he believes are staging a premeditated vendetta against is team. The Blues chief is furious at recent moves by other teams to “beat” his star-studded side - often by openly attempting to score more goals than the double title-winning Stamford Bridge outfit.

“We have seen this at Chelsea many times,” muttered the brooding Portuguese. “It wasn’t so bad last season, most teams allowed us to beat them quite easily. But this year we have felt the other side wants to defeat us every time we step on to the pitch.”

Mourinho had a message for people inside the game who believe the Chelsea boss is developing a tedious new motivational technique based around giving TV interviews slightly too close to the camera and whispering phrases like “what can I do?” and “you tell me what the truth is” while raising his eyebrows mysteriously.

“People say we are paranoid and I say to them - look at the facts. I have seen players from other teams come to Chelsea and not only score goals but celebrate them. I’ve seen visiting managers urging their teams on from the touchline. You try telling me these people don’t want to beat us. This is no accident.”

Worryingly for the Stamford Bridge hierarchy, the problem is not limited to the Premiership. Mourinho says he has been amazed to see players in the Champions League attacking the Chelsea goal, while simultaneously “defending” their own penalty area. “It’s as though they didn’t want us to be crowned Europe’s top club at all,” blasted the Blues supreme.

Sensationally, the former Porto chief believes the anti-Chelsea conspiracy has even spread beyond the field of play.

“I can give you more examples,” he said, opening is eyes wide in a slightly creepy way. “Last week we have to put the clocks back one hour. One whole hour in the week that Chelsea travel to Barcelona. Just Chelsea, no other team. You must ask yourself how this could happen in this country.”

“Every day is something different. This week I had a telephone call saying I may have already won a holiday in Florida. After two hours on hold listening to the Bee Gees singing How Deep Is Your Love, what is the truth? They give me a voucher for a free beauty treatment on any all-inclusive hotel away weekend break. Does this happen to Arsenal? To Manchester United? You must ask them. Is this justice? I can’t say. You tell me.”

02 dezembro, 2006

Grupo de rapazinhos

E a minha brilhante série em derbies continua. Assisti ao vivo ao sétimo Sporting-Benfica da minha vida e a desgraça não tem fim: 7 jogos, 1 empate e 6 derrotas. E a taxa de insucesso só não é de 100% porque em 2001/02, aos 90 minutos, o grande Armando Sá resolveu cortar com a mão uma bola que ia sair pela linha de fundo e permitiu a Jardel empatar, de penalty.

Em relação à exibição do Sporting esta noite, ajusta-se o epíteto de Luís Filipe Orelha: um grupo de rapazinhos. Se no final dos anos 80 e início dos anos 90 eu admitia as derrotas frente ao Benfica com algum conformismo, devido à clara superioridade dos plantéis lampiões de então, já as derrotas sofridas nos últimos 10/12 anos custam muito mais a engolir, precisamente devido à falta de qualidade por que se têm pautado as equipas benfiquistas neste período. Penso mesmo que se trata de um caso psiquiátrico, já que não há outra forma de explicar o complexo que atinge os jogadores verde-e-brancos quando jogam com este adversário, ao passo que equipas à partida mais fracas o vencem com uma perna às costas (Boavista, Braga, Celtic, só este ano). Recordo-me ainda de outras derrotas: 1-4 em 97/98, frente ao Benfica de Souness, Deane, Saunders e Cia; 0-1 em 99/2000, no que podia ser o jogo do título; 0-3 na Luz em 2000/01, ano em que o Benfica foi 6º; 0-1 em 2003/04, quando bastava o empate para irmos à Liga dos Campeões. Não há explicação.

Quanto ao jogo desta noite, a explicação é simples. Paulo Bento queria controlar o jogo todo, mas o Sporting não esteve em campo nos primeiros dois minutos. Neles criou o Benfica metade das suas ocasiões de golo; na segunda marcou. Depois o Sporting atacou mais, teve mais hipóteses para criar perigo, mas falhou sempre, ao passo que o Benfica só lá foi mais três vezes: uma deu golo, outra uma bola na trave, outra ainda um livre perigoso. Na segunda parte os encarnados abdicaram de atacar, excepto nos minutos finais, enquanto o Sporting fez o jogo que mais convinha ao rival. Algumas notas individuais: Quim desta vez esteve melhor que Ricardo; Miguel Garcia voltou a mostrar a sua falta de categoria; os centrais estiveram muito inseguros; Nani tem de limpar a cabeça, pois julga-se o maior e continua a sua péssima série de jogos; Moutinho tem de escolher se quer ser um jogador pendular ou um jogador decisivo (recordo que no último jogo do Chelsea, o comentador da SportTV passou o tempo todo a criticar a actuação de Ballack, mas o alemão resolveu o jogo); Bueno foi o avançado mais perigoso do Sporting, o que mostra bem o momento de Liedson. O árbitro podia ter estado quase perfeito; bastava-lhe não pactuar com o anti-jogo e as fitas do Benfica, mostrando 2 ou 3 amarelos (Quim abusou) e dando mais 1 ou 2 minutos de compensação em cada parte. Não devia alterar nada, mas sempre acalmava mais a mole sportinguista. Mas continua a não haver vontade para acabar com isto, o que importa sermos dos futebóis com menos tempo útil de jogo?

Como já escreveu Gilberto Mandamil, Paulo Bento precisa de começar a pensar num esquema alternativo de jogo. Por muito bom que este 4x4x2 seja, há sempre momentos em que não basta trocar as pedras para as coisas melhorarem. Por vezes é mesmo preciso mudar o sistema. E restam poucas dúvidas de que a alternativa é o 4x3x3. Mas para isso era preciso ter extremos no plantel. Se em vez de nove médios tivéssemos sete e dois extremos se calhar o plantel ficaria mais equilibrado.

No fim do jogo ouvi algumas vozes contra Paulo Bento. Por mim, continuo a ser um acérrimo defensor do Risca ao Meio. Tem cometido alguns erros, é certo, mas ainda penso que é o homem certo. Por um lado, gosto do discurso dele. Por outro, é certo que, com ele, o Sporting nunca teve uma grande série de maus resultados, ao contrário do que aconteceu com os antecessores. Mostra que ele sabe recuperar a equipa. Por último, não quero vê-lo sair pela porta pequena e quando der por isso estar ele a treinar o Benfica ou o Porto, com sucesso, que, acredito, vai ter mais cedo ou mais tarde.

Uma das diferenças entre o Sporting e os seus rivais, e penso que decisiva, tem mesmo a ver com treinadores. Ao contrário de Benfica e Porto, o Sporting nunca teve um treinador que tivesse marcado profundamente o clube. Nenhum Béla Gutmann, nenhum Otto Glória, nenhum Pedroto, nenhum Mourinho. Talvez essa instabilidade explique o menor sucesso leonino em relação aos rivais. Por exemplo, quantos sportinguistas saberão qual é o treinador com mais títulos de campeão pelo clube? Será que toda a gente conhece Randolph Galloway, tricampeão entre 1951 e 53? Tirando ele, houve dois que bisaram, Josef Szabo em 41 e 44 e Cândido de Oliveira em 48 e 49. Outros nomes ficaram na memória, como Allison, Inácio ou Bölöni, mas nenhum deles teve sucesso consistente. Por isso, que tal deixarmos Paulo Bento ter a oportunidade de ser o nosso Alex Ferguson? Eu sei que Filipe Soares Franco já disse isso, mas sabe-se a facilidade com que os dirigentes mudam de teorias. E se a Juve Leo já impediu um tal de vir, pode bem ter poder para mandar este embora. Espero que não, continuo convicto de que Paulo Bento tem “qualquer coisa” que o recomenda.